domingo, 24 de março de 2013

EM DEFESA DO PASTOR MARCO FELICIANO






Por Malachiyah Ben Ysrayl - Historiador e Hebreu-Israelita
Skype: lindoebano
Facebook: Walter Passos



Sei que ao começar a ler o presente artigo, indignou-se com o título (ou não).  Sim, vou explicar porque o Pastor Marco Feliciano acredita que está realizando um confronto espiritual, uma batalha na qual foi ensinado e milhões de pretos e pretas concordam com ele.


Entendo as suas palavras porque cresci ouvindo esse discurso ideológico anti-preto e anti-gay e em muitos anos da minha vida acreditei que fosse verdadeiro, tanto assim, que aos 19 anos de idade fui estudar Teologia no Seminário Presbiteriano do Sul do Brasil, em Campinas-São Paulo, e posteriormente no Seminário Batista do Sul do Brasil, no bairro da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro. Fui ordenado pastor da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, o qual me retirei e hoje não sigo mais o cristianismo.

Os meus contatos especialmente com Maria Beatriz Nascimento (Bia) no Grupo André Rebouças da UFF, Lélia Gonzalez e outros militantes no final da década de 70 e início da década de 80 do século passado, transformaram os conceitos introjetados na minha infância e adolescência sobre uma África amaldiçoada, a qual sonhei, diversas vezes, viajar em missões para libertá-la do poder de Satanás.

Agradeço muito a Valdina Pinto por horas de conversas dedicadas a um jovem pastor presbiteriano em crise, de ter uma ascendência paterna e materna nas religiões de matriz africana e necessitava entender o porquê da minha rejeição aos ensinamentos dos meus ancestrais.

A questão de Marco Feliciano é o desconhecimento da origem e desenvolvimento do cristianismo e especialmente do protestantismo de missões que veio para o Brasil e com experiências segregacionistas e manteve a escravidão em muitas regiões, como o caso do luteranismo no sul do Brasil e experiências nefastas de racismo em todas as igrejas protestantes históricas, pentecostais e neopentecostais até os dias atuais. Tanto assim que existe um Movimento Negro Evangélico incipiente que carrega água em cesto de palha e não tem o poder de mobilização para questionar Marcos Feliciano. Milhares de pastores pretos estão calados, envergonhados, acuados pela covardia ou compartilhando com as ideias de Marco Feliciano. Acredito na última hipótese.

São milhões de pretos nas igrejas evangélicas que coadunam com essas ideias de que a África é amaldiçoada. São esses professores evangélicos que se mostram contrários à implementação das leis de de ensino de africanos e indígenas no ensino fundamental e médio..

São milhões de pretas que se auto-renegam e acreditam na maldição hereditária dos seus ancestrais africanos e combatem veementemente as religiões de matriz africana e qualquer manifestação cultural preta.
Interessante notar que Marco Feliciano se utiliza das ofertas de muitos pretos e pretas das suas igrejas para desse dinheiro atacá-los - como amaldiçoados e afins -, sem falar nos milhares de votos deles recebido.

O problema não é Marco Feliciano, mas a omissão e apatia da maioria da população brasileira descendentes de africanos pelas palavras pronunciadas e ainda oram que ela vença as batalhas contra os inimigos. Que ele consiga destruir os terreiros e sepultar os “pais de santo”.

PASTOR MARCO FELICIANO: "- SEPULTEM OS PAIS DE SANTO!"


Marco Feliciano representa o mestiço e preto evangélico que adora um deus europeu e se auto-renega, passa por um processo violento de enfraquecimento, desculpe, branqueamento.

Quantas mulheres pretas evangélicas estão satisfeitas com a aparência? Qual o percentual de mulheres pretas não evangélicas que usam processos químicos de alisamento para que os seus cabelos sejam parecidas com o cabelo das mulheres brancas? Elas podem falar da progressiva de Marco Feliciano?

Marco Feliciano é um equivocado teologicamente, tem interpretações sobre os escritos bíblicos advindas da sua  ignorância exegética e hermenêutica. Seria de bom grado que ele conhecesse a história do povo hebreu e a história das civilizações do Vale do Nilo e da Terra dos Etíopes (Mesopotâmia) designação toponímica da região antes de ser renomeada pelos gregos invasores. Sendo apoiado nas suas declarações infelizes pelo seu inimigo e atual veemente defensor Silas Malafaia.

PASTOR SILAS MALAFAIA COMENTA PROTESTOS CONTRA PASTOR. MARCO FELICIANO


A minha afirmação advém da atitude dele falar mal da África usando escritos de homens pretos e fatos ocorridos e relatados de civilizações pretas. O Pastor Marco Feliciano e Silas Malafaia deveriam ser questionados em público para citarem quais as regiões e civilizações brancas que estiveram presentes nos fatos do Torá (é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (erradamente chamado de Velho Testamento). Assim sendo, entenderiam que a maldição da África e seus habitantes é uma falácia em um período onde a questão epitelial não era determinante e a civilização grega estava iniciando. Não há maldição epitelial neste período histórico , infelizmente o racismo teológico criado pelos europeus e ensinado no Brasil pelo cristianismo ainda é a base de interpretações equivocadas os pastores e pastoras.

Escrevi artigos sobre colonialismo e cristianismo e maldição de Cam no blogger Bayah que podem ser conferidos no link CRISTIANISMO E COLONIALISMO - CONVERSÃO E NEGAÇÃO DA ANCESTRALIDADE

Os defensores (as) de Marco Feliciano, bom ressaltar serem milhões de pretos (as) evangélicos (as), estão anestesiados pelo racismo que deforma a autoestima de suas vítimas. Incrível são os apoios às atitudes dele:

PASTOR MARCO FELICIANO RENUNCIA

O pastor Marco Feliciano é mais uma vítima que se tornou algoz da sua herança africana. Não um simples algoz. Admirado por milhões de evangélicos e não evangélicos como um paladino dos “bons costumes”  e defensor de uma teologia racista e retrograda. Em um país onde o desconhecimento da história da África e especialmente dos hebreus é latente. Marco Feliciano deita e rola porque não é questionado no que ele diz ser conhecedor. Ele agrada os racistas, confirma perante os pretos as mentiras que são descendentes de uma terra amaldiçoada e apesar dos protestos dos movimentos organizados a maioria da população preta não tá nem ai para as suas palavras porque  tem um problema gravíssimo de identidade. 

Olho seriamente para as declarações de Marco Feliciano e fico arrepiado em pensar que quando criança e adolescente pensei igual.  Ele se delicia com os protestos acreditando que está sendo perseguido (nos moldes cristãos) e é um defensor da fé.

Ele representa uma ideologia e é mero repetidor de um mal maior que sonha e clama de joelhos dobrados para que o Brasil se torne um país teocraticamente cristão e mais conservador.



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