quarta-feira, 26 de março de 2008

FARRAKHAN E A NAÇÃO DO ISLÃ


Por Vanessa Passos, Acadêmica de Teologia da Faculdade Richard Shaull.
Tesoureira do CNNCBA. Psedônimo: Aidan Foluke. E-mail: vanessasoares13@hotmail.com


A Nação do Islã surgiu da década de 30 do século passado dirigida pelo Profeta Wallace Fard Muhammad (W.D.Fard), que seguidores da Nação informam ter vindo da Arábia, com o objetivo de unir os norte-americanos pretos. Eles acreditam que o Profeta W.D.Fard foi divinamente escolhido e divinamente inspirado, este, entretanto, desapareceu misteriosamente. Com isto, Elias Poole assumiu a Nação do Islã em 1934.
Elias Poole nasceu em 07 de outubro de 1897 e faleceu em 25 de fevereiro de 1975, adotou o nome de Elijah Muhammad. Proclamava que a sua missão era transmitir aos norte-americanos pretos conhecimentos de si próprio, do seu inimigo (a raça caucasiana e a cristandade), da verdadeira religião (islã) e de Deus (Alá).
Fora preso por defender que os membros da Nação não prestassem o serviço militar e por perseguição de brancos racistas, cumprindo pena de quatro anos em uma prisão federal. Conclamava ao Nacionalismo Preto, Independência Econômica e religiosa e que os pretos poderiam obter sucesso através da disciplina, do orgulho racial, do conhecimento de Deus e da separação física da sociedade branca. Compraram grandes áreas de terra no Deep Sul, investidos em projetos empresariais e possuía a sua própria força paramilitar. Os membros também foram instruídos a abster-se completamente de todas as drogas e respeitar as mulheres pretas e livrá-las dos ataques dos homens brancos e serem respeitosos pais.
Ensinou que os caucasianos apareceram através da reprodução humana.

YAKUB

Segundo a Nação do Islã, Yakub foi um cientista perverso que criou a raça branca (raça de demônios) conforme os seus ensinamentos, através de experiências genéticas de genes de pessoas pretas, este ensinamento foi revelado inicialmente por Wallace Fard Muhammad e desenvolvido posteriormente por Elias Muhammad. Yakub é uma variante de Jacó, filho de Isaque, filho de Abrão. Atualmente o ensinamento de Yakub é uma parábola para explicar a evolução da população branca que se originou dos homens originais, os pretos africanos.
Leia mais sobre Yakub:
http://www.thenationofislam.org/yakubabraham.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Yakub


UM DOS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO DO ISLÃ: MALCOLM X
Malcolm Little, mais conhecido como Malcolm X (19 de maio de 1925, Omaha, Nebraska — assassinado em 21 de fevereiro de 1965, Nova Iorque), foi um dos maiores defensores dos direitos dos pretos nos Estados Unidos. Fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana, de inspiração socialista.
Teve o pai, um pastor, assassinado pela Ku Klux Klan e sua mãe internada por insanidade. Viveu a adolescência nas ruas e enquanto esteve preso descobriu o islã. Malcolm faz sua conversão religiosa como um discípulo messiânico de Elijah Mohammed. Converteu-se ao islã, mudando o nome para El-Hajj Malik Al-Shabazz.
Martin Luther King e Malcolm X divergiam em pensamentos, King defendia uma "resistência pacífica" pelos pretos e Malcolm defendia a separação das raças, independência econômica e um Estado autônomo.
Malcolm foi assassinado em 21 de fevereiro de 1965 durante seu discurso no Harlem. O processo da morte de Malcolm foi arquivado por falta de provas.

Leia mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Malcolm_Little

LOUIS FARRAKHAN
Louis Eugene Walcott conhecido atualmente como Louis Farrakhan, ou simplesmente Farrakhan, nasceu em 11 de maio de 1933 em Bronx- Nova York . Filho de Sarah Mae Manning e Percival Clarke um jamaicano que trabalhava em Nova York como taxista. Foi educado por sua mãe e bem cedo aprendeu a tocar violino. Chegando a ganhar varias competições em sua adolescência.
Farrakhan estudou em boas escolas como a Boston Latin School – Escola Latina de Boston – sendo um dos melhores alunos. Em 1950 juntou-se a Nação do Islã, porém só em 1955 foi apresentado a Elias Muhammad. Após sua entrada na Nação ele trocou seu nome para Louis X, sendo essa uma norma e uma maneira de protesto a qual a Nação do Islã pratica para indicar que a própria identidade e cultura foram roubadas durante a escravidão.
Com sua enorme dedicação e alto potencial, Farrakhan despertou o interesse de Elias Muhammad e após a morte de Malcolm X, tornou-se seu porta-voz oficial. Até os dias atuais Louis Farrakhan é um dos homens pretos mais respeitados dos Estados Unidos.
Organizou em 1995 a Grande marcha sobre Washington D.C que reuniu 1 milhão de homens pretos, foi o maior protesto de não violência depois do realizado por Martin Luther king Jr que reuniu brancos e pretos em um total estimado de 250 mil pessoas de ambos os sexos, inclusive crianças.


Alguns trechos da mensagem de Farrakhan:
- Em nome de Deus, o Beneficente, o Misericordioso. Agradecemos a Deus pelos seus profetas, e as escrituras que eles trouxeram. Queremos agradecer-lhe por Moisés e o Torah. Queremos agradecer-lhe por Jesus e o Evangelho. Queremos agradecer-lhe por Maomé e o Corão. Que a paz esteja convosco dignos servos de Deus.
- Abraham Lincoln viu no seu dia, o Presidente Clinton vê neste dia. Ele viu o grande fosso entre negros e brancos. Bill Clinton vê o que a Comissão Kerner viu há 30 anos, quando disse que esta nação estava movendo em direção a duas Américas - uma negra, uma branca, separada e desigual. E as conclusões da Comissão Kerner revisitada 25 anos mais tarde e vi que a América era pior hoje do que era na época de Martin Luther King, Jr. Há ainda duas Américas, um negra, uma branca, separada e desigual.
Farrakhan tem apoiado publicamente Obama na candidatura ao partido democrata, sempre tem se colocado do lado de seus irmãos pretos nos USA, apesar de quando questionado Obama disse que não concorda com as idéias de Farrakhan. Há alguns anos defendeu o reverendo Jesse Jackson quando este teve um problema com a comunidade judaica.

A MULHER NA NAÇÃO DO ISLÃ
Oriunda da fé metodista Ava Muhammad é a mais expressiva mulher da Nação do islã, formada em Direito pela Georgetown University Law Center, 1975, conselheira de Farrakhan e a primeira mulher a ser ordenada ministra religiosa da Nação.
Frases da irmã Ava Muhammad:
“É minha fervorosa oração que eu conseguisse a minha missão, a fim de ajudar o ministro em seu esforço para destruir o mito de que as mulheres são seres inferiores, que não pode pregar a Palavra ou ser pastora do rebanho".
"A minha resposta foi sempre que o papel das mulheres na Nação do Islã é realmente não é diferente do que em qualquer outra religião. Cristianismo, o judaísmo e o islamismo -, que são todas necessárias para a iluminação da humanidade - todos sofrem da mesma angústia de ser demasiado masculino-dominante, mesmo na interpretação das Escrituras. À medida que o mundo torna-se mais consciente e, a Internet e outras coisas que o nível de igualdade de conhecimento, que vai continuar a mudar”.

A Nação do Islã ainda mantém leis, como a proibição de namoro inter-racial, regras de vestimentas para as mulheres (incluindo coberturas na cabeça e proibição de maquiagem ou roupas apertadas) e um enfoque no tradicional papel no seio da família. Embora muitas vezes as mulheres trabalhem fora de casa, elas geralmente são esperados para assumir o papel principal na execução das famílias e elevar as crianças.
Publicada no grupo negros_conscientes

PEDIDA PRISÃO DE PASTOR QUE INCITA PERSEGUIÇÕES
O vereador Átila Nunes Neto e o deputado Átila Nunes pediram a prisão preventiva do ' pastor’ Adão José dos Santos, fundador da Igreja Pentecostal dos Milagres, pelas suas declarações à Imprensa, onde classificou a Umbanda e o Candomblé como "religiões do mal", estimulando a discriminação religiosa ao dar cobertura àqueles que estão mandando fechar terreiros. "O fato do pastor conviver com traficantes não é problema nosso, e sim, de natureza policial. Não podemos é ficar de braços cruzados diante de uma campanha explícita que violenta a legislação e até mesmo a Constituição Federal" – dia Átila Nunes.
Para ele, o pastor oferece risco à sociedade porque estimula a violência contra os seguidores dos cultos afro-brasileiros, incentivando o fechamento de terreiros. "Este cidadão tem que ser preso e responder a vários processos, já que viola os princípios da Constituição, que estabelece no capítulo dos direitos e garantias fundamentais no artigo 5º, que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros. ..a inviolabilidade do direito...à liberdade, à igualdade, à segurança". Átila Nunes Neto lembra ainda que a Constituição garante a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias, sendo que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política"
Outras violações legais vem sendo cometidas pelo `pastor' Adão José dos Santos, fundador da Igreja Pentecostal dos Milagres, segundo Átila Nunes Neto, que chama atenção para o crime contra o sentimento religioso estabelecido no artigo 208 do Código Penal: "escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso. A punição ao ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato religioso é também previsto na Constituição. A pena é detenção, de um mês a um ano, ou multa. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência. Além disso – diz Átila Nunes Neto - , a lei estadual de 1814 de 1991 estabelece sanções a qualquer tipo de discriminação, inclusive a em razão de crença religiosa.
A lei considera discriminação impedir ou dificultar, por qualquer meio ou forma, a convivência social, praticar, induzir ou incitar o preconceito em razão de crença religiosa. Ele destaca o artigo 20 da Lei n.º 7.716/89, modificada pela Lei 9.459/97: "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de religião", sendo se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza, a reclusão é de dois a cinco anos. O vereador Átila Nunes Neto e o deputado Átila Nunes, ao encaminharem a denúncia ao MP, baseiam-se no artigo 3º desta lei, que diz que o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência, recolher imediatamente e mandar fazer busca e apreensão de propaganda e mandando cessar programas de rádio e televisivos que incitem a discriminação.
Saiba quem é o líder evangélico Marcos Pereira da Silva e como ele virou o guia espiritual dos bandidos mais afamados do Rio
Posted by: AntenA Cristà @ 02/18 2008, 03:27
PASTOR DE OVELHAS NEGRAS
SAIBA QUEM É O LÍDER EVANGÉLICO MARCOS PEREIRA DA SILVA E COMO ELE VIROU O GUIA ESPIRITUAL DOS BANDIDOS MAIS AFAMADOS DO RIO
Karla Monteiro - O Globo
RIO - Aconteceu numa noite de quarta-feira, dia 23 de janeiro, numa das favelas mais violentas do Rio. Na pracinha da comunidade, crianças, casais e traficantes armados dividem o mesmo carrinho de churrasco. O dono da boca-de-fumo, paramentado com um fuzil ornado com detalhes em prata, recebe cheio de honra a comitiva do pastor Marcos Pereira da Silva, fundador da Assembléia de Deus dos Últimos Dias.
O bandido de 29 anos e olhos assustados, que exibe com orgulho um pesado cordão de ouro com um pingente onde se lê "Jesus", dá as boas-vindas ao "homem de Deus". O pastor não perde a deixa. Diz ao seu anfitrião, em tom de brincadeira e intimidade, que o nome sagrado não combina com armas nem com os cinco anelões espalhafatosos que decoram a mão direita do chefe do morro.
Conversa vai, conversa vem, o traficante revela que seus soldados haviam capturado um suspeito de estupro na favela. O pastor, então, começa a sua ladainha. Sempre em nome de Jesus. Em pouco tempo, ele consegue convencer o chefe a entregar o refém, então condenado à morte pelas leis do tráfico. Meia hora depois, um carro vinho estaciona, alguns garotos abrem o porta-malas e arrancam de lá um rapaz com a cabeça coberta de sangue.
O pastor enfia o suposto estuprador no seu carro e convoca toda a bandidagem para uma oração. Sem depor o armamento de guerra, a rapaziada faz uma roda e, de mãos dadas com o exército de evangélicos, grita um convincente "Glória a Deus!".
- Para mim, não importa a facção. Todos os traficantes do Rio me respeitam. Eu não defendo o Evangelho, eu defendo o ser humano. Aos poucos, estou conseguindo acabar com a pena de morte nas favelas - orgulha-se o pastor Marcos, como é chamado. - Já tirei muita gente da morte e também já recuperei muito bandido. Há quase 20 anos visito presídios, vou a bocas-de-fumo e levo a "Palavra" para esses meninos. Quando resgato um condenado pelas leis do tráfico, eu o levo para a minha igreja.
Veja fotos do trabalho do pastor
Ouça trechos de entrevistas com o religioso
Engolindo todos os plurais, evocando passagens bíblicas para justificar cada ato e esbanjando bom humor, o polêmico pastor Marcos virou o guia espiritual dos bandidos mais afamados do estado. Marcinho VP, preso em Catanduva, no Paraná, é uma de suas ovelhas. Segundo a irmã dele, Silvana dos Santos Silva, que largou o crime para engrossar as fileiras da Assembléia de Deus dos Últimos Dias, Marcinho abaixa a cabeça para ouvir sermões do líder e leu a Bíblia duas vezes. O traficante Uê morreu convertido pelo pastor, em 2001, em Bangu I. Outro que se diz "resgatado" é Washington Rimas, o Feijão de Acari, preso em 2006, na Bahia. A primeira visita que recebeu na cadeia foi do pastor. Quando deixou a prisão, começou a arquitetar a retomada do seu posto, mas recebeu uma nova visita do evangélico e desistiu. Passou três meses sob o teto da igreja e hoje trabalha no Afroreggae. Entre outras coisas, dá palestras para crianças de favelas contando as agruras da vida do crime.
- Conheci o pastor Marcos em 2000. Ele aparecia de madrugada na boca para evangelizar. Eu botava o fuzil nas costas e corria. Quando saí da cadeia, ele me chamou para morar na casa dele. Lá conheci o Júnior, coordenador do Afroreggae - conta. - A aproximação dele é com respeito e sinceridade. Nunca pede e nem aceita um tostão de traficantes.
O pastor conta que sustenta a sua igreja com dízimos e CDs. Juntos, os três cantores da congregação já venderam cerca de 500 mil cópias. Respeitado e temido pelos chefes - e ex-chefes - das favelas do Rio, o pastor de ovelhas negras é visto com desconfiança pela polícia, que há tempos investiga a sua suposta conivência com o crime organizado. Segundo ele, é comum aparecer na igreja um agente do Bope disfarçado de evangélico. O pastor é citado num dossiê da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o movimento de dinheiro da principal facção criminosa do Rio.
Em meados da década de 90, ele ficou na mira da polícia por quase dois anos. A então inspetora e hoje deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ) é quem conta essa história. Segundo ela, a polícia estava na cola de Marcinho VP. Como o pastor já era próximo do traficante e tinha arrebanhado a sua irmã, foi pedida uma ampla investigação, com direito a escuta telefônica e detetives seguindo fiéis da igreja.
De acordo com Marina, nada ficou comprovado. Em 2004, ela assumiu a Polinter, desativada em 2006, onde 1.800 presos ocupavam um espaço para 400 pessoas. No primeiro dia, a nova diretora resolveu reunir os presos e ouvir suas reivindicações. Eles pediram três coisas: água limpa para beber, ventiladores e a presença semanal do pastor Marcos.
- Foi inédito: presos das diferentes facções sentaram-se juntos no pátio da cadeia e choraram copiosamente no primeiro culto. Passei a permitir a entrada do pastor toda semana. Consegui segurar a Polinter sem rebeliões por um ano e dois meses graças a ele - reconhece Marina. - Foi a única opção que vi nos presídios nos meus 18 anos de polícia.
A maior façanha do pastor aconteceu em 31 de maio de 2004. Naquele dia, ele saiu de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde nasceu e mantém o seu QG, de helicóptero. O então secretário de Segurança Anthony Garotinho - também evangélico - mandou buscá-lo para intermediar uma das maiores rebeliões já vividas no estado.
A Casa de Custódia de Benfica estava nas mãos dos presos havia três dias, e 34 pessoas estavam mortas. Segundo o coronel Roberto Penteado, comandante do policiamento da Baixada Fluminense desde então, a situação se encaminhava para a invasão do Bope. Ele reconhece que "a contribuição do pastor ajudou a resolver a crise". O evangélico entrou na Casa de Custódia por volta das 17h. Antes das 22h, os presos se renderam.
O pastor não se cansa de falar do seu dia de glória:
- Quando chegamos, várias pessoas estavam amarradas em botijões de gás ou com facas no pescoço. Já fui gritando: "Vamos acabar com essa palhaçada. Vocês não querem morrer, então também não vão matar mais ninguém." Quando conseguimos recolher as armas, botei todo mundo sentado no pátio para louvar a Deus.
Fonte: O Globo
Leia: http://antenacrista.iblog.com/category/224674/242960

quarta-feira, 19 de março de 2008

SEXTA FEIRA SANTA A CELEBRAÇÃO FAMILIAR NA BAHIA – O "ACARAJÉ DE JESUS" E O "ACARAJÉ DO DEMÔNIO"

Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: kefingfoluke@hotmail.com

A princípio, recebo diversos e-mails de militantes negros (as) questionando o porquê do uso da palavra preto e não negro, recomendo a leitura do artigo da minha autoria:
Clique Aqui --> NEGRO OU PRETO: COMO SE DECLARAR O AFRICANO NO BRASIL
Na minha infância fui membro da Igreja Presbiteriana de Queimados-RJ e na adolescência e início da juventude da Igreja Presbiteriana do bairro da Piedade na cidade do RJ. Nas sextas-feira-santa a minha família agia diferentemente de todas as famílias presbiterianas, sendo meus pais baianos, esse dia apresentava uma sacralidade diferente da visão reformada calvinista, porque a minha mãe, também presbiteriana, mantinha a tradição dos antepassados como se fosse um ritual a preparação de comidas baianas: moqueca de peixe com bastante leite de coco, caruru, vatapá, feijão com leite de coco, arroz com leite de coco, muita pimenta, etc. um cheiro forte de azeite de dendê pela casa, quiabos sendo cortados, cocos ralados, e aquele trabalhão de ver minha mãe mexendo o vatapá, no sentido horário pra não embolar e só uma pessoa mexendo, tudo um respeito simbólico pela data. Durante minha infância não se ligava o rádio, não se falava alto, não podia falar palavrão e nem apanhar, isso pra mim era uma felicidade, comer bastantes comidas gostosas e não tomar uns catilipapos de minha mãe, porque sempre eu estava aprontando e recebendo as “admoestações necessárias”, mas, no sábado de aleluia, dia da malhação de Judas, eu não podia vacilar. Só não gostava do silêncio imposto dentro da casa, mas passávamos o dia todo ouvindo de minha mãe histórias sobre a Paixão de Cristo, do seu sofrimento e das lágrimas e dor de Maria, porque no linguajar simples e sábio dela:
- “Maria sofreu muito ao ver o filho que saiu de suas entranhas ser crucificado”.
Minha mãe era muito religiosa, sempre orava diversas vezes ao dia e sempre pedia a Deus que me livrasse do mal. Um dia ela me contou que Deus também tinha o nome de Nzambi e meu pai, ao ouvir, disse que ELE também se chamava Olorum e até hoje respeito esses nomes africanos de Deus. Hoje eu entendo essas diferenças lingüísticas e o motivo dos dois ensinamentos.
Nesse ínterim de todos os anos, apesar de viver no Rio de Janeiro, conheci grande variedades de comidas baianas, porque todas eram feitas dentro da minha casa, seja o abará, acarajé, bolinho de estudante, peixe assado na bananeira, efó, acaçá e outros. Verdadeiros rituais alimentares, essa preocupação da minha mãe de viver fora da Bahia e manter a tradição ancestral, foi de suma importância na minha concepção africana hoje, de continuar a tradição familiar na "sexta-feira santa", vivendo na Bahia de reunir-me com a minha família e saborearmos as deliciosas comidas cheias de dendê, leite de coco, gengibre, camarão, amendoim, castanha, pimenta, etc.
E milhares de famílias de pretos evangélicos estão deixando a tradição alimentar ancestral de reuniões familiares na diáspora na sexta-feira chamada santa, por discordarem do catolicismo e das alimentações de origem africana.
"Sexta-feira santa" sem vatapá, caruru, moqueca de peixe com leite de coco, moqueca de ovos com leite de coco e outras iguarias vindas dos nossos ancestrais pretos, não é "sexta-feira santa". Eu vou continuar mantendo a tradição da reunião familiar e comer o gostoso vatapá feito pela minha filha Aidan.
O "ACARAJÉ DE JESUS" E O "ACARAJÉ DO DEMÔNIO"

Sempre quando há reunião do CNNC /BA no final os jovens gostam de comer acarajé pertinho aqui de casa, e comem o acarajé de Jesus, porque a pessoa que vende se converteu a pouco em uma igreja evangélica, anteriormente antes da conversão eles comiam do mesmo acarajé. Na verdade pelo que eu sei os jovens do CNNC/BA comem qualquer um, como dizem:
- O gostoso é comer acarajé, preferivelmente de irmãs pretas, para que o dinheiro circule na nossa comunidade.
Há acarajé conforme muitos membros pretos de igrejas evangélicas que é o “acarajé do diabo”, quer dizer de pessoas que freqüentam o candomblé. Eu como qualquer acarajé, não quero saber a origem a religiosa, sendo assim, como saber se a padaria é de Jesus? O mercado é de Jesus? O açougue é de Jesus? O remédio é de Jesus? Por que ninguém recusa a vender para quem não é de Jesus? Quando vamos ao médico perguntamos a religião do médico (a) antes da consulta médica? Ou quando pegamos um táxi? Ou compramos um carro? Você se retira da faculdade porque o professor é evangélico ou de candomblé? Deixa de considerar os seus pais, avós, irmãos, filhos e filhas porque seguem religiões diferentes? Pura hipocrisia de pessoas que tentam se tornar donas e donos das divindades. Yeshua não deve ser citado nesses atos discriminatórios. Vejo ai uma maneira muito direta de atacar as origens ancestrais alimentares do povo preto.
A tradição africana na Bahia tem uma nova adaptação para aumento de renda de irmãs e irmãos pretos evangélicos, o que foi considerado por algumas baianas de acarajé até mesmo uma luta econômica bem articulada para a quebradeira das baianas. Há igrejas da Assembléia de Deus que existem vendedoras de “acarajé de Jesus” em frente aos templos, fato este também encontrado em frente da Igreja Universal na Liberdade-Salvador-Bahia, e na chamada Catedral da Fé da Universal do Reino de Deus em Salvador-Ba, que tem cinco andares e reúne milhares de membros em diversas reuniões.
Diariamente a venda do “acarajé de Jesus” foi pesquisada por Roberto Kaz com o tema: Relatos de uma guerra Baianas no candomblé insistem que Jesus não comia acarajé
"Em frente à Catedral da Fé, ninguém acha que o quitute feito por Tânia tenha parte com o demo. Um dia, durante uma pregação, um bispo da Universal anunciou que nunca tinha comido acarajé, e que ficaria feliz se algum fiel o presenteasse com um bolinho. Foi a senha para que o acarajé saísse do index proibitorum e caísse definitivamente nas graças do mundo evangélico.
“E no largo da Amaralina, o ponto de acarajé mais antigo de Salvador, uma evangélica chamada Josélice — que só aceita dar entrevista mediante pagamento — trabalha com a Bíblia aberta sobre o tabuleiro.”
Miraci é uma baiana que nunca esteve na ilegalidade. Trabalha há quinze anos no Pelourinho, último reduto do acarajé tradicional: “Se nós entramos com a nossa roupa e esses colares num templo evangélico, eles nos expulsam. Então, também não deixamos baiana evangélica entrar no Pelourinho. Quando vejo um tabuleiro com letreiro escrito ‘acarajé de Jesus’, pergunto à baiana se ela por acaso já viu Jesus comer acarajé. Quem é que já leu na Bíblia que em tal ano Jesus comeu acarajé? Jesus come é pão. Não sou contra Jesus — Ele é o Todo-Poderoso —, mas se os evangélicos dizem que o acarajé deles está com Jesus, é porque, na lógica, o nosso só pode estar com o demônio”.
“Ao meio-dia, termina o segundo culto. Homens, mulheres e crianças, que vieram de longe com suas melhores roupas, fazem fila diante do tabuleiro de Tânia. Rosany Amorim de Araújo é uma delas. Formada em antropologia pela Universidade Federal da Bahia, veste um uniforme em que se lê: “Exército de Cristo em Ação — Grupo de Evangelização”. Ela só come acarajé de Jesus, e usa seus conhecimentos antropológicos para reconhecer uma baiana evangélica: “Procuro sempre pelos adesivos de Cristo no tabuleiro”. Ângela Maria Santos Silva é outra freguesa. Diz que não come acarajé de fora “porque pode estar amaldiçoado”. Explica: “Tem acarajé pro mal e pro bem. O gosto não muda, mas o fato de Deus faz diferença”. “E pode fazer mesmo. Euflazio Bispodos Santos é um senhor de bengala. Está convencido de que passa mal da barriga quando come acarajé de rua. Quando come o de Deus, não. Já tendo certa idade, prefere ser cauteloso. Só come acarajé de Jesus. E dane-se se for ilegal”

Leia todo o artigo:
http://www.revistapiaui.com.br/artigo.aspx?id=354&anterior=102006&unica=1&anteriores=1
Raul Lody e Elizabeth de Castro Mendonça foram os antropólogos que realizaram a pesquisa que consistiu na realização de entrevistas; levantamento bibliográfico; registros audiovisuais e, dentre outras coisas, visita a pontos característicos de baianas do acarajé na cidade de Salvador tais como Bonfim, Pelourinho, Barra, Ondina, Rio Vermelho e Piatã. Brotas também foi um dos bairros visitados devido à presença de um “baiano de tabuleiro”, evangélico.
As baianas sofrem, cada vez mais, com a concorrência da venda do acarajé no comércio de bares, supermercados e restaurantes baseados, inclusive, no marketing do bolinho de acarajé como fast food. Essa apropriação do acarajé contraria o seu universo cultural original e a sua venda como “bolinho de Jesus” pelos adeptos de religiões evangélicas – que postam Bíblias em seus tabuleiros - tem causado polêmica.
“Se você tem uma religião que é contrária ao candomblé, por que vender acarajé e não qualquer outro quitute?” indaga Dona Dica diante do seu tabuleiro no Largo Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, ressaltando que o acarajé, para a maioria das baianas de tabuleiro, filhas-de-santo, é indissociável do candomblé. Essa indistinção não deixa de ser, também, uma estratégia de diferenciação de seus produtos, num contexto de concorrência cada mais acirrada que é Salvador, uma cidade que atrai muitos turistas por ser considerada como o locus de africanismos no Brasil, a partir dos quais uma inegável comercialização da cultura negra tem se constituído.
As baianas do acarajé
Carolina Cantarino

http://www.revista.iphan.gov.br/materia.php?id=65
"Cinismo e cabotinismo dessa gente que sem nenhum pudor se apropria da cultura dos outros, desqualificando-a, para ganhar dinheiro de “forma limpa”. O fundamentalismo cristão de certas vertentes evangélicas prega a discriminação, a intolerância e o ódio, sentimentos que se opõem à própria concepção de cristianismo, no marketing de seu purismo, de sua verdade e validade absolutas. Recusei-me a comer o “acarajé de cristão” por considerá-lo ridículo e acintoso, e mesmo que tenha o mesmo gosto – o que não parece ser possível! – certamente provocaria uma tremenda indigestão cultural, moral e ética. No mundo da competição desenfreada, da perda de valores e do cinismo como legitimador de condutas, o “acarajé de cristão” pode até ter algum espaço no mercado gastronômico, mas só as pessoas de alma pequena, ou sem alma alguma, comerão esse “bolo” que é vendido como se fosse sagrado por ser feito por “mãos limpas” de cristão. A competição religiosa atinge níveis intoleráveis. Tratada como um negócio no mercado dos bens simbólicos e de salvação, as religiões de mercado se debatem, cada qual com seu estilo, para atrair clientes, consumidores de fé e de devoção. De padres e pastores espetaculosos, anunciadores de milagres, arrebatam gigantescas fortunas que são reinvestidas em meios de comunicação e conchas acústicas para a ressonância de seus discursos. Sobre a angústia e o desespero dos brasileiros, as religiões de mercado executam uma performance econômica sem igual nos demais ramos produtivos. Da privatização do Céu à do acarajé, e sempre em nome de Jesus, para ganhar dinheiro e, com isso conquistar o poder, em todos os campos. O “acarajé cristão” é uma bomba de efeito retardado. É a transfiguração cultural e religiosa de um bem, material e simbólico, de uma tradição cultural, a afro-brasileira, transformando-o numa coisa sem significado, destituído de sua essência. Gradativa e celeremente o vetor da religiosidade fundamentalista penetra pelas brechas que a miséria, a ignorância e a alienação abrem na sociedade civilizada e ocupam espaços enormes com a intolerância religiosa, cultural e social". Gey Espinheira – sociólogo, professor de sociologia da FFCH/UFBa., ensaísta e ficcionista.
Leia todo o artigo:
http://www.forum.clickgratis.com.br/tjlivres/t-592.html


Salvador (BA) - A baiana Anelita Conceição Viana, vendedora de acarajé.
1 de Fevereiro de 2008 (01/02/2008)
Rodrigues Pozzebom
http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Baiana-acaraj%C3%A9-Salvador.jpg
CONCLUSÃO
Quem ganha dinheiro com as culturas africanas na Bahia não é a comunidade preta, e todos sabem disso. Os milhões arrecadados anualmente com as manifestações culturais não retornam para os guetos de Salvador. Esse discurso é infantil e falta seriedade, não podemos guerrear contra nós mesmos.
Não há diferenças no "acarajé de Jesus" e nos outros acarajés, todos são feitos por mulheres pretas que aprenderam com as suas ancestrais, tanto assim que relatei que a minha mãe fazia há mais de 40 anos ralando o feijão fradinho na pedra, objetivando que seus filhos e filha conhecessem a tradição, isso lá no quintal de nossa casa em Queimados-RJ.
São todas mulheres pretas que fazem, sendo elas de candomblé, católicas, espíritas, agnósticas ou evangélicas as quais mantêm o sustento de famílias pretas. O que há são formas de manutenção da tradição ancestral africana, porque os degustadores(as) do acarajé são evangélicos pretos e pretas baianas que consumiam o “acarajé do demônio”, escondidos de seus pastores, e hoje muitos deles continuam a saborear a mesma iguaria feita por mulheres que se tornaram evangélicas e denominaram de “acarajé de Jesus”.
Discordo dessa denominação: “acarajé do demônio” por estar imbuída de preconceitos religiosos e anti-africanos feito por seguidores de teologias eurocêntricas. Todo alimento de origem africana é abençoado por Javé, porque de lá surgiram os primeiros hábitos alimentares de toda a humanidade. Somos o povo original.
As nossas heranças culturais tornaram-se alvos prediletos de se atacar todo um povo na diáspora, de minar o crescimento do Panafricanismo, de impedir a união do povo preto. Qual o seguidor de candomblé na Bahia que não tem dentro de sua família um membro da igreja católica ou evangélica? Existem famílias na Bahia em sua totalidade de praticantes de uma só concepção religiosa? Essas táticas são de bispos e pastores que odeiam as culturas africanas e o povo preto e demonizam alguns hábitos alimentares de origem africana, com objetivo de afetar a estrutura psíquica do povo preto evangélico. Dizem:
“O que você aprendeu a comer foi o diabo que ensinou”
E respondo a eles:
- O Diabo não existe nas culturas africanas que vieram seqüestradas para o Brasil e a Bíblia cita que o Diabo é o Pai da Mentira, é o que eles fazem é difundir mentiras contra o nosso povo.

Agora, permita-me comer um delicioso acarajé!
Acarajé - da Bahia

quinta-feira, 13 de março de 2008

A MALDIÇÃO DE CAM – MENTIRAS PARA ESCRAVIZAR E EXPLORAR O POVO PRETO

Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: kefingfoluke@hotmail.com
Dezenas de irmãs e irmãos enviam e-mails relatando experiências de discriminação racial e com preocupações sobre a maldição de Cam que ainda é ensinada em suas igrejas. Uma irmã do sul do país escreveu:
"(...) QUERIA SABER PORQUE O POVO NEGRO SOFRE TANTO, QUESTIONEI A UM PASTOR QUE ME DISSE QUE O NEGRO ERA UM POVO AMALDIÇOADO POR DEUS, ATRAVÉS DA MARCA DE CAIM OU CANNÃ FILHO DE NOÉ, ME REVOLTEI E PROCUREI EXPLICAÇÕES, ALGUNS PASTORES DE SITES EVANGÉLICOS JÁ ME RESPONDERAM AO CONTRÁRIO QUE O POVO NEGRO É UM POVO ABENÇOADO POR DEUS (...)”
Também pessoas não vinculadas a grupos religiosos escrevem pedindo informações sobre tal tema, dessa forma resolvi escrever sobre este assunto que ainda prejudica espiritualmente e serve de mistificação racial na sociedade.
A pretensa maldição de Cam trouxe lucros tanto para a igreja católica como para a protestante, grande exemplo é a ordem dos jesuítas que enriqueceu com os “amaldiçoados”, e dentro do protestantismo serviu para manutenção da escravidão. Hoje, é usada ainda para preterir os descendentes de africanos do bem-comum, e por incrível que pareça tem recebido outras designações que afetam diretamente o povo preto no mundo.
Escrevemos sobre as conseqüências dessa ideologia, cujo ataque atual se destinou dentro do continente africano, especificamente no Congo, afetando crianças, confira no nosso blogger:
A maldição de Cam é usada diretamente para alimentar a intolerância religiosa e como base de ataques as religiões de matriz africana e motivos dentro do cristianismo para introjetar o desamor e a baixa estima aos pretos nas igrejas evangélicas.

ENTENDENDO A MALDIÇÃO DE CAM
A maldição é usada especialmente em dois momentos no livro de Gênesis, os quais usam para referir erradamente à cor preta, primeiramente para os descendentes de Caim:
“O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.” (Gênesis 4:15)
E em relação à Canaã, o filho de Cam:
“E começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha.
Bebeu do vinho, e embriagou-se; e achava-se nu dentro da sua tenda.
E Cão, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora.
Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre os seus ombros, e andando virados para trás, cobriram a nudez de seu pai, tendo os rostos virados, de maneira que não viram a nudez de seu pai.
Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera; e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.
Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.”
(Gênesis 9:20-27)
Esses textos, especialmente o segundo, serviram para corroborar a escravidão de africanos, numa mutilação e deturpação dos escritos bíblicos. Tenho afirmado constantemente que os atores e atrizes do Primeiro Testamento e também os espaços geográficos dos eventos citados ocorreram em terras afro-asiáticas, sendo impossível a presença de civilizações brancas participantes de tais fatos. Dessa maneira, o assevero que historicamente e arqueologicamente a marca de cor preta como maldição é deveras impossível, sendo mais uma mentira dos caucasianos. E continuo desafiando teólogos e historiadores que me comprovem se houve a presença de populações européias no cenário inicial dos fatos escritos no livro de Gênesis.
Há questionamentos sobre a nudez de Noé e da sua embriaguez, alguns estudiosos afirmam que houve um ato de homossexualidade entre ele e seu filho Cam. “Viu a nudez de seu pai” alguns interpretam como sendo de ordem homossexual, segundo Jean-Philippe Omotunde, estes fatos são duvidosos:
"Presta bem atenção pois é longe de ser uma brincadeira. Alguns dizem "ele viu seu pai nu", tem que entender que ele cometeu um ato de homosexualidade com ele, de onde a maldição de Cam (ver alguém nu é igual a uma sodomia na cultura judia, eis o porque desta menção no "Middrash"). Autros dizem que Cam copulou com animais na arca e é por esta razão que ele ficou preto e maldito. É dito também que Deus, tendo dito que amaldiçoaria mais seus filhos, só lhe restavam os netos para amaldiçoar. Para a Biblia de Chouraqui, Cam viu o sexo do seu pai e "o Deus dos abençoados Israel abominava a falta de pudor acima de tudo". Robert Graves e Raphaël Pataï (ref. "Les mythes hébreux (= Os mitos hebreus)", Fayard, 1987, P. 129-134) acrescentam que de fato Canaã emasculou seu avô com uma corda debaixo da tenda e Cam vendo isto riu. Mas eles lembram que também existe uma versão que diz que é o Cam mesmo que procedeu a esta emasculação. O dicionario enciclopedico do judaismo revela que Cam teria estuprado sua mãe e concebido assim Canaã. Isto não é tudo. Para o Rabino Rachi, é o Canaã que viu primeiro seu pai nu (ref. "Le commentaire de Rachi sur le pentateuque (= O comentario de Rachi sobre o "pentateuque")", livro de Keren Hasefer). Está vendo, nadamos em um mar de baixarias."
http://br.msnusers.com/AfrodescendentesnasIgrejasEvangelicas/general.msnw?action=get_message&mview=0&ID_Message=588&LastModified=4675448933753675230
Há muitas versões dos textos de Gênesis e com certeza já comprovada manipulações de traduções. Onde estão os textos originais? Quem manipulou e modificou os textos copiados? Quais foram e são os interesses de exegeses forçadas e hermenêuticas anti-preto? Nós sabemos que as primeiras civilizações apareceram no continente africano e nós os pretos e pretas somos a essência divina, os seres originais criados a imagem e semelhança de Deus que planejou e executou a criação da humanidade de cor de ébano para surgir na África, o qual é comprovada por todos e todas pesquisadoras e cientistas, entendemos que a falsa maldição se torna inveja e ódio ao povo preto. A maldição de Cam é uma mentira inventada pelo eurocentrismo para roubar as riquezas do continente abençoado e tentar destruir os seres originais.
Uma pergunta paira no ar: Noé teve 03 filhos de colorações epiteliais diferentes? Mas, Noé, foi um homem preto. Como se explicar esse fato? A tal maldição foi parar em Canaã, o seu neto, porque os hebreus iriam invadir aquele território. Afirmar que os semitas não eram pretos ofende a minha inteligência. E sobre Jafé? Era um homem branco? Os historiadores não podem caminhar por essas designações; a primeira civilização caucasiana conhecida foi a helênica que surgiu entre 1800.Ac a 2000 A.C. As localizações dos descendentes de Jafé que embranqueceram posteriormente é correta nas regiões do Cáucaso, sendo conhecidos no Primeiro Testamento como pagãos.
Tenho afirmado categoricamente que os antigos hebreus foram pretos, nesse sentido não há maldição racial, historicamente, essa afirmação é uma falácia. Confira o artigo do blogger do CNNC:
Clique Aqui - OS HEBREUS PRETOS

A IGREJA CATÓLICA E A MALDIÇÃO DE CAM
A igreja Católica Apostólica Romana vai corroborar a maldição de Cam em acordos políticos, bulas papais, práticas escravocratas como o tráfico, catequese, na beatificação de pessoas que tiveram visões imbuídas de racismo.
O site sobre a Doutrina Católica explica a concepção assumida pela igreja na época da escravidão do povo africano.
Missionário capuchinho queima casa de ídolos na África Centro-Ocidental, década de 1740. Fonte: Paola Collo and Silvia Benso (eds.), Sogno: Bamba, Pemba, Ovando e altre contrade dei regni di Congo, Angola e adjacenti (Milan: published privately by Franco Maria Ricci, 1986), p. 163.
"A alma do negro africano regenerada pelo batismo não estava mais cativa, ela se libertava do poder do diabo que governa as religiões em África, o escravo no Brasil devia preservar essa liberdade da alma, para não cair sob o domínio dos poderes malignos do seu continente de origem.
O que se deu na verdade, segundo o entendimento da época, foi o predomínio da idéia de que era preferível a esses grupos humanos viveram como escravos numa cultura cristã, a viverem na barbárie do estado tribal, praticando o animismo, a idolatria e o politeísmo, com a observância de práticas de sacrifícios humanos, com guerras tribais sangrentas e , principalmente , com a escravidão vigorando entre os próprios nativos da África e também pelas mãos dos comerciantes muçulmanos !
É uma ilusão pensar que os povos da África gozavam de um estado de liberdade e de bem-estar em suas regiões de origem ou que eram governados de forma justa e que viviam sob princípios humanitários e éticos naturais, reverenciando um conjunto de crenças que portassem valores éticos próximos aos do cristianismo".
http://br.geocities.com/worth_2001/Escravidao.html

O papa Nicolau V, no dia 8 de janeiro de 1455, promulgou a Bula Romanus Pontifex, que, entre outras aberrações, afirma que: “Nós (...) concedemos livre e ampla licença ao rei Afonso para invadir, perseguir, capturar, derrotar e submeter todos os sarracenos e quaisquer pagãos e outros inimigos de Cristo onde quer que estejam seus reinos (...) e propriedade, e reduzi-los à escravidão perpétua e tomar para si seus sucessores seus reinos (...) e propriedades”.
Na apresentação do combonianos, o padre Isaías Rocha incorre na idéia de maldição:
"A Missão
A missão de Comboni foi teologal, onde o primado da fé teve vantagem. Dela disse a missionária que ele mais estimava, Teresa Grigolini: «exteriormente não parecia homem de recolhimento, mas ao olhar para ele ficava-me a sensação de que estava sempre na presença de Deus». Homem do deserto, contemplativo do Coração do Bom Pastor, não falhava na oração e dela sentia o impulso para «abraçar os cem milhões de africanos ainda considerados sob a maldição de Cam."
Pe. Isaías Rocha Pereira, MCCJ
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=3417&seccaoid=8&tipoid=171
PADRE VIEIRA
O Padre Antônio Vieira em seus Sermões (XI e XXVII), afirma que :
-"A África é o inferno de onde Deus se digna retirar os condenados para, pelo purgatório da escravidão nas Américas, finalmente alcançarem o paraíso".
"É melhor ser escravo no Brasil e salvar sua alma do que viver livre na África e perdê-la? "
Pe. Antonio Vieira .
O RACISMO DE ANNE CATHERINE EMMERICH
A religiosa agostiniana, Anne Catherine Emmerich estigmática e extática nasceu em 8 de setembro de 1774 em Flamsche, perto de Coesfeld na Diocese de Munster, em Westphalia, Alemanha, e morreu em 9 de fevereiro de 1824 em Dulmen. Suas visões estão descritas nos livros “A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo de acordo com as Meditações de Anne Catherine Emmerich”, “A Vida da Santíssima Virgem Maria” e “A Vida de Nosso Senhor”.
As visões de Anne são contestadas de veracidade por alguns católicos e combatidas por causa do racismo contra pretos e também pelo anti-semitismo. No que tange a população preta ela diz em suas visões que o povo preto tem a marca da maldição oriunda de Caim e somos um povo degradado, almadiçoado e nas suas visões também vê o diabo de cor preta e odioso. Visões estas que ela diz ter recebido do próprio Senhor Jesus Cristo e os católicos a beatificaram. O Filme “A Paixão de Cristo de Mel Gibson”, foi inspirado nas visões dessa beata e muitos evangélicos pretos assistiram e ficaram felizes, alguns passaram mal e teve até mortes por emoção. Um filme baseado em visões de uma pessoa que não respeitou a população preta no planeta. Leia sobre as visões de Anne em inglês:
http://www.all-jesus.com/scriptures/bible1-4.htm
“O filme de Gibson na verdade não passa de uma interpretação cinematográfica católica das últimas horas de Cristo o qual os Evangelhos nunca relataram. A conhecida e venerada Anne, a freira que é considerada visionária, profetiza e que esteve com o místico sinal do estigma nas mãos foi a principal fonte de Mel Gibson em sua inspiração para relatar o filme, ele próprio confirma tal fato em vários setores da comunicação. No entanto, ele diz que: "O Espírito Santo estava trabalhando através de mim neste filme." Mas em outro lugar diz: "Ela me passou dados que eu nunca teria pensado." (The New Yorker, 09/15/03). Em suas visões ela viu os protestantes sofrendo mais que os católicos no purgatório porque ninguém oferece missas ou rezas para eles. Nos últimos 12 anos da vida de Anne é alegado que ela se alimentou somente da hóstia... O livro de Anne em que relata a vida de Cristo em imagens e situações, apontando o papel de Maria como co-redentora junto com Cristo, é evidenciado no filme de Gibson. Gibson foi também influenciado por Mary de Agreda (1602-1665), uma freira católica e mística visionária. Ela foi sempre tomada em transes, o que a levou a ensinar pessoas em línguas estranhas. Em seu livro Mistica Cidade de Deus, Agreda oferece muitos detalhes sobre Maria e a paixão de Cristo que não estão na Bíblia... “
http://www.eternojesus.com/noticias/televisao/estudos.htm
A invenção da maldição de Cam tem sido contestada até no blogger dos ateus e os mesmos acusam Deus por culpa dos racistas:
"É bom lembrar que a maldição de Canaã também foi utilizada para justificar a escravidão. Muitos líderes religiosos, como os clérigos Robert Jamieson, A. R. Fausset e David Brown, em seus comentários bíblicos asseveram:
“Maldito seja Canaã, (
Gênesis 9:25) esta maldição se tem cumprido na (…) escravização dos africanos, os descendentes de Cão.” — Comentário, Crítico e Explicativo, de Toda a Bíblia.
Afirmava-se que não só a escravização dos negros cumpria tal maldição bíblica, mas que sua cor preta também. Assim, muitos brancos foram levados a presumir que os negros são inferiores, e que Deus propôs que fossem servos dos brancos. Até mesmo há uns cem anos atrás a Igreja Católica detinha o conceito de que os negros foram amaldiçoados por Deus. Maxwell explica que este conceito “aparentemente sobreviveu até 1873, quando o Papa Pio IX associou uma indulgência à oração em favor dos “desgraçados etíopes da África Central, para que o Deus Todo-poderoso remova inteiramente a maldição de Cam de seus corações””.
Todavia, a mais de 1.500 anos antes de Cristo, os rabinos judeus já ensinavam uma estória sobre a origem da pele negra. Afirma a Encyclopædia Judaica que “Cus (nome estranho), o descendente de Cam, tem pele negra como castigo por Cam ter tido relações sexuais na arca”. “Estórias” similares foram propagadas nos tempos modernos. Os defensores da escravidão, tais como John Fletcher, de Luisiana - EUA, por exemplo, ensinavam que o pecado que motivou a maldição de Noé fora o casamento inter-racial. Afirmava que Caim fora assolado com a pele negra por matar seu irmão, Abel, e que Cam pecara por se casar com alguém da raça de Caim. É digno de nota também que Nathan Lord, presidente da Faculdade Dartmouth no último século, atribuiu também a maldição de Noé sobre Canaã parcialmente ao “casamento misto proibido de Cam com a raça previamente iníqua e amaldiçoada de Caim”. Hoje em dia ainda há igrejas que defendem estas interpretações, embora não defendam mais a escravidão.
Bem, é isso aí. De um simples porre, como muitos por aí tomam todos os dias, surgiu uma contenda eterna entre dois povos e se justificou séculos de submissão de uma etnia. Coisas da fé. Coisas de Deus".
Autor: Abmael Ribeiro
http://ateusdobrasil.com.br/artigos/comportamentos/bebedeira_noe.php

A MALDIÇÃO DE CAM NO PROTESTANTISMO
A Historiadora Elizete da Silva em - Visões Protestantes Sobre a Escravidão - escreveu:
“O fundamentalismo das denominações protestantes dos EUA se transformou em terreno fértil para justificativas da escravidão, que buscavam embasamento doutrinário para apaziguar a consciência dos escravocratas do sul. Citando a história de Noé, identificavam a maldição de Cam, por ter surpreendido o patriarca nu e embriagado, como a maldição dos negros. “Os Teólogos racistas acrescentaram que os negros descendem de Cam e, portanto estão condenados à servidão e à escravidão permanentes. Juan Bautista Casas, sacerdote espanhol alegava em 1869 que a raça negra sofre da maldição narrada no Pentateuco e que a sua inferioridade se perpetuava através de séculos.”
http://209.85.165.104/search?q=cache:IcVg7VuLl_8J:www.pucsp.br/rever/rv1_2003/p_silva.pdf+A+MALDI%C3%87%C3%83O+DE+CAM+NO+PROTESTANTISMO&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br
As Igrejas Protestantes através da história foram às grandes defensoras da idéia da maldição de Cam, e ainda hoje, a continuidade desses ensinos se adaptou e tornaram pontos doutrinários, assunto sobre as maldições foram trabalhados no nosso blogger:
Clique Aqui - ESCRAVIDÃO E RACISMO TEOLÓGICO
Clique Aqui - OS MÓRMONS E OS NEGROS
Hernani Francisco da Silva escreveu:
“Não foram só os Anglicanos coniventes com a escravidão negra no Brasil. Outras igrejas históricas também participaram dela. Os primeiros colonos batistas eram favoráveis e foram proprietários de escravos. Em Santa Bárbara D’Oeste, primeiro núcleo batista, o trabalho escravo existiu como mão-de-obra usada na agricultura e em tarefas domésticas. Os colonos batistas eram senhores de escravos, a exemplo da Senhora Ellis, dona de um sítio e que providenciara hospedagem nos primeiros meses ao casal de missionários W. Bagby, fundador da Primeira Igreja Batista do Brasil. Os metodistas, defensores dos direitos humanos e da abolição do escravismo na Inglaterra e nos EUA, ao chegarem no Brasil acomodaram-se ao ambiente escravista e quase nada fizeram com repercussão pública, em favor dos escravos. Conforme um estudo sobre o metodismo brasileiro durante o período que antecedeu, ou mesmo depois da "libertação dos escravos," a Igreja Metodista jamais chegou a defender oficialmente sua posição em relação à escravidão no Brasil. Os primeiros Presbiterianos, também sulistas, conservaram-se por muito tempo fiéis à lembrança de sua causa nacional, um destes missionários presbiteriano sulista se havia conservado tão firme em suas convicções que, quando em 1886 o presbiteriano Eduardo Carlos Pereira publicou uma brochura em favor da abolição da escravatura, ele escreveu um verdadeiro tratado anti-abolicionista. Dos luteranos sabemos que os primeiros escravos negros da Colônia Alemã Protestante de Três Forquilhas entraram por volta de 1846, por iniciativa do pastor Carlos Leopoldo Voges. Outros colonos protestantes copiaram seu exemplo (Mittmann, Hoffmann, König, Grassmann, Kellermann, Jacoby, Schmitt e outros).”
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=20880

CONCLUSÃO
A ingenuidade, a colonização mental e espiritual, os livros didáticos, o desconhecimento do afrocentrismo, os seminários e teologias mal formuladas aliadas aos interesses econômicos, sociais e políticos fazem com que a população preta acredite em pastores e padres mal informados ou mal intencionados. Torna- se- á necessário desmitificar essas mentiras que pairam nas mentes da população preta. O nosso povo nunca foi amaldiçoado. Basta de mentiras! Foi todo um processo planejado nas catedrais, nos concílios, no desejo de poder das igrejas católicas e protestantes e suas alianças com potências caucasianas, nas invasões através do mercantilismo, da escravidão, do colonialismo, do neocolonialismo, no capitalismo para roubar o continente africano e escravizar os seus filhos e filhas, atualmente tentando mantê-los desinformados e alheios da real liberdade com estigmas de amaldiçoados.
A população preta civilizou o planeta, criou todas as ciências e grandes religiões, por isso o ódio e a inveja dos africanos e seus descendentes, tentam fazer da criação de Deus, uma caricatura pela mentira. Temos que reagir, não se pode aceitar a distorção histórica e bíblica, é necessário perfazer os ensinamentos maldosos e distorcidos.
O texto que pode ser pesquisado pelo amado leitor e a amada leitora sobre os primeiros habitantes do planeta, está no nosso blogger:
Clique Aqui - EVA PRETA
O povo preto é abençoado e nele não paira nenhuma maldição. Quando Javé terminou a sua obra na África e fez o homem da lama preta disse:
Gênesis 1:27 - “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
Gênesis 1:31 - “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.”


Muito bom ter criado a humanidade preta, assim foi à palavra de Javé. Muito bom a humanidade surgir no continente abençoado. Muito bom sermos o povo original, feito a semelhança e imagem de Deus.

sábado, 8 de março de 2008

MARIA W. STEWART – A PRIMEIRA MULHER PRETA JORNALISTA E FEMINISTA

Por: Ulisses Passos. Acadêmico de Direito, Pan-Africanista e Presidente do CNNC/BA. Pseudônimo: Aswad Simba Foluke. E-mail: ulisses_soares@hotmail.com


O CNNC/BA parabeniza todas as rainhas guerreiras pretas pelo dia Internacional das Mulheres!

"Por quanto tempo as filhas da África serão forçadas a enterrar as suas mentes e talentos abaixo de uma carga de potes de ferro e caldeiras?"
Maria W. Stewart

INTRODUÇÃO
Em Connecticut, hoje uma das cinqüenta unidades federativas dos USA, as atrocidades do regime de escravidão dizimaram a população nativa e os poucos grupos que resistiram foram exterminados nas guerras de 1600s. Com o crescimento do comércio dos navios tumbeiros e a necessidade de mão-de-obra, os escravizadores de Connecticut introduziram a escravização e seqüestros dos pretos africanos, embora não houvesse uma coesão de todos os brancos acerca desse comércio. Entretanto com o aumento da população preta e as beneficies econômicas geradas pelos escravizados africanos aos caucasianos escravizadores, as divergências entre eles foram sanadas pela ganância e pelo ódio aos homens originais.


Prisão em Connecticut em 1800s.

A influência dos Protestantes foi fundamental para a escravidão em Connecticut, usavam a Bíblia para legitimá-la, legitimar o racismo e a submissão das mulheres. Os Puritanos modificaram o regime de escravidão em Connecticut, fazendo perpetua, já que antes mais se aproximara da servidão.
Uma série de leis promulgadas 1690 e 1730 firmou o Código Negro, que disciplinava as relações escravocratas naquele estado. Apesar de diferenciar bastantes dos Códigos dos Estados do Sul, ao considerar os pretos pessoas com personalidade jurídica, a jurisprudência, dos trâmites da lei, apenas interpretava como pessoa de Direitos e Deveres os caucasianos:
“Na lei de 1642 que determinava que fosse proibido roubar o “homem ou a humanidade”, foi interpretado o significado apenas a humanidade caucasiana.” (New Haven Teachers Institute of Yale).
Com o crescimento exorbitante da população preta em Connecticut e as diversas revoltas e insurreições comandadas por pretos os legisladores decidiram proibir o tráfico de africanos. Também essa foi uma política para o branqueamento desse estado.
Neste contexto nasce Maria Miller.

Maria W. Stewart - A Primeira Mulher Preta Jornalista e Feminista.
Maria Miller nasceu em Hartford, Connecticut em 1803. Aos cinco anos de idade, ela se tornou um órfã. Foi enviada para trabalhar como ajudante de um clérigo da família até os seus quinze anos, sendo privada de educação e submissa. Logo após freqüentou a Escola Sabatina (Sabbatah School) e para se sustentar trabalhava de empregada doméstica.
Em 10 de agosto de 1826, ela casou-se com James W. Stewart, sob a benção do Reverendo Paul Thomas, na Igreja do Encontro Africano (African Meeting House), também conhecida como A Primeira Igreja Batista Africana, construída apenas pelo trabalho de pretos e pretas, tornou-se um local de celebrações e de reuniões antiescravistas.
James Stewart era empresário independente de pesca que conseguiu relativo sucesso nos negócios, permitindo que ele e sua esposa levassem uma vida de classe média em Boston.
Após três anos de casamento, James Stewart morre, e a herança é apropriada de Maria por empresários brancos que a deixaram sem residência e renda. Então começa a palestrar sobre os direitos das mulheres pretas, para sustentar-se. Sendo influenciada por David Walker, um militante preto, mais conhecido por seu panfleto Walker's Appeal, aonde defendia o orgulho negro, exigia a imediata libertação dos escravizados pretos, e a resistência violenta como um meio para conseguir a liberdade, sendo morto em 1830.
Maria Stewart publica uma coleção de diversas meditações religiosas e manteve-se discursando e palestrando sobre os direitos das mulheres pretas e contra a escravidão por apenas três anos, contudo suficientes para fazer dela o ícone da luta das mulheres pretas em todo o mundo. Foi provavelmente a primeira mulher preta jornalista e escrevia o que a sociedade escravocrata branca não queria ouvir, alguns dos seus artigos foram publicados no jornal abolicionista “O Libertador”.
Stewart defendia que todas as mulheres tinham o direito de expressão e Deus fez o homem e as mulheres iguais, combateu a tirania, a escravidão, a opressão econômica e política do povo preto. Protestou contra a proposta de enviar pretos para a África após séculos de exploração dentro dos Estados Unidos da América, iriam enviar a uma terra estranha, sem direitos e ficariam com os cofres cheios dos trabalhos dos escravizados, sendo necessário que os pretos e pretas desfrutassem do fruto das suas lágrimas e do seu sangue, exigindo reparação dos atos cometidos pelos brancos.
Foi uma cristã ativa, membro da Igreja Batista e usou a Bíblia como base de seus argumentos que a escravidão era errada e violava a vontade divina.
Nas suas palestras religiosas citava trechos dos livros de Lamentações, Juízes, Ester, Mateus e Apocalipse e reiterava que as rebeliões e as destruições eram da vontade de Deus para punir os escravizadores.
Refutava os escritos do apóstolo Paulo que dizem que a mulher deve ser submissa aos homens e o seu apoio a escravidão e, afirmava que se Paulo conhecesse a realidade das mulheres e da escravidão não seria contestado publicamente por ela.
Em seus discursos, assaz religiosa falava com altivez em uma concepção pan-africanista:
Rezo que as cadeias da vitimização, discriminação e opressão jamais impeça-nos de estarmos unidos como um na luta na nossa luta pela justiça social.
Ascendia a esperança no povo preto de um Deus Libertador e Igualitário, citando o livro de Isaías 55:1:
Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
E repreendia os escravocratas citando o texto de Provérbios 14:34:
A justiça exalta os povos, mas o pecado é a vergonha das nações.
Nos seus discursos conclamava a união do povo preto para a construção de suas próprias escolas, centros comerciais, etc., e censurava os gastos desnecessários que não contribuíam para a união e crescimento do povo preto. Afirmava que todo o trabalho sujo na América era feito pela população preta e deveriam começar a fazer trabalhos limpos para ajudar a si mesmos. Clamava pelo crescimento da auto-estima da população e na fé e confiança no Eterno para ajudar a vencer as dificuldades, mas tinham que agir.
Ela pronunciou-se contra o comportamento autodestrutivo, como o alcoolismo no seio da comunidade preta, porque era prejudicial para atingir a igualdade de direitos, demonstrava a sabedoria das mulheres pretas com a sua censura, pois em toda a escravidão o álcool foi um planejamento dos caucasianos para fazer parte da dieta dos escravizados, o qual infelizmente tem dizimado grande parte da população preta.
Defendia a emancipação das mulheres pretas que deveriam estudar e terem uma vida ativa fora das obrigações impostas pela sociedade de viverem presas ao lar. Incentivando as mulheres a não serem dependentes de homens e, para iniciar seu próprio negócio e confiar apenas nelas mesmas para tomar as suas decisões na sociedade.
Em 1833 foi forçada a deixar a cidade de Boston devido a fortes reações, inclusive de homens pretos e vai residir em Nova York deixando a vida pública de palestras e dedicando-se a militância em atividade antiescravista, na alfabetização das mulheres pretas e em diversas organizações.
Lembrar de Maria W. Stewart nas lutas do povo preto especialmente no antiescravismo, abolicionismo e feminismo é de suma importância, especialmente pela sua coragem e determinação, de levantar a sua voz dentro de da América escravista há 176 anos. Mulher corajosa que serve de exemplo para os homens e mulheres pretas.

Maria Stewart morreu em 17 de Dezembro de 1879 nos deixando um legado incomensurável.

domingo, 2 de março de 2008

ESCRAVIDÃO E RACISMO TEOLÓGICO – A CANAÃ BRANCA DOS PURITANOS


Por: Ulisses Passos. Acadêmico de Direito, Pan-Africanista e Presidente do CNNC/BA. Pseudônimo: Aswad Simba Foluke. E-mail: ulisses_soares@hotmail.com

“A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça para a justiça em todos os lugares. Estamos presos numa rede de reciprocidade, da qual não se pode escapar, ligados por um mesmo e único destino.”
Martin Luther King Jr.

Infelizmente em Salvador, cidade mais preta do Brasil, um local de culto religioso do povo preto foi destruído em quase sua totalidade: O terreiro Oyá Onipó Neto, cuja proprietária e Sacerdotisa é Roselice Santos do Amor Divino, mais conhecida como Mãe Rosa.
A ordem da demolição foi dada pela Prefeitura de Salvador através da SUCOM - Superintendência de Controle e Ordenamento do Solo do Município - caracterizando novamente uma postura racista de um Estado que não foi pensado para a população preta, com suas bases filosóficas e atitudes cunhadas na escravidão e na repressão ao povo preto e suas culturas.

Clique Aqui e assista a reportagem da Band News sobre a Demolição do Terreiro Oyá Onipó Neto e a greve de fome do militante Marcos Resende.

Tal atitude me recorda às histórias narradas por meus avós e pais, a respeito das perseguições e ataques aos candomblés na Bahia. Todos nós imaginávamos que fatos como esse não mais ocorreriam. A população mais velha de Salvador chegou a conhecer o delegado Pedro Azevedo Gordilho, chamado de Pedrito, grande perseguidor dos cultos afro-brasileiros entre as décadas de 20 e 40 do século passado, não o primeiro e como vemos nem o último aparato estatal de repressão e racismo com o povo preto. Tradições orais e cantigas descrevem a ação do delegado:
“...Ouvia-se um tropel de cavalos; era a policia que a mando do ‘Homem’, vinha acabar com aquela manifestação de negros, ‘coisa de gente ignorante, primitiva... ’
... O barulho das patas dos animais estava mais e mais perto: sentia-se o cheiro de cavalos. Filhas de santo entravam em pânico, pensando no pior: surra dos policias, atabaques furados, saias rasgadas...”
(Azevedo e Martins, 1988, PP.23-4).

Diversas reportagens sobre a perseguição dos cultos eram escritas por jornais de grande circulação, em Salvador, em que a imprensa apóia a perseguição de cultos do povo preto. Trecho do jornal A TARDE:
“Nesses antros de feitiçaria, dispersos pela cidade, ocorrem scenas monstruosas impressionantes, não raro victimando os imprudentes que se prestas às bruxarias.
A polícia ignora e fechas os olhos propositadamente [...]
Uma campanha cerrada de imprensa levou a polícia a perseguir os ‘candomblés’”
. (Jornal A Tarde, 29/05/1923);
Destruições dos locais de culto também foram descritos no livro de professor Walter Passos: Bahia: Terra de Quilombos, em que uma Igreja da Assembléia de Deus fora destruída por grileiros no quilombo do Rio das Rãs.
“Informante- Francisco Amaral de Souza, Presidente do Sindicato dos trabalhadores Rurais.
Os moradores estão na terra há mais de 100 anos, atualmente os membros da comunidade estão ameaçados de expulsão pelo fazendeiro e grileiro Carlos Newton Vasconcelos Bufem e seus pistoleiros. Há matanças indiscriminadas de animais, destruição das lavouras e benfeitorias, envenenamento dos rios e lagoas e outras violências. Em 1974 o grileiro Celso Teixeira mandou demolir as casas e barracos dos moradores e o prédio da Igreja Assembléia de Deus, e em seguida mandou passar o trator”.
(Walter Passos, Bahia Terra de Quilombos. 1996, p-34)
A história e a prática da democracia brasileira precisam ser questionadas, enquanto houver privilégios por causa da cor epitelial. O CNNC como uma entidade panafricanista, respeitando a ancestralidade do Povo Preto e defendendo sua manutenção, se solidariza e indigna-se juntamente com os outros irmãos e irmãs em protesto contra a demolição de um local de culto de origem africana, defendo nossa união do nosso povo na diáspora. As nossas concepções de fé são contra qualquer injustiça que venha atingir o nosso povo no planeta, estamos ligados no mesmo cordão umbilical da Mãe – África, independente das concepções e de nossas práticas religiosas. É necessário compreender as raízes que condiciona uma elite branca no poder a ter práticas diferenciadas para organizações caucasianas e organizações pretas no Brasil, sendo assim, a compreensão do racismo teológico e a escravidão permite-nos dirimir atitudes discriminatórias quando se refere ao nosso povo.

A CANÃA BRANCA DOS PURITANOS
Vivemos em uma sociedade onde os valores cristãos-brancos sejam católicos ou protestantes são considerados “superiores e civilizados” e os valores africanos são tratados como inferiores e atrasados, a continuidade de uma sociedade dicotômica herdada: senhores brancos cristãos X escravizados pretos não cristãos. E o poder e meios de produção continuam nas mãos de brancos cristãos, frutos da exploração do trabalho escravizado de homens e mulheres africanas e seus descendentes.
O protestantismo quando chegou nas 13 colônias da América trazido por colonos ingleses, conhecidos como puritanos, praticantes de uma interpretação literal da Bíblia, se consideravam o “O Novo Israel de Deus", “Os Eleitos" e “diziam” possuir toda a autoridade para interpretar os textos bíblicos e vivê-los literalmente na “Terra dada por Deus”, também se consideravam expulsos da Inglaterra, governada pelo faraó, o rei inglês, e atravessaram o Mar Vermelho, nome que deram ao Oceano Atlântico, e viram os povos nativos, os aldeões coletores como as nações de Canaã que deviam ser destruídos para que eles tomassem posse da Terra Prometida. Essa mesma visão puritana veio com os missionários norte-americanos para o Brasil e se tornou o arcabouço das igrejas evangélicas no Brasil.
O racismo teológico tem uma das suas origens na racialização da Bíblia e na prática do cristianismo eurocêntrico pelos Puritanos, dogmatizando a teologia, corrompendo a exegese e a hermenêutica, embranquecendo e ocidentalizando para usufruir através do tráfico mercantilista a exploração de civilizações livres e primevas africanas e destruição de civilizações nas Américas.
Os puritanos se consideravam e ainda se consideram através de seus seguimentos pelo planeta como os herdeiros de Deus e donos do mundo,torna-se interessante o texto abaixo e as interpretações dos Puritanos abalizando o direito de escravizar os africanos.
"E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas.
Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas gerações que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão perpetuamente os farei servir"
– (Levítico- 25: 44-46).
A falsa interpretação teológica dos puritanos dos textos bíblicos foi usada como certidão de posse do planeta e de seus habitantes. Dentro do protestantismo especialmente o Reformado no final do culto o pastor abençoa a comunidade e ouvi diversas vezes as seguintes palavras:
- O amor de Deus Pai, a Graça de Deus Filho e as Consolações do Deus Espírito Santo, sejam com todos vós e com todo o Israel de Deus espalhado pela face da terra.
A idéia do “Novo Israel” é uma prática puritana de interpretação bíblica e sê-lo é deter uma nova Canaã literalmente falando, sendo assim, os puritanos se sentiam abençoados e cumprindo a vontade divina, só que este Novo Israel era habitado nas Américas, Oceania e na África por populações pretas as quais foram condenadas a uma vida de inferno. A escravidão tornou-se um decreto divino, porque os puritanos brancos se consideram predestinados a herdarem a terra, sendo formulada uma proposta terrena de uma Nova Canaã Branca e protestante, impondo as suas filosofias deformadas e praticas racistas pelas elites no poder e repetidas pela população branca e pobre, conseguintemente na iconografia religiosa, nas teologias, na estética, nos meios de comunicação, na relação capital X trabalho, nos livros didáticos, e especialmente no poder político que afeta o direito a vida e do bem comum dos africanos e seus descendentes.
As graves conseqüências da “idéia de um novo Israel branco e Puritano”, além da pilhagem, exploração e escravidão fizeram com que surgissem as maiores aberrações raciais nos Estados Unidos da América e na África do Sul, legislações baseadas na idéia de uma “Nova Canaã Branca”: leis conhecidas como Jim Crow, as quais você pode acessar lendo o artigo no blogger do CNNC/BA e a instituição do Apartheid na África do Sul.
O racismo é uma ideologia fomentada pela população branca no planeta e introjeda dentro da população preta através da religião cristã, ser preto e cristão, sem o conhecimento do panafricanismo, do afrocentrismo e do cristianismo de matriz africana é coadunar com a exploração e ser repetidor da opressão ideológica e da racialização bíblica.
O cristianismo surgiu na África e onde estão às igrejas mais antigas do planeta e infelizmente os caucasianos se apropriaram de terras, menos da Etiópia, a qual nunca foi escravizada e é detentora das igrejas cristãs mais antigas da história do cristianismo.
Nós do CNNC sabemos que temos uma longa trilha a percorrer para alertar com voz profética que o cristianismo europeu e sua ideologia de uma nova Canaã são anti-bíblica e baseada no racismo.
O CNNC (Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos) tem a sua presença nas discussões do Movimento por fazer parte da sua proposta de atuação o Panafricanismo. O CNNC é uma organização Cristã no Movimento Negro e não um grupo separado de Movimento Negro Evangélico. Um só Povo e um só luta.
Uma das preocupações do Movimento Negro Brasileiro é construir uma proposta de poder para a maioria da população; surgem incipientes idéias de partidos políticos que desejam partidarizar o movimento e colocam os seus representantes, as vozes dos grupos oprimidos sexualmente, das mulheres, da juventude, de representantes religiosos, etc. Sendo uma “novidade” ainda não digerida por muitos militantes a presença nas discussões dos chamados evangélicos, digo “novidade”, porque os chamados evangélicos sempre estiveram no movimento negro, apenas não assumiam essa postura, por medo e vergonha da grande maioria, por saberem da culpabilidade do cristianismo deformado pelos europeus, e sendo seus seguidores, não ousavam contestar o racismo das igrejas protestantes, sendo eles mesmo vítimas. Sendo um dilema de muitos pastores e membros pretos assumir a sua identidade de africano no Brasil, temendo desagradar as Estruturas Eclesiásticas as quais ajudam a manter. A maior prisão é a mental.
Infelizmente, dentro do mundo protestante brasileiro alguns pastores pretos ainda legitimam a escravidão nos seus escritos quando tentam dirimir leis do Primeiro Testamento e repetem interpretações errôneas expondo literalidade dos textos bíblicos. Nenhum tipo de escravidão fez parte dos planos de Deus para a humanidade e quando observamos as vozes dos profetas condenando as vontades humanas, entendemos que as leis de exploração do homem pelo homem eram vontades de pessoas presunçosas e afastadas de Javé. A escravidão nunca foi corroborada pelos desígnios de Deus e não podemos amenizar a maior covardia e genocídio praticado contra os nossos ancestrais. O Senhor não predestinou nenhuma pessoa preta, seres originais criados a imagem e semelhança Dele, para ser escravizada por qualquer europeu e seus descendentes, eles foram seqüestradores e o que foi nos roubado tem que ser devolvido; o termo reparação e cotas devem ser mais bem trabalhados por aqueles (as) que tentam fazer verdadeiramente uma teologia preta, a qual tem tido uma bela interpretação através do teólogo Kefing Foluke.

Os praticantes da escravidão violaram todos os mandamentos divinos e rasgaram o Sermão do Monte e literalmente prestarão contas dos seus atos no dia do Juízo Final, porque usaram o nome do Eterno para invadir, seqüestrar, escravizar e matar os seres originais e continuam afastados do evangelho. O Povo Preto tem a promessa do Reino de Deus conforme as palavras de Yeshua no Sermão do Monte:
"Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. " Mateus 5:10.
E a justiça tem que ser conquistada, não cai do céu, é uma construção e luta diária de todos e todas. Uni-vos povo preto em luta pela justiça.

PRETAS POESIAS

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