terça-feira, 19 de agosto de 2008

CANDACE E MATRIARCADO - O PARLAMENTARISMO NO IMPÉRIO DE KUSH




Walter Passos - Historiador
Skype: lindoebano
 Facebook: Walter Passos

Formadoras das civilizações, as mulheres africanas representaram as primeiras deusas, mães, educadoras, sacerdotisas, médicas, cientistas, comerciantes, diplomatas e governantes do mundo. Nesse contexto, o estudo das Candaces é de suma importância para a compreensão da História Africana.
Os estudos antropológicos nas sociedades africanas e afro-diásporicas retratam a concepção de poder androcêntrico, aonde o cristianismo primitivo africano foi modificado para concepção patriarcal grega-platônica da inferiorizarão das mulheres com bases na hermenêutica antropológica de sociedades cristãs europeias. Da mesma forma, o estudo das sociedades islamizadas no continente africano corroboraram concepções patriarcais outrora desconhecidas e praticadas nas mais antigas civilizações africanas.
Com a invasão, colonização e imperialismo, novos modelos produtivos baseados na exploração de classes sociais incorreram na feminilização da pobreza e na masculinização do poder, inclusive das religiões tanto na África como na diáspora. Os antropólogos brancos tentaram explicar o matriarcado e o modo de produção matrilinear com as suas concepções racistas e machistas que nos obriga assim a recorrer aos estudos da afrocentricidade para um real entendimento das sociedades africanas, como resgate da verdade histórica, que nos ajudará contra a opressão de classe, o racismo e o patriarcalismo.
O entendimento do poder matriarcal africano configura o principal alicerce para a compreensão da civilização kushita.
Kush, uma das civilizações mais antigas do mundo, foi uma sociedade de base matriarcal, onde havia o equilíbrio entre os gêneros e a difusão da justiça e igualdade, diferentemente de civilizações brancas recentes na história mundial, a exemplo de Grécia e Roma que desenvolveram o modo de produção escravagista antigo, baseados em sociedades patriarcais e patrilineares. Dentro do matriarcado não houve escravização e nem exploração de gênero, fato este que ocorreu com o advento do patriarcado e conseqüentes mudanças no viver africano primevo.
A diferença essencial do governo das kandaces comparado a outros do mundo antigo é que não era um poder vitalício e nem hereditário. Uma kandace governava por dez anos, outra por vinte anos, outra por 30 anos, em seguida o ciclo recomeçava em uma alternância de poder, evitando o despotismo, possibilitando uma paz política que proporcionou o grande desenvolvimento da civilização kushista. Havia um parlamento que detinha o verdadeiro poder composto por sacerdotisas e sacerdotes, anciãos e anciãs (com função senatorial) representantes da população, sendo levado esse modelo para Kemet ( Egito).
Na verdade, a origem da democracia é africana, sendo copiada pelos gregos em diversos estudos realizados por eles na Núbia e em Kemet (Egito).
O conhecimento desse modelo de governo, somente ocorre com as últimas pesquisas pautadas na afrocentricidade. Acusamos tantos legados roubados pelos europeus, outrossim, formas de governo foram deformadas e posteriormente copiadas como o modelo parlamentar hoje instituído em países europeus e na monarquia japonesa. A civilização kushita já havia desenvolvido o parlamentarismo milhares de anos antes dos europeus.
O matriarcado não impedia em alguns momentos que homens participassem do governo como reis ou esposos das Kandaces, sendo escolhido pelo parlamento, podendo se tornar governante ou consorte da rainha, conforme as leis da matrilinearidade.
Uma das mais poderosas Kandaces foi Amanirenas, que serviu como chefe de Estado, Comandante-chefe do exército, e Sumo Sacerdotisa de Isis.
Amanirenas comandou a aliança do exército Kushita-Kemita à ocupação romana de Kemet, e a invasão do resto da África no tempo do Imperador Augusto César.
Amanirenas apesar do poder exercido era considerada humilde e amável, detentora de um porte atlético. Com cerca de 50 anos de idade empreendeu as mais violentas batalhas contra os romanos.
O conflito entre os romanos e os Kushitas originou-se da invasão feita pelos romanos a Kemet (Egito), levando o exército kushita a invadi-lo sob o comando de Amanirenas e do seu filho Akinidad, atacando a fortaleza de Assuam, resultando na captura de tropas romanas que haviam incendiando cidades e templos, entre elas o templo de Karnak, o exército kushita derrubou a estátua do imperador Augusto levando a cabeça para a cidade de Meroé como prêmio de guerra.
Na realidade o domínio dessa poderosa rainha ainda é um enigma para os historiadores porque nesse período foram encontradas tropas fieis a Amanirenas espalhadas em diversas regiões da África, indicando que o Kushitas possuíam exércitos em todas a África. Heliodurus escreveu que os exércitos kushitas estavam espalhados em todas as regiões da África e apesar de Roma ter enviado uma força de 10.000 infantes, 800 cavaleiros e milhares de auxiliares, num total de cerca de 30.000 militares, no final seriam derrotados pelo poderoso exército de Amanirenas.
No final, o imperador romano Cesar Augusto e o general Gaius Petronius forma obrigados a negociar a paz, recebendo mensageiros kushitas na ilha de Samos, no mar Egeu, com flechas de ouro enviadas pela Kandace Amanirenas com a seguinte mensagem: “Trata-se de um presente da kandace. Se você quer guerra, as mantenha porque vai precisar delas. Se você quer paz, aceita-as como um símbolo de minha cordialidade e amizade". Augusto César aceitou o presente e terminou a guerra.
Entre as concessões feitas por Augusto foi a permissão que os Kushitas seguidores de Isis prosseguissem a sua adoração em Elefantina, cidade egípcia controlada pelos romanos, e o pagamento indenizatório para construção de templos em Kush, uma vez que alguns tinham sido destruídos pelos romanos.

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terça-feira, 12 de agosto de 2008

A MAJESTOSA CIVILIZAÇÃO DE KUSH


Walter Passos - Historiador
Skype: lindoebano
 Facebook: Walter Passos

As escavações e estudos dessa civilização se concentram no atual Sudão, maior país da África.
Os kushitas, em épocas mais recentes, ocupavam o sul do Nilo com seu impressionante exército de arqueiros.
Kush foi o local do Jardim do Éden. Gen. 2: 11-14 - "Um rio saía do Éden para regar o jardim, e de lá se dividia em quatro braços. O primeiro chama-se Fison: é aquele que rodeia toda terra de Hévila, onde existe ouro; e o ouro dessa terra é puro, e nela se encontram também o bdélio e a pedra de ônix. O segundo rio chama-se Geon: ele rodeia toda a terra de Kush. O terceiro rio chama-se Tigre e corre pelo oriente da Assíria. O quarto rio é o Eufrates."
Nos escritos do Antigo Testamento, Kush é conhecido também por Núbia e muitas vezes citado como Etiópia.
Da civilização Kushita, originaram-se os egípcios, após as migrações endereçadas ao norte do continente africano.
Os historiadores gregos Homero e Heródoto deixaram registrados que os Kushitas povoaram o Egito, a Arábia, a Palestina, a Ásia Ocidental e a Índia. Foram considerados, por Heródoto, como os mais altos, os mais bonitos; de maior longevidade entre as raças humanas e os mais justos dos homens. São citados nos anais de todas as civilizações. A arte de embalsamento, pelo qual são famosos os faraós egípcios, teve sua origem na civilização kushita.
O Império de Kush construiu três vezes mais pirâmides que os egípcios e possuíram a cerâmica mais bela do mundo, assim considerada por todos os povos, inclusive os gregos.
A economia kushita era baseada em pedras preciosas, madeira de ébano, mar­fim, e também diversos produtos que contribuíram decisivamente para a manutenção e crescimento da civilização egípcia.
A 25ª dinastia do Egito é conhecida como dinastia etíope, em 712 a.C., por­que o Egito foi conquistado pelo Império Kushita que governaram o Egito e a Núbia.
A primeira capital do Império  foi à cidade de Kerma, anterior a 5.000 a.C, considerada a cidade mais antiga da África, cujo tamanho compreendia 62 acres e possuindo mais de 200 casas, e edifícios maciços do tijolo que foram devotados ao comércio e às artes, com um templo e um palácio.
A segunda capital foi Napata, um centro sagrado e devotado aos deuses. O templo fundado em Jebal Barkal, uma montanha sagrada, transformou-se na fonte de reivindicações de Núbia ao trono de Kemet. Os reis de Núbia invadiram Kemet e estabeleceram a 25ª dinastia. Eram os mestres do mundo. O império de Núbia abrangeu a Síria no norte à Núbia no sul. Os reis de Núbia ajudaram o estado de Israel em seu esforço de guerra contra os Assírios. A terceira capital foi Meroé, a sua linhagem real durou mil anos. A cultura de Núbia em Meroé combinou tradições egípcias.
As mulheres tiveram papel proeminente na sociedade kushita, ocupando posições de poder e prestígio. Ao contrário das rainhas do Egito que possuíam o poder derivado dos seus maridos, as rainhas de Kush eram governantes independentes. Kush era uma sociedade matriarcal no período de Meroé. Os historiadores acreditam que em Meroé, uma das capitais do império kushita, nunca um homem reinou. O título de Candances para as rainhas foi originado do vocábulo ‘kentace’, e existiu por mais de quinhentos anos. Quatro dessas rainhas: Shanakdakete, Amanirenas, Amamishakete, Amamitere foram guerreiras temidas e comandaram seus bravos exércitos.

A Rainha Amamishakete e seu companheiro
A rainha Amanirenas reinou na cidade Meroé e quando o imperador romano Augustus tentou impor um imposto aos kushitas, Amanirenas e seu filho Akini­dad, realizaram um ataque violento a um forte romano na cidade Asuan. Augustus mandou as tropas romanas; comandadas pelo general Peroneus, retaliaram, mas, encontraram uma forte resistência de Amanirenas comandando as tropas que derrotou os romanos e os obrigaram a negociar a paz.
Os kushitas detiveram o avanço dos romanos na África, e colocaram um busto de César Augustus enterrado debaixo de uma entrada em um templo. Nesta maneira, todos que entraram pisariam em sua cabeça.
A rainha Amanirenas era alta, muito forte e cega de um olho; venceu as tropas romanas no ano 23 a.C., obrigando Roma a trocar embaixadores e fecha­ram um acordo, onde Roma devolveu um território cushita, anteriormente pago em imposto. Outras rainhas também enfrentaram as tropas romanas.
O exército africano de Kush derrotou inimigos egípcios, gregos e romanos.
A civilização de Kush, com seu alfabeto, comércio e triunfos arquitetônicos é considerada por alguns estudiosos, como superior às civilizações mais desenvolvidas do mundo antigo.
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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

IDA B. WEELSS – JORNALISMO IVESTIGATIVO, DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER E DO HOMEM PRETO

Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrado e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br

As mulheres pretas na história das civilizações africanas e afro-diásporicas sempre tiveram papel proeminente na defesa dos direitos de vida do seu povo, foram e ainda são o alicerce para manutenção de lutas intestinas contra todo o tipo de opressão, infelizmente a mentalidade androcêntrica, sexista e machista ocidental tenta omitir exemplos de resistência.
Na concepção panafricanista e afrocentrada a importância da luta do povo preto ignora fronteiras demarcadas geograficamente pelos invasores e colonizadores europeus. A importância de conhecermos exemplos de resistências na África e na diáspora impositiva serve como resgate da história e exemplos a ser seguido, sendo assim, conheçamos um pouco a história dessa grande mulher que viveu no século XIX e início do século XX nos Estados Unidos da América: Ida B. Wells, uma defensora da justiça racial e de gênero.
Nasceu em 16 de julho de 1862 em Holly Springs, Mississipi, filha do carpinteiro James Wells e de Elizabeth "Lizzie Bell" Warrenton Wells, escravizados libertos. Após a Guerra de Secessão, os seus pais e um irmão caçula morreram de febre amarela em uma epidemia que ocorreu no sul dos USA. Amigos e parentes decidiram que as seis crianças, filhos do casal, seriam criadas por tios e tias, causando a separação familiar. Ida desaprovou a idéia e retirou-se da escola, tornando-se professora para criar e sustentar os seus irmãos e manter a família unida. Retornou aos estudos não deixando de trabalhar, concluindo o ensino médio.
Em 1884 liderou uma campanha contra a segregação racial no transporte ferroviário quando um condutor da Chesapeake, Ohio & South Western Railroad Company disse-lhe para levantar e ceder o lugar para um homem branco, ela recusou-se então dois condutores tiveram que arrastá-la para fora do local, isso 71 anos antes de Rosa Parks. Ao chegar no seu destino, à cidade de Memphis, contratou um advogado para postular contra a ferrovia, ganhando a causa no tribunal local. Entretanto, a ferrovia recorreu para o Supremo Tribunal do Tennessee que inverteu a decisão em 1887.
Durante sua participação na caminha pelos direitos dos votos das mulheres, foi obrigada a ficar na parte de trás, o que a levou a iniciar a sua vida como jornalista, tornando-se co-propietária e editora do Free Speech (Liberdade de Expressão), um jornal anti-segregacionista de Memphis em Beale Street, escrevendo artigos na defesa do povo preto. Em 1892 foi forçada a abandonar a cidade porque os seus editorias foram considerados demasiadamente agitadores.
Um dos seus artigos foi em defesa de três amigos: Thomas Moss, Calvin McDowell e Henry Stewart, proprietários de uma mercearia que foram linchados por causa da concorrência com lojas dos homens brancos; afirmava que os pretos não podiam desenvolver a vida econômica, sendo acusados injustamente em tribunais e na maioria dos casos linchados. O resultado do seu trabalho jornalístico foi o saque no escritório do jornal, obrigando-a abandonar a cidade e ir para Chicago.
Em um dos seus artigos no The Free Speech, escreveu:
"Na cidade de Memphis não há nada que possamos fazer acerca do linchamento, no momento em que estamos a em menor número e desarmados. A máfia branca poderia ajudar a si mesma entregando munição de graça; todavia a ordem é rigidamente executada contra a venda de armas de fogo para negros. Há, portanto, apenas uma coisa que se deve fazer; resgatar o nosso dinheiro e sair dessa cidade que não protege nossas vidas e nossos bens, nem nos dar um julgamento justo nos tribunais, mas nos assassina a sangue frio quando acusados pelas pessoas brancas."
Em 1892 publicou um dos seus maiores panfletos Southern Horrors: Lynch Law in All Its Phases, que se pendurou até 1895, com artigos intitulados: O Recorde Vermelho, onde documentava suas pesquisas na luta contra os linchamentos, sendo a maioria de acusação de violações de mulheres brancas pelos homens pretos, estupros baseados em mentiras, que objetivavam impedir o desenvolvimento econômico da comunidade preta e manter a supremacia do homem branco, e desenvolver a ideologia da inferioridade da comunidade preta. Enquanto que homens brancos estrupavam mulheres pretas e até crianças de oito anos de idade.
Ida Wells estudou o linchamento de 728 homens, mulheres e crianças pretas, no período de dez anos que precederam o linchamento de Moss. Em apenas um terço desses casos eram pretos acusados de estupro e em menor número deles eram realmente culpados do crime. A maioria morreu acusada por crimes como: incendiário, preconceito racial, por queixas de brancos e acusados de fazerem ameaças. Entre esses, destaca-se o caso, em que aos treze anos de idade Mildrey Brown foi enforcado com as provas circunstânciais de que ela havia envenenado uma criança branca. As investigações constataram um grande número relacionamentos inter-racial, e ela afirmou que as mulheres brancas tinham tomado a iniciativa de algumas dessas falsas denuncias. Entre 1882 quando foram pela primeira vez realizada estatísticas até 1968 quando as formas clássicas de linchamento tinham desaparecido, 4743 pessoas haviam morrido, 3446 dos quais homens e mulheres pretas. No entanto, as estatísticas não dizem toda a história. Estes foram os casos registrados, outros nunca foram notificados para além da comunidade envolvida.
Assista esse vídeo que retrata de maneira emocionante os linchamentos:
Até a década de 1890 diferentes formas para retirar a vida dos pretos e pretas foram utilizadas: queimaduras, tortura, enforcamentos, esquartejamento, mortes lentas com sofrimento prolongado, os quais criavam uma "atmosfera festiva" entre os assassinos e expectadores.
Os Brancos traziam seus familiares, inclusive crianças pequenas para assistir; os jornais anunciavam antecipadamente, as ferrovias realizavam excursões com grandes números de bilhetes vendidos, os linchamentos eram anunciados até nas igrejas brancas. Partes do corpo dos negros vitimados: dedos, orelhas, ou genitália eram adquiridos como lembranças. O linchamento tornou-se um lazer e uma maneira de impor o terror e controlar as aspirações da população preta, tentando demonstrar que após a escravidão o preto americano era um refém dentro dos USA e tinha que saber o seu lugar de cidadão e cidadã sem direitos.
A imagem abaixo é um exemplo do trabalho de Ida como jornalista e advogada em prol dos Direitos Humanos. Ela foi publicada em The Richmond Planet, em 26 agosto de 1893. Em 1893 , ela juntamente com outras lideranças como Frederick Douglass, considerado um dos mais importantes militantes pretos dos USA organizou um boicote distribuindo 2000 panfletos.
No ano de 1896, ela ajudou a organizar a Associação Nacional de Mulheres Pretas. Realizou duas viagens a Inglaterra para denunciar o linchamento de pretas e pretas dentro dos USA, tornando-se a primeira mulher preta jornalista a trabalhar como correspondente internacional.
Ela também se tornou uma incansável militante pelo sufrágio da mulher, Ida B. Wells-Barnett, juntamente com Jane Addams, bloqueou com sucesso a criação de escolas segregadas em Chicago. Em 1906, ela ingressou com William EB Dubois e outros para o Movimento Niagara, sendo uma das duas mulheres pretas a assinar o “convite" para formar a NAACP - Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor - em 1909. Embora Ida B. Wells fosse um dos membros fundadores da (NAACP), ela também foi uma das poucas lideranças pretas explicitamente a se a opor Booker T. Washington e sua estratégia. Como resultado, ela foi vista como um dos mais radicais dos chamados "radicais" que organizou o NAACP
Mais tarde, em 1930, ela revoltou-se com os candidatos dos principais partidos para o legislativo, de forma que Wells-Barnett decidiu concorrer a uma cadeira no Estado Illinois, o que fez dela uma das primeiras mulheres negras a correr para os cargos públicos nos EUA. Um ano depois, em 25 de março de 1931 ela faleceu depois de uma vida cruzada por justiça.
Ida foi uma defensora dos direitos da mulher e pelo direito ao voto. Sem medo atuou contra o sexismo e o racismo, combatendo os linchamentos dos homens pretos e mulheres pretas, documentando centenas desses assassinatos. Há diversas organizações criadas de apoio a população preta que receberam o nome desta importante militante que amou o seu povo e dedicou a sua vida em prol da justiça e do respeito dele, considerada assim como a Mãe do Movimento dos Direitos Civis.
Uma classe de rádio para os jovens no Projeto Habitação Ida B. Wells, 1942.

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Poemas de amor ao povo preto: https://www.facebook.com/PretasPoesias