sábado, 28 de abril de 2012

A RESISTÊNCIA AFRICANA EM MARTINICA - AG`YA - LADJA OU DANMYE



Por Malachiyah Ben Ysrayl.
Historiador e Hebreu-Israelita
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn: kefingfoluke1@hotmail.com
Skype: lindoebanoLinkFacebook: Walter Passos


Há muito ainda que se conhecer sobre a história da resistência dos africanos nas Américas.

A mídia e os estudos eurocêntricos não tem nenhum interesse em informar que em toda a América escravista houve diversas formas de dizer não à escravidão e de afirmar o pertencimento à ancestralidade. Como tenho afirmado, é necessário um estudo da América Africana, porque geopoliticamente a América é brancamente dividida: América Anglo-Saxônica, América Latina, Luso América, e outras renomeações que os colonizadores e suas geografias dominantes criaram objetivando colocar os africanos nas últimas categorias de identificação.

Contudo, há uma América Africana que não se cala e torna-se necessário que ela seja estudada e difundida para as nossas crianças, só assim poderão entender a crueldade do tráfico transatlântico que sangrou o continente africano e espalhou as nossas famílias por toda o continente americano.

A história da Martinica, como em toda a América Africana, foi de lutas de classes e racismo, baseado no extermínio dos nativos, na escravidão e exploração da mão de obra africana, aonde muitos judeus que vieram da capitania de Pernambuco, em 1654, fugindo da Inquisição Portuguesa, se enriqueceram com o infamante tráfico e exploração da mão de obra escravizada da Costa Ocidental Africana. Os judeus enriqueceram com a exploração dos africanos em toda a América escravista.

O imperialismo francês com a ideia de liberdade, igualdade e fraternidade para os franceses dominou extensas regiões na África, Ásia e América. Para os africanos, o lema foi: Escravidão, desigualdade e hostilidade, fato este ocorrido nos domínios franceses na América: Haiti, Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica e outras regiões nas Américas.

Um dos seus mais ilustres nativos da Martinica foi Frantz Fanon que tem dois livros conhecidos pela intelectualidade preta: Pele Negra, Máscaras Brancas e Os Condenados da Terra.

Outro importante intelectual foi Aimé Fernand David Césaire, poeta, dramaturgo, ensaísta e político da negritude, publicou diversas obras e seu pensamento e a sua poesia influenciaram não só escritores francófonos, mas também outros intelectuais africanos e pretos americanos, na luta contra o colonialismo e a aculturação. Fundou o jornal “L'Étudiant noir”. Foi nas páginas desta publicação que apareceu pela primeira vez o termo “Negritude”. Este conceito, forjado por Aimé Césaire em reação à opressão cultural do sistema colonial francês, visava rejeitar o projeto francês de assimilação cultural e promover a África e a suas culturas.

Na Martinica foi desenvolvida uma arte marcial muito interessante chamada AG `YA - OLADJA DANMYE, que foi documentada pela primeira vez no ano de 1936.



No primeiro olhar parece um jogo de capoeira angola, uma vadiação dos velhos mestres, mas, não é capoeira. As origens do AG `YA - OLADJA DANMYE ainda são controversas, e não é uma compilação da capoeira brasileira, porque já em 1936 já era praticado na Martinica, fato documentado pela pesquisadora Katherine Dunham.

Não vou entrar em uma explicação da origem da capoeira e muito menos a sua comparação com AG `YA - OLADJA DANMYE porque existem grandes mestres de capoeira que podem nos ensinar bem e merecem toda a nossa atenção e respeito. Recordo-me quando frequentava a academia do saudoso Mestre João Pequeno na década de 80, ele me ensinou que a capoeira era a dança do NGOLO, uma espécie de dança da zebra praticada em Angola que os rapazes dançavam para conquistar namorada, nas palavras do Seu João. Alguns mestres que estão lendo o artigo podem nos explicar melhor sobre AG `YA - OLADJA DANMYE e a Capoeira. O espaço está aberto para os mestres e nós ansiosos para aprender.
Jogo de capoeira:



Como historiador, sei que não há um local especifico ou de dominação da ancestralidade africana nas Américas. Onde foi levado o africano ai chegou as suas manifestações e recriações ancestres, exemplo este que vemos nas religiões de matriz africana: Santeria em Cuba, Orisa de Trinidad e Tobago, Vodun no Haiti, Winti no Suriname, Candomblé no Brasil, para exemplificar.

AG `YA - OLADJA DANMYE, como toda arte marcial de origem africana, se desenvolveu na necessidade da resistência do escravizado ao opressor branco, da manutenção das danças ancestrais e da continuidade de lutas praticadas nas terras africanas.

É um arte que tem a finalidade de anular o oponente, alguns afirmam que parece com uma luta praticada no Senegal. É acompanhada por toques de tambores e cantoria. As artes africanas possuem a espiritualidade, a musicalidade e a dança.



 Acesse:
Poemas de amor ao povo preto: https://www.facebook.com/PretasPoesias

quarta-feira, 18 de abril de 2012

SARAH BAARTMAN – RACISMO NO DIA MUNDIAL DA ARTE NA SUÉCIA?


Por Malachiyah Ben Ysrayl.
Historiador e Hebreu-Israelita
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn: kefingfoluke1@hotmail.com
Skype: lindoebano
Facebook: Walter Passos


Resolvi postar uma informação encontrada no facebook de Swahili Kmt:

"Durante a celebração do Dia Mundial da Arte, em 16/04/12, no Museu de Arte Moderna, Suécia, a ministra da cultura daquele país, Lena Adelsohn Liljeroth, partiu um "bolo" caricaturando a senhora Saartjie "Sarah" Baartman, chamada "A vênus negra". O bolo foi partido primeiro em sua genitália e alimentou a cabeça da "obra", uma pessoa em blackface e escondida sob a mesa, numa referencia a uma autofagia canibal... Tudo isto entre muitos sorrisos."






Na foto abaixo está o autor da obra, o afro-sueco: Makode Aj Linde, que disse ser a obra um combate a mutilação genital feminina, sendo que os gritos foram feitos por uma pessoa branca pintada de preto.

A muitação feminina ainda ocorre em 28 países africanos. Leia mais sobre a Mutilação genital feminina acesse o link do BAYAH: MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA - VIOLAÇÃO DO CORPO DA MULHER

Makode Aj Linde, artista plástico afro-sueco.

Na foto abaixo, a ministra da Cultura da Suécia - Lena Adelsohn Liljeroth - que diz lutar contra o racismo no seu país.

Ministra da Cultura da Suécia.

Os brancos amantes da arte na Suécia se deliciam com mais um vilipêndio a memória da mulher preta africana SARAH BAARTMAN.

  Acesse:
Poemas de amor ao povo preto: https://www.facebook.com/PretasPoesias

sábado, 7 de abril de 2012

Os HEBREUS DE ELEFANTINA - COMUNIDADE NO ANTIGO KEMETE


Por Malachiyah Ben Ysrayl.

Historiador e Hebreu-Israelita
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn: kefingfoluke1@hotmail.com
Skype: lindoebano
Facebook: Walter Passos

Os Hebreus constituíram-se quanto povo dentro do território africano. Tal composição possuiu sua gênese em Mizraim, no Kemete (atual Egito), e de lá se consolidou em Canaã, após o Êxodo sob a direção de Moshe.

Importante destacar que Kemete e Canaã eram um só território africano para aquelas civilizações, cuja divisão territorial somente ocorreu muito recentemente com a invasão das civilizações brancas e a drástica alteração toponímica, através da construção do canal de Suez.

Importante também compreender que Kemete, potencia comercial, naval e intelectual da época, era um local propício para o desenvolvimento e constituição do povo hebreu, seja para acolhê-los durante os diversos períodos de crises econômicas enfrentadas, alianças militares e mercantis, seja pelas necessidades de asilo e migrações populacionais, principalmente em decorrência das diversas guerras hebraicas que culminaram nas diásporas.

Por conta de seu desenvolvimento econômico, Kemete foi o local ideal e mais seguro para a sobrevivência dos hebreus, desde a época de Avraham (Abraão, pai de muitos pretos).

Em outra análise, não há como concordar com alguns grupos afrocentristas, notadamente inimigos dos hebreu-israelitas, que habitualmente se referem à civilização de Kemete para atribuí-la todo o conhecimento, restando aos hebreus a absorção e adaptação cultural, ao passo que também negam a pretitude de Israel, apoiando, por ignorância, a farsa Askenazi.

Esta análise equivocada demonstra ausência do conhecimento histórico de Kemete e de suas relações econômicas, políticas e culturais. Sem mais delongas, não podemos esquecer que o povo hebreu se origina em Kemete e a sua cor epitelial não era diferenciada, tanto assim que em diversos relatos eles são considerados um só povo, como é o preto hoje.

Hebreus Israelitas cativos na Babilônia

No livro de Bereshit (Gênesis) há diversos relatos dos hebreus se parecerem com os habitantes de Mizraim, alguns exemplos: Os dez irmãos de Yosef não o reconheceram, no sepultamento de Yaacov e Moshe cresceu na corte do faraó. Inclusive Yahoshua foi levado para Mizraim com os seus pais Yosef e Miryahm fugindo de Herodes por causa da matança das crianças de Beit Lehem.

Após esse introito, necessário para elucidar alguns temas sobre a comunidade dos hebreus em Kemete, discorreremos sobre a comunidade hebraica de Elefantina, uma ilha do rio Nilo, a oeste de Aswan, na fronteira com a Núbia (Sudão), que se estabeleceu na região no V século antes da nossa eram comum.



Elefantina é uma palavra de origem grega que significa elefante, os antigos habitantes de Mizraim chamavam de Yebo, que também significa elefante, este nome surge por causa dos elefantes que foram levados do sul para a Núbia. A ilha possuía uma importância geográfica estratégica por causa das constantes guerras entre Kemete e o poderoso império de Kush.

Por que os hebreus se instalaram na Ilha de Yebo? Há algumas hipóteses:

- O rei Manasses da Judéia enviou soldados que se estabeleceram em Elefantina apoiando o Império de Mizraim.

- Mercenários judeus foram enviados para o Egito durante o reinado do faraó Psammetichusis II, o rei Zedequias teria sido o responsável pelo ato. Isto porque, o rei Zedequias foi o único governante de Judá contemporâneo com Psammetichusis II. Desde então, Mizraim teria sido mais propenso a apoiar os rebeldes antibabilônicos, a presença de mercenários judeus em MIzraim pode ter sido visto como um ato de cooperação contra um inimigo comum. Corroborando com essa hipótese, extraímos o escrito no Livro de II Reis:

"Com isso, todas as pessoas [restante dos judeus em Judá] desde o menor até o maior, juntamente com os oficiais do exército, fugiu para o Egito com medo dos babilônios." (2 Reis 25:26).

Alguns profetas falam da presença de hebreus no Egito, entre eles, Isayah:

"Veja, eles virão de longe,
alguns do norte, alguns do oeste,
alguns da região de Assuão [Siena]. " -Isayah 49:12

A vivência dos hebreus em Elefantina ainda é estudada com afinco, pois permite através de uma vasta quantidade de documentações, entre elas, papiros e sítios arqueólogicos, o entendimento da diáspora dos hebreus.

Elefantina era conhecida como a terra do deus Khnub, originário de Kush-Nubia como outros importantes deuses e deusas de Kemete. Originalmente esse deus é representado como um homem com cabeça de carneiro. Os hebreus construíram um templo para YHWH parecido com o templo de Salomão o qual foi destruído por egípcios, por causa dos holocaustos, que incluíam ovelhas, bois e cabras. O sacrifício de carneiros no templo era claramente uma das principais causas da revolta dos egípcios. Um documento encontrado retrata a destruição final do templo em 410 aC, Segundo o documento, os sacerdotes egípcios de Khnub cooperou com Vidranga que enviou o seu filho Nefayan no comando de um exército egípcio e ordenou "o templo de YHWH na Fortaleza de Elefantina tem que ser destruído"

Há um papiro que solicitar ao rei Dario da Persa a reconstrução do templo de Elefantina, acesse o link:

http://www.kchanson.com/ancdocs/westsem/templeauth.html

Na ilha diversos papiros denominados como “Papiros de Elefantina”, foram encontrados nos assoalhos das casas, vasos de cerâmica e jarros. Estes documentos escritos em aramaico, e alguns em hierático e demótico, relatam a vida cotidiana, isto é, assuntos políticos, religiosos, econômicos e sociais. Os documentos legais encontrados estão preocupados com ações judiciais; vendas; casamento, empréstimo, presentes e outros contratos relacionados com posses de propriedade.

De especial importância é a "Carta da Páscoa", que remonta a 419 a.C. A carta era de Ananias para Jedenayah da guarnição israelita em Elefantina. Em sua carta, Hennanyah instruiu os hebreus a "manter o Festival do Pão Ázimo" e "serem puros e cuidadosos.", juntamente com outras instruções relacionadas à observância do festival. Os estudiosos suspeitam que Hennanyah tenha sido o irmão da figura bíblica, Neemyah.

O destino desconhecido da comunidade de Elefantina pode ser interpretado de maneiras variadas. Uma possibilidade é a migração para a Núbia, assim como os soldados egípcios fizeram durante o tempo de Psammetichus. Sendo assim, seria uma estranheza se os hebreus fossem brancos de olhos azuis como são os askenazis, que se dizem judeus e habitam no território de Israel e se originam do Cáucaso.

Outra hipótese, mais instigantes, é que caminharam para o ocidente da África, devido a diversas tradições orais de grupos étnicos que afirmam terem vindo de Mizraim ou Kemete (Antigo Egito) e de Kush-Núbia e resguardam em sua linguística e costumes, hábitos inteiramente hebraicos.

Shalom!

PRETAS POESIAS

PRETAS POESIAS
Poemas de amor ao povo preto: https://www.facebook.com/PretasPoesias