quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Negros evangélicos debatem racismo e discriminação nas igrejas

RELIGIÃO
Entrevista- Jornal Ìrohìn -
"São 15 milhões de pessoas pretas de cabeça baixa nas igrejas, achando que são descendentes do continente do demônio", afirmou o teólogo Walter Passos, no I Encontro Nacional de Negras e Negros Cristãos, realizado em Salvador no mês de abril. A iniciativa foi do Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos (CNNC), organização que vem debatendo a questão racial em diversas igrejas evangélicas em todo o país há cerca de um ano. Passos preside o CNNC, que é composto por fiéis de igrejas como a Presbiteriana, Batista, Adventista, Assembléia de Deus e a Metodista tendo a participação, até então, de estados como Rio de Janeiro, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, São Paulo e Bahia. Criado a partir de debates e discussões por e-mails, o Conselho hoje vem promovendo encontros regionais, levantando o tema entre jovens e adultos negros - homens e mulheres evangélicas pelo país. Em entrevista, o presidente do CNNC falou ao Ìrohìn sobre este debate. Confira.


Jamile Menezes Santos, Estudante de Jornalismo da Faculdade da Cidade do Salvador jamyllem@hotmail.com

Ìrohìn - São 15 milhões de evangélicos negros no Brasil. O que pensa este contingente hoje quanto às suas identidades negras?
Walter Passos - Os evangélicos são os que têm um processo de negação maior quanto ao seu pertencimento à comunidade negra. A pobreza e a desorganização, além da falta de políticas públicas, fazem com que nosso povo procure o mínimo de bens materiais através dos sacrifícios (ofertas), negando seu próprio ser. A discriminação em nenhum momento é questionada e nas igrejas históricas, o racionalismo branco é imitado. Em todas as três correntes do protestantismo no Brasil, a máscara branca está desfigurando a essência dos pretos e pretas e esse fato é um anti-evangelho de Yeshua (Jesus), que foi o mais importante preto da história da humanidade.
Ìrohìn - De que forma isso é visto nas igrejas?
Walter Passos - No comportamento dos (as) pastores (as), por exemplo, que se explica na formação teológica: as faculdades e seminários são formadores de teologias excludentes, baseadas no medo e na negação das raízes africanas. Os sermões, que seriam o grande alimento das comunidades, se tornaram mecanismos de dominação através da palavra e demonização das culturas africanas. Há um processo de branqueamento escandaloso nas lideranças pastorais negras. O mais difícil de encontrar é pastores pretos casados com mulheres pretas, porque o padrão de beleza europeu é propagado dentro das comunidades. Tudo que é belo é branco e tudo que é demoníaco é preto, por exemplo. A direção das igrejas não está com as lideranças pretas. Na Bahia, qual o pastor preto consciente que pastoreia uma grande igreja? Se somos 15 milhões, deveria haver pelo menos 650 mil pastores (as) pretos. Acontece que para estudar teologia é necessário ter condições financeiras e nosso povo não possui essas condições.
Ìrohìn - O Encontro Nacional, realizado em abril, reuniu expressivas delegações de diversos estados. Existem singularidades quanto ao engajamento por região?


Walter Passos - As diferenças são evidentes. O estado da Bahia é o que sofre a maior discriminação, tendo também a maior organização de juventude afrocentrada e atuante. A Bahia é um imenso paradoxo, porque somos a maioria da população preta que guardamos grandes ensinamentos ancestrais e o estado onde há menos políticas públicas de combate à discriminação.
Ìrohìn - Qual o papel dessa juventude?
Walter Passos - A juventude afrocentrada do CNNC é a espinha dorsal da organização, como está sendo em todo o Movimento Negro Brasileiro. A diretoria do CNNC Bahia é composta de 100% de jovens, sendo um marco na nossa organização no Brasil. Os jovens não aceitam as mazelas que as igrejas têm feito com nosso povo e são os grandes questionadores, não sentindo tanto temor das lideranças das igrejas como os idosos e adultos.
Ìrohìn – E o que é que o CNNC traz para o debate junto a esse público?
Walter Passos - A nossa luta se dá dentro do cristianismo, que participou ativamente da formação ideológica do Brasil: legitimou, abençoou, traficou, explorou e enriqueceu com tráfico dos nossos ancestrais, mantendo ainda uma violenta discriminação em todas as igrejas, seja a católica ou a protestante. Sendo assim, debatemos a discriminação racial e a sua superação dentro das igrejas cristãs, a luta como entidade preta cristã contra todos os tipos de exploração na sociedade, a organização do povo preto cristão, a propagação e a prática do pan-africanismo, a formulação de uma teologia preta e a questão de gênero, pois sabemos que a mulher preta é a mais discriminada dentro do cristianismo, além de outros temas. Trocamos informações, literaturas, realizamos encontros e aprendemos a ouvir os especialistas negros, porque sabemos que não podemos confiar nos teólogos (as) brancos e seu academicismo, o que é ideológico e visa manter a dominação e escravização mental do povo preto.
Ìrohìn - Um ponto central nesta discussão, para vocês, é a Escola Bíblica Dominical (EBDs). Por que é importante questionar essa Escola?
Walter Passos - A escola bíblica dominical dentro das igrejas históricas e pentecostais tem uma função de grande importância que é a formação do membro da igreja. A EBD é uma escola com objetivo de branqueamento, pois leva as pessoas negras, desde pequenas, à negação de suas origens. Ela reforça os preconceitos, acaba com sua auto-estima. Reforça o machismo, ensina um Deus branco baseado no medo, cópia do senhor de engenho. É necessária uma reformulação das EBDs, mas, nessa estrutura de igrejas que existe, é muito difícil.
Ìrohìn - Por que então não fundar uma outra Igreja, criar uma outra Bíblia?
Walter Passos - A função do CNNC não é formar uma nova denominação evangélica, mas, atuar dentro das igrejas de forma contundente. Queremos fundar a Comunidade Cristã Pan-Africanista, onde poderão atuar livremente e louvar a Yeshua conforme a sua africanidade. O CNNC não é uma igreja, mas uma organização pan-africanista. O cristianismo que temos hoje no planeta, e inclusive em várias regiões da África, é um cristianismo caucasiano deturpado. Os teólogos brancos, com mestrados e doutorados, conhecem a verdade e não ensinam. Há interesse ideológico em se manter um povo dominado. Estamos escrevendo o livro Cristianismo de Matriz Africana, objetivando informar o nosso povo preto dessas verdades escondidas.
Ìrohìn - Como é a reação dos (as) negros (as) evangélicos (as) ao serem chamados para este debate em suas igrejas? Há reações mais ou menos adversas em alguma delas?
Walter Passos - As reações são as mais diversas possíveis, porque a catequese católica e a forma de evangelização que sofreram os nossos ancestrais foram violentas e hoje a violência é ideológica. Os negros cristãos no Brasil estão com os olhos vendados e temem o inferno ensinado pelos brancos. Tenho conversado com pastores de diversas denominações e lideranças que sabem da discriminação racial e ficam calados, sendo co-participantes e alimentadores das mentiras. Por isso o CNNC não acredita e não participa do chamado Movimento Negro Evangélico (MNE) porque é um movimento que se apóia em organizações e lideranças brancas. Outro fator importante é que a luta pela emancipação do povo preto tem que ter a base familiar, e ainda não vi a maioria masculina dessas lideranças do MNE levar suas famílias para as reuniões. Será porque as suas mulheres são brancas e eles têm vergonha de suas companheiras? Como podem liderar e falar da discriminação racial se a própria família não é participante? Acreditamos que os pretos têm que trilhar os seus próprios caminhos e ditar as regras de sua própria emancipação.
Ìrohìn - Há a participação da Igreja Universal do Reino de Deus no CNNC?
Walter Passos - A questão da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) é bem interessante. No censo do ano 2000, possuía 2.101.887 membros, possuindo um poder imenso de comunicação. A IURD tem como chamamento a idéia da maldição hereditária. Hoje os negros lá se sentem amaldiçoados, todos os seus problemas são resultantes do chamado encosto que vem acompanhando a família desde a África. Sendo assim, se toma “fácil” nessas igrejas a comunidade negra enfrentar os graves problemas sociais que a afligem. A presença crescente de descendentes de africanos nessas igrejas é conseqüência da constante expulsão que sofrem nas igrejas históricas, na conversão forçada ao catolicismo, na falta de reação das religiões de matriz africana e seus paralelismos e sincretismo. São co­locados fora dos muros do bem- estar social e as fronteiras sociais se manifestam também religiosamente. A realidade dos pretos nestas igrejas é de extrema preocupação: explorados financeiramente e crendo numa falsa libertação, vivenciam um processo de alienação de seus problemas. Odeiam sua própria cultura, rejeitam sua história e permitem que a memória de seus ancestrais seja ultrajada, recebendo o rótulo de “demoníaca”.
Ìrohìn - E quanto aos adeptos do Candomblé?
Walter Passos - A liberdade religiosa tem que ser defendida. O que notamos é que algumas pessoas querem falar pela religião do candomblé e repetem a prática branca de falta de respeito com os negros. Antes de sermos religiosos, somos pretos. Posso mudar de religião, de opção sexual e de ideologia. Só não posso deixar de ser preto-africano no Brasil.Ìrohìn - De que maneira o CNNC atua frente à intolerância religiosa de setores evangélicos contra as demais crenças de origem africana? Walter Passos - A nossa organização é contrária aos ataques perpetrados pelas igrejas evangélicas às crenças dos nossos antepassados e de nossos irmãos. Todas as igrejas evangélicas são desrespeitosas com as crenças de matriz africana. Há vozes proféticas em diversas denominações, mas a prática é de extrema violência e falta de respeito. Os pretos evangélicos não são os culpados pela falta de respeito, muitos são repetidores dos ensinamentos deformados das igrejas.
Ìrohìn - Pan – Africanismo e Religiosidade. Qual a relação e de que forma o CNNC vem integrando ambos os temas pelo Brasil?
Walter Passos - O Pan-Africanismo é a saída para a união do povo preto nessa diáspora forçada. Quando o CNNC se coloca como uma organização pan-africanista é para desmistificar a idéia pregada de ecumenismo das igrejas protestantes, baseado em palavras que mantêm nosso povo afastado de suas decisões “ecumênicas”. O Ecumenismo é a grande mentira das igrejas brancas. Temos que ter uma preocupação com o nosso povo e essa preocupação é um ato de espiritualidade e prática. Lutamos por uma organização de autogestão e o CNNC, com seu teor pan-africanista, acredita que o próprio povo tem que se libertar da segunda escravidão que o levou à inércia em relação aos seus próprios problemas.
Ìrohìn – Quais os principais resultados do Encontro Nacional?
WP - O Encontro Nacional foi uma grande vitória do povo preto, independente de religião, mostrando que podemos ter um objetivo de liberdade. As mulheres e homens pretos só podem louvar em comunhão quando aquelas e aqueles que se dizem irmanados na mesma fé de Yeshua reconhecerem que o racismo, antes de ser ontológico, é moral. Que temos o direito de desenvolver os nossos destinos através da nossa identidade africana, representado a nossa corporalidade através da nossa ancestralidade. Enquanto isso não ocorrer e houver a exploração da comunidade branca sobre o nosso povo, a comunhão não existe, porque estaremos mentindo para nós mesmos, enganando nossos jovens e alienando nossas crianças. Não há comunhão sem a real vivência do evangelho de justiça de Yeshua.

http://www.irohin.org.br/imp/template.php?edition=20&id=96

http://www.irohin.org.br/

2 comentários:

Anônimo disse...

PASTOR PRETO DOS EUA, ESCREVE ESSAS BOBAGENS. VAMOS TORPEDEAR SEU SITE, BLOG OU CAIXA DE E-MAIL, REPUDIANDO ESSE VENENO.

Rev. Peterson: Black Preachers Are Worshiping The Wrong Messiah!

…There shall be false teachers among you, who privily shall bring in damnable heresies…2 Peter 2:1

LOS ANGELES—With the November 4 election of Barack Obama, black preachers have been celebrating across the country. Rev. Jesse Lee Peterson, Founder and President of BOND Action, Inc. is rebuking these black preachers for their part in electing the most left-wing presidential candidate in American history:

"Ninety-six percent of black voters supported Barack Obama and the majority of these voters were influenced by black preachers to put race ahead of their country and their faith," said Rev. Peterson. "How can ministers who are supposed to lead their flock to Jesus Christ instead lead them to a socialist like Obama? The truth is that most black ministers don't have a real relationship with God and they are leading their congregations to hell. These blind leaders helped elect their black 'Messiah'. This 'Messiah' happens to be the most left-wing member of the U.S. Senate," said Rev. Peterson.

Here's where president-elect Obama stands on key issues:

Believes in abortion on demand (virtually under any circumstance), and has told Planned Parenthood that sex-ed for kindergartners is 'the right thing to do' (as long as it's 'age appropriate');
Has promised to repeal the federal Defense of Marriage Act and would allow homosexual 'marriages' to be made legal in all 50 states;
Would appoint far left activist judges who'd pervert and misinterpret the U.S. Constitution;
Has pledged to dismantle 'Don't Ask, Don't Tell' in the military. Supports open homosexuality, bisexuality, and transexuality in all military branches, barracks and shower facilities.
This is what influential black ministers said after the Obama election victory:
Bishop T.D. Jakes of The Potter's House church said that Sen. Barack Obama's campaign "encouraged, validated and gave inspiration to not only the people of the United States of America, but to the people of our world."
At Harlem's Abyssinian Baptist Church, Rev. Calvin Butts invited his congregation to stand up "and give God praise for the election." Several hundred churchgoers rose as one and cheered, "Yes we can! Yes we can!"
Grammy-winning gospel singer, Rev. Shirley Caesar-Williams said, "Too long we've been at the bottom of the totem pole, but he [Obama] has vindicated us, hallelujah."
Rev. John L. Lambert, Bethel AME Church in Indianapolis, "If ever there was an answer to 'who cometh to our help?' that was the answer…Look at what God has done."
At Trinity United Church of Christ in Chicago, Rev. Otis Moss, III, said history would note that Trinity was the holy place where "God stirred a young man's soul and put him on the path to the presidency."
Rev. Peterson added: "For the past eighteen years I've said that most black preachers are not called by God, but instead are called by their mammas. If there was ever a time that this was the case, that time is now. In order for black Americans to turn around, they must drop their anger, and find the truth within themselves, not from corrupt, racist preachers or from a false black Messiah."

BOND Action, Inc., is a nonprofit, pending 501 (c) (4) new cultural action organization, which exists to educate, motivate and rally Americans to greater involvement in the moral, cultural and political issues that threaten our great country. Contributions to BOND Action, Inc. are not tax-deductible. For more information call (877) WE-ACT-77, visit www.bondaction.org or write to us at BOND Action Inc., PO Box 35586, Los Angeles, CA 90035-0586

Anônimo disse...

Rev. Peterson: Black Preachers Are Worshiping The Wrong Messiah!

…There shall be false teachers among you, who privily shall bring in damnable heresies…2 Peter 2:1

LOS ANGELES—With the November 4 election of Barack Obama, black preachers have been celebrating across the country. Rev. Jesse Lee Peterson, Founder and President of BOND Action, Inc. is rebuking these black preachers for their part in electing the most left-wing presidential candidate in American history:

"Ninety-six percent of black voters supported Barack Obama and the majority of these voters were influenced by black preachers to put race ahead of their country and their faith," said Rev. Peterson. "How can ministers who are supposed to lead their flock to Jesus Christ instead lead them to a socialist like Obama? The truth is that most black ministers don't have a real relationship with God and they are leading their congregations to hell. These blind leaders helped elect their black 'Messiah'. This 'Messiah' happens to be the most left-wing member of the U.S. Senate," said Rev. Peterson.

Here's where president-elect Obama stands on key issues:

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Has promised to repeal the federal Defense of Marriage Act and would allow homosexual 'marriages' to be made legal in all 50 states;
Would appoint far left activist judges who'd pervert and misinterpret the U.S. Constitution;
Has pledged to dismantle 'Don't Ask, Don't Tell' in the military. Supports open homosexuality, bisexuality, and transexuality in all military branches, barracks and shower facilities.
This is what influential black ministers said after the Obama election victory:
Bishop T.D. Jakes of The Potter's House church said that Sen. Barack Obama's campaign "encouraged, validated and gave inspiration to not only the people of the United States of America, but to the people of our world."
At Harlem's Abyssinian Baptist Church, Rev. Calvin Butts invited his congregation to stand up "and give God praise for the election." Several hundred churchgoers rose as one and cheered, "Yes we can! Yes we can!"
Grammy-winning gospel singer, Rev. Shirley Caesar-Williams said, "Too long we've been at the bottom of the totem pole, but he [Obama] has vindicated us, hallelujah."
Rev. John L. Lambert, Bethel AME Church in Indianapolis, "If ever there was an answer to 'who cometh to our help?' that was the answer…Look at what God has done."
At Trinity United Church of Christ in Chicago, Rev. Otis Moss, III, said history would note that Trinity was the holy place where "God stirred a young man's soul and put him on the path to the presidency."
Rev. Peterson added: "For the past eighteen years I've said that most black preachers are not called by God, but instead are called by their mammas. If there was ever a time that this was the case, that time is now. In order for black Americans to turn around, they must drop their anger, and find the truth within themselves, not from corrupt, racist preachers or from a false black Messiah."

BOND Action, Inc., is a nonprofit, pending 501 (c) (4) new cultural action organization, which exists to educate, motivate and rally Americans to greater involvement in the moral, cultural and political issues that threaten our great country. Contributions to BOND Action, Inc. are not tax-deductible. For more information call (877) WE-ACT-77, visit www.bondaction.org or write to us at BOND Action Inc., PO Box 35586, Los Angeles, CA 90035-0586

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