O site Salvador Negro Amor publicou:
Quatro candidatos negros poderão disputar prefeitura de Salvador em 2008
A corrida eleitoral deste ano pela prefeitura de Salvador poderá contar com representantes que vão levar as discussões étnicas para os palanques. Na semana passada, nada mais do que quatro políticos envolvidos com a militância negra lançaram suas pré-candidaturas à vaga no Palácio Thomé de Souza. “Salvador tem 80% de afrodescendentes e é natural que a agenda da questão racial também seja refletida na política”, declara Luís Alberto, pré-candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Primeiro prefeito negro da capital baiana, Edvaldo Brito assumiu a prefeitura em agosto de 1978 e governou a cidade por sete meses. Em 1985 tentou a voltar ao cargo, mas perdeu a disputa para Mário Kértesz. Este ano, Brito deverá disputar a eleição municipal pela terceira vez, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas desde já fica claro o distanciamento do pré-candidato da questão racial. “Ao disputar um cargo executivo, o candidato deve representar toda a cidade e não só o movimento negro”, afirmou.
Uma das fundadoras da União dos Negros pela Igualdade (Unegro), Olívia Santana também participa das primeiras negociações em torno de sua candidatura pelo Partido Comunista do Brasil (PCB). Ela tem o apoio do companheiro de luta na militância negra, Luiz Carlos França, também pré-candidato pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSL). Para Ney Castro, militante político, “é importante que exista uma representação e engajamento na luta de classes que se trava na cidade. O fato do candidato ser negro só reforça esta posição do partido”, concluiu.
http://www.salvadornegroamor.org.br/main/noticias/default.jsp?CId=1334
Evidente que os militantes mais experientes sabiam que esse fato não ocorreria porque os pretos e pretas em Salvador não dominam os grupos políticos, apesar de ser um paradoxo a maioria étnica não decidir o seu próprio destino.
Salvador é denominada de “Capital da Alegria" e "Roma Negra” por ser um referencial em possuir as mais importantes manifestações culturais africanas, de ter majoritariamente uma população de 90% de descendentes de africanos: a cidade mais preta do Brasil.
A afirmação étnico-racial da população se mistura paradoxalmente na concepção cosmopolita nas posições hierárquicas de poder político, onde as esperanças populares se colocam sem as preocupações étnicas como se vivêssemos em uma democracia racial.
Não é mais possível disfarçar o obvio, mesmo os militantes pretos mais calmos e integracionistas considerados pelo poder como os mais razoáveis hão de concordar que o movimento negro não é harmônico, coerente e consistente.
A verdadeira razão de não ocorrer oportunidades de se criar um víeis político libertário e panafricanista é a prática liberal centrada na incapacidade ou falta de vontade de viver o coletivo, ao contrário de se desejar a procura de benesses pessoais.
Há muito se fala em um projeto político para o povo preto como se organizar um projeto houvesse a exclusão da população, não se falam em projeto sem se consultar os interessados, sem ouvir os que vão apoiar e viver o projeto.
Discutir Poder para o Povo Preto é a frase mais usada pela juventude preta afrocentrada que em uma parcela coloca em dúvida as lideranças antigas repetidoras dos discursos da década de 70 e 80 do século passado, que não evoluíram no tempo, que estão fora da conjuntura e estão presas a teorias e axiomas de confrontos não mais existentes de polarizações entre Leste X Oeste, entre o capitalismo ocidental e o “socialismo” do leste europeu e da China. Defensoras de práticas políticas obsoletas e conchavos partidários onde o povo preto continuará fora do poder. A palavra geopolítica é uma das menos pronunciadas nos discursos e análises das lideranças pretas porque não a conhecem e nunca a analisaram por um olhar afrocentrado.
Nas preocupações e formulações do ideal panafricanista quando se deu a libertação de países africanos, com a instituição de “republicas socialistas na África” e surgimento de grandes lideranças como Kwame Nkrumah, Samora Machel, Agostinho Neto, Amilcar Cabral, Sékou Toré, Sam Nujoma e outros. A continuidade do apartheid na África do Sul, sem a manifestação e interferência direta dos países do leste europeu, demonstrava que os interesses econômicos da exploração de diamantes e da mão-de-obra africana oprimida eram mais importante para os países ocidentais que a exploração patrocinada pelo sistema racista, nesse ínterim os USA e a URSS se entendiam muito bem.
As eleições para a prefeitura de Salvador se aproximam e nela os quadros políticos se definiram pela primeira vez na história da cidade com um diferencial político-religioso digno de estudos sociológicos, na questão que representantes de grupos religiosos que se consideram evangélicos estão em diversas coligações partidárias. Nesse ínterim, política e religião mais uma vez dão as mãos e em nome da instituição igreja e na prática da fé os diversos interesses econômicos se apresentam a população com velhas propostas políticas em roupagens novas abalizadas pelo caráter religioso.
A religião sempre esteve ligada a dominação política e dela se construiu constituições e partidos, apesar dos marxistas analisarem como o “o ópio do povo”, chargão antigo dos marxistas históricos que não evoluíram nas suas análises da modernidade política mundial. As religiões em um mundo que parecia entrar para o ateísmo se tornam a cada dia palco de se atingir a maioria da população em todos os recantos do mundo globalizado, Salvador não ficou de fora.
Em uma análise superficial, quando notamos que os candidatos, digo candidatos, em uma cidade de maioria feminina e preta, as mulheres pretas não postularão a prefeitura com a retirada de Olivia Santana do PC do B, o partido que nas suas análises internas notou que não possuía cacife eleitoral e nem financeiro para manter a candidatura da chamada “Negona”, e acima de tudo, não tem o apoio da maioria da população preta de Salvador para aventurar uma campanha baseada na questão étnica em uma cidade onde vivemos em uma suposta “democracia racial”.
Os evangélicos estão representados em 03 coligações de força política, reitero o termo evangélico, porque dentro da mídia e do movimento negro baiano, assim são reconhecidos: deputado federal Walter Pinheiro, membro da Igreja Batista - candidato a prefeito do PT e partidos coligados; Bispo Marinho, membro da Igreja Universal do Reino de Deus- candidato a Vice-Prefeito pela coligação do Dem e partidos coligados; Prefeito João Henrique Carneiro, membro da Igreja Batista, candidato a reeleição do PMDB e partidos coligados. O interessante que em todas essas postulações deixou mais uma vez o Movimento Negro Baiano dividido em diversos grupos políticos e interesses diversos.
O fator interessante é que na questão da intolerância religiosa todos os grupos acima descritos terão representantes que se dizem contrários a qualquer discriminação, porque as composições trazem pessoas ligadas às diversas práticas; o Prefeito João Henrique que foi alvo de contestações no caso da destruição do terreiro Oyá Onipó Neto, traz como candidato a vice-prefeito um dos mais conceituados advogados trabalhistas do Brasil, ex-prefeito de Salvador, e ogã de uma das casas mais conceituadas, o Sr. Edvaldo Brito, e tem atualmente na Secretaria Municipal de Reparação, o mestre em geografia e professor da UNEB, Sandro Correia que sempre defendeu a prática religiosa do candomblé e tem origem no bairro mais preto de Salvador: Liberdade. Nessa junção apresentada a cidade, a união política de uma parcela dos evangélicos e de membros do candomblé, quebrando o estigma que a futura gestão da prefeitura de Salvador terá uma só concepção religiosa, na verdade nunca teve, em todas as uniões políticas há representantes de diversos interesses religiosos.
Do outro lado, o deputado federal ACM Neto do partido que tenta acabar com as cotas nas universidades, o DEM, representante de uma família que dominou a política baiana há décadas e sempre teve um bom relacionamento com diversas casas de candomblé e organizações afro-baianas, traz em sua companhia o deputado federal Bispo Marinho, representante da Igreja Universal do Reino de Deus, que consegue emplacar na cidade mais preta do Brasil o seu projeto político de poder, sendo acusada a todo o momento de ser intolerante com os cultos de origem africana.
Candidato a prefeito de Salvador, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) conseguiu montar uma coligação em torno de seu nome que une partidos adversários na política federal (DEM e PR), religiões antagônicas (católicos e evangélicos) e sistemas de comunicação concorrentes (TV Globo e Record). A pouco menos de quatro meses das eleições municipais, o palanque de ACM Neto transformou-se em uma espécie de terreiro do sincretismo político, reproduzindo o famoso ecletismo religioso da Bahia. http://www.votebrasil.com.br/noticia/politica/acm-neto-monta-alianca-ecumenica-em-salvador
No caso do deputado federal Walter Pinheiro, membro da igreja Batista, consegue unir no projeto político Lídice da Mata,ex-prefeita, atualmente deputada federal, como vice-prefeita que tem origem de militância no movimento estudantil e na defesa do socialismo e a não importância da religiosidade, e traz no seu apoio a vereadora do PC do B Olivia Santana, de todos as coligações, o PT tem mais "aproximação" com a maioria dos militantes do Movimento Negro, não significando que essa "aproximação" signifique a aprovação da maioria da população preta soteropolitana.
Evangélicos e seguidores de religiões afro-brasileiras, brancos e pretos, nesse momento em Salvador estão unidos em diversos grupos políticos com propostas de gerenciamento da denominada “Roma Negra” ou de “Salvador é de um só Santo”, conforme dizeres dos evangélicos.
Constatamos que as eleições em Salvador demonstram a desorganização do chamado Movimento Negro que como em todo o Brasil ainda não conseguiu criar um projeto político próprio que possa aglutinar as diversas tendências em um único objetivo. E sabemos que em todos os grupos políticos citados há pessoas pretas que participam e sonham em uma sociedade sem racismo e sem opressores, e dizer que o grupo, x, y, ou z possui as respostas para a comunidade preta é uma falácia. Há em todos os grupos pessoas respeitáveis que nos momentos políticos não podem coadunar com as propostas as quais não fazem jus o seu pensamento e vivência política, sendo assim teremos pretos e pretas ligados a igrejas e casas de candomblé, com seus candidatos pretos defendendo propostas diferentes, demonstrando que queriam ou não e felizmente o Brasil não é, e não pode se tornar um estado religioso.
Um comentário:
E eu mé pergunto se lá os negros se enxergam verdadeiramente como negros mesmo ,acho que até na propria Bahia a um mar de negros é negras complexisados acho que ,não tem como um populasão que passa por tanta dificuldade não ser organizada e uninda ,só esté suposto nome(Roma negra)prá mim já e um indicieo certo seriá(Kemet)Egito ,Kush , Congo ,Songay ,Nigeria. e por ai vai ,muitos movimentos negros não evoluem ,muitos ainda só ficam batendo tambor !para mim seria um granda movimento se todos os eles pelo Brasil aforá se unicem é foramasem um tipo de governo negro, até
Postar um comentário