quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ESOPO - O AFRICANO CONTADOR DE FÁBULAS

 









Por Malachiyah Ben Ysrayl - Historiador e Hebreu-Israelita
Skype: lindoebano
Facebook: Walter Passos


A apropriação do conhecimento africano pelos europeus já vem sendo ventilada por estudiosos brancos, que sabiamente reconhecem o quão foi transformado a história da humanidade para glorificar o continente europeu, que aprendeu as ciências e as literaturas com os povos africanos.  Evidente que o trabalho dos afrocentristas os tem feito repensar.

 A história é fato ocorrido, se descreve o mais aproximado da verdade, através dos diversos tipos de documentação e oralidade, ou falsifica-os.

Assim, apesar do avanço tecnológico e de novas personagens que surgem a todo o momento na literatura infanto-juvenil acompanhado as mudanças sociais, as antigas fábulas continuam marcantes como exemplificações no explicar do cotidiano. Os ensinamentos que recebemos sobre as fábulas que elas são de origem grega e surgiram através de Esopo, provavelmente no século VI antes da nossa era comum. 

Durante a Idade Média, Leonardo Da Vinci (1452-1519) as reescreveu em italiano e o escritor Jean de La Fontaine (1621-1695) obteve muito sucesso ao traduzi-las em versos para o francês.

As fábulas de Esopo são ensinadas continuadamente em salas de aula, pelos contadores de histórias, nas publicações das mais afamadas: A raposa e as uvas; A Cigarra e a Formiga; A tartaruga e a lebre; O vento norte e o sol; O menino que gritava lobo; O leão e o rato; O asno e a cachorrinha; A panela de barro e a de cobre; O velho e a mosca e muitos outros.

Coleção Disquinho - A Cigarra e a Formiga
 

Diversas imagens de Esopo foram produzidas e abaixo algumas delas:

Esopo, como descrito na Crônica de Nuremberg de Hartmann Schedel. Aqui ele é mostrado usando roupa alemã do século XV




A Xilogravura de  vida de Ysopet com suas fabulas historiadas (Espanha, 1489) descreve uma corcunda Esopo cercado por eventos das histórias em Planudes versão de sua vida.


Esopo mostrado no vestido japonês em uma edição de 1659 das fábulas de Kyoto: Isopo Monogatari

 Rhodope, apaixonada por Esopo; gravura de Bartolozzi, 1782.


Moeda da antiga cidade de Delphi com a imagem de ESOPO e a estátua helenística bem posterior

São diferentes imagens em diversas culturas que demonstram a imagem de Esopo. Mas, vem à pergunta: Esopo foi oriundo de qual nação? Ou uma personagem fictícia grega que relatou as diversas formas de ensinamentos morais através de fábulas? Quem foi Esopo? Qual era a sua cor epitelial e de onde vêm os ensinamentos?

Esopo foi um africano. Um homem preto sábio atestado pelos próprios gregos que levou para a Grécia os ensinamentos africanos, fato esse corriqueiro no mundo antigo, onde os gregos aprenderam as ciências e a mitologia em Kemete. Os escritores gregos escreveram que Esopo era de origem africana vindo da Etiópia como escravizado. 

O romance Esopo de autoria anônima escrito entre o I e II séculos da nossa era comum o descreve:
"de aspecto repugnante... barrigudo, disforme de cabeça, nariz arrebitado, anão, moreno, pernas tortas, vesgo, lábios grossos, uma monstruosidade portentosa.”

Um ódio dos gregos ao seu mestre!

Em 2002, Richard A. Lobão citou o número de animais africanos e "artefatos" nas fábulas de Esopo como "provas circunstanciais" que pode ter sido um contador de historias da Núbia. 

William Godwin em Fábulas antigas e modernas (1805) tem uma ilustração de Esopo relatando suas histórias para as crianças pequenas que dá suas feições uma aparência distintamente africana.

Em 1932, o antropólogo JH Driberg, repetindo a ligação Esopo / Aethiop, afirmou que, embora "alguns dizem que ele (Esopo) foi um frígio... a visão mais geral... é que ele era um Africano”, e "se Esopo não era um Africano, ele deveria ter sido.”

Steinhowel Heinrich, edição de 1476, muitas traduções das fábulas em línguas européias, que também incorporou Vida Planudes de Esopo, contou com ilustrações retratando-o como um corcunda.

Outro exemplo, a edição de 1687 das Fábulas de Esopo e sua Biografia: em inglês, francês e latim, incluiu 28 gravuras criadas por Francisco Barlow, que o mostram como um corcunda anão e suas características faciais parecem estar de acordo com a sua declaração no texto : "Eu sou um negro".

Esopo como preto pode ter sido incentivado por uma similaridade percebida entre fábulas do Malandro Coelho Br’er, contadas por escravizados Africano-Americanos, e o papel tradicional do escravizado Esopo como "uma espécie de herói da cultura dos oprimidos, e sua vida como um manual de como fazer para a manipulação bem sucedida de superiores”.

Nesta mistura de live action e animação, duas crianças negras passeiam em um bosque encantado, onde lhes são ditas fábulas de Esopo que diferenciam entre ambição realista e irrealista. Sua versão de A Tartaruga e a Lebre ilustra como tirar vantagem da confiança sobre um oponente.

Diversos escritores e filósofos gregos e romanos citam as fábulas de Esopo: Heródoto (o pai da história branca) chama Esopo de "escritor de fábulas".  Aristófanes menciona a "leitura" de Esopo, assim também o faz Sócrates, Fedro, Sófocles, Demétrio de Phalerum, Babrius, entre muitos outros. 

Nós sabemos que as fábulas de Esopo são ensinadas na cultura popular ao longo dos últimos 2.500 anos, em várias obras de arte, livros, filmes, peças de teatro e programas de televisão, demonstrando animais que falam, brincam, erram e trazem lições morais complexas. As sábias fábulas do preto Esopo retratam o ser humano com virtudes e erros, que até hoje servem como formas didáticas de aprendizado. 

Será que a premiada atriz Ana Luísa Lacombe,  em sua peça teatral as Fábulas de Esopo, informa que está trabalhando ensinamentos africanos?

Trilogia Faz e Conta - cenas de Fábulas de Esopo, Lendas da Natureza e O Conto do Reino Distante

Por que na entrevista o escritor Mauro Rubens da Silva não informa que está trabalhando com contos africanos? 

Livro Inteligente e as Fábulas de Esopo na AllTV

Diversos pedagogos e escritores usam e usaram as fábulas de Esopo, inclusive Monteiro Lobato.  Quais deles informaram a africanidade desses contos? O que se tem de ensinar é que Esopo e as suas fábulas são africanas. Você, educador(a), lecione às nossas belas crianças a riqueza de uma África ainda desconhecida pelo saber que embelezou e embeleza o mundo.

Shalom!



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