sexta-feira, 23 de abril de 2010

BETA ISRAEL E FALASHA MURA - O DUPLO EXÍLIO NAS TERRAS DOS ANCESTRAIS - O RACISMO DE ISRAEL CONTRA OS ETÍOPES.


Por Walter Passos
, Historiador,Panafricanista, Afrocentrista e Teólogo.
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn:kefingfoluke1@hotmail.com

Skype: lindoebano






Com uma população de mais de 120.000 pessoas, Beta Israel - os hebreu-etíopes, erradamente chamados de Falashas (insulto étnico-racial que significa "estranho), residem em Israel sob a Lei do Retorno, que permite a judeus, com seus os pais ou avós, e todos os seus cônjuges, o direito de residir em Israel e na obtenção de cidadania.

O governo Israelita criou e patrocinou operações de retirada dos hebreus que viviam há séculos na Etiópia para Israel: Operação Moisés (1984) e Operação Salomão (1991). Atualmente, 81.000 etíopes israelitas nasceram na Etiópia, enquanto que 38.500, ou 32% da comunidade são nativos de Israel.

THE JEWS OF ETHIOPIA


Acontece que muitas diferenças culturais foram percebidas nesta vinda dos hebreus Etíopes para Israel, pode-se citar entre elas, a teologia e os ritualismos são imensamente dessemelhantes, Beta Israel não segue o judaísmo talmúdico e tem uma prática religiosa mais antiga do que os rituais dos judeus askenazis e sefarditas.

Outro fato importante foi o pertencimento identitário da própria comunidade, quando chegaram os Beta Israel encontraram um modo de vida não africano, a maioria da população branca israelense é oriunda do mundo ocidental, com suas concepções européias e o modo de viver europeu. Esta população não africana, formada pelos askenazis e seus filhos Israelenses (nascidos em Israel). Cerca de 80% da população judaica em todo o mundo é formada de europeus (Askenaz), incluindo a maioria dos judeus americanos.

A população de Beta Israel chegou a um país europeu (Israel), tendo que aprender as tradições européias, os etíopes viveram uma barreira cultural, pois possuem uma concepção africana de vida, de valores e de fé, como por exemplo, na Etiópia os estudantes não olhavam nos olhos dos professores, bem diferente das escolas israelenses quando olham nos olhos. Ao tempo que, estudiosos askenazis tentam provar através da genética que são os mais inteligentes, procuram uma pureza não comprovada cientificamente.

O resultado deste choque cultural foi o duro racismo da maioria da sociedade israelense contra os imigrantes africanos, é importante ressaltar que este movimento anti-africanos não começou em Israel, mas, entre a numerosa e influente sociedade askenazi norte-americana.


Avi Maspin, um porta-voz da IAEJ (Associação de Israel para os judeus da Etiópia) disse:

"o racismo é uma palavra que eu temia usar até agora, porque eu não acreditava que poderia existir em Israel em 2007, mas chegou a hora de chamar uma pá de uma pá. A sociedade Israelense é profundamente infectada pelo racismo e, infelizmente, não há punição adequada para o racismo em Israel.”

Gadi Yevrakan, um dos líderes da igualdade social para os etíopes disse:

"Já não sou surpreendido por nada, não há diferença entre os neonazistas... e todos aqueles que discriminam os judeus da
Etiópia."

Em novembro de 2009 é sugerido pelo Ministério da Educação sobre estudantes etíopes que são acusados de se comportarem mal não andem em ônibus juntos com estudantes brancos de Israel e Gadi Yevrakan, comentou:

"Se eu não tivesse visto o símbolo do estado de Israel sobre a carta eu teria pensado que tinha sido tirada nos anos 50 do século anterior nos EUA, quando havia segregação nos ônibus."

Os estudantes etíopes em Israel são recusados em diversas escolas particulares por causa da cor da pele.

Desde quando chegaram a Israel os hebreus da Etiópia descobriram que não estavam no paraíso e teriam que enfrentar uma vida dura de discriminação racial. Muitos israelenses não aceitaram a comunidade etíope, e um dos mais repugnantes casos de racismo ocorreu em 1996 quando 10.000 imigrantes etíopes foram para o escritório do primeiro-ministro para protestar contra o insulto: a revelação de que o banco de sangue de Israel, com medo de propagação da AIDS, teve uma política secreta de destruir o sangue doado por etíopes-israelenses.

O choque violento durou horas, e dezenas de policiais e manifestantes ficaram feridos. A multidão carregava cartazes dizendo:

"Nós somos negros, mas o nosso sangue é vermelho",

E acrescentou:

"Nós somos judeus como você: parem a apartheid racista."

Uma menina de 17 anos que veio a Jerusalém para a demonstração da área de Haifa, onde freqüentou uma escola, disse:

"Eu vim para protestar contra o que está sendo feito para os negros por causa da cor da sua pele. Tenho vergonha da minha nação, da nação branca dos judeus”.

O Chefe do Distrito da Polícia de Jerusalém, Aryeh Amit, adjetivou os manifestantes de:
” jovens selvagens”.


A polícia israelense retaliou com gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral, canhões de água e balas de borracha. “E nos dizeres do hebreu-etíope” Mekonen “um ex-oficial do Exército israelense:

“Você tem que ser violento, a fim de ser ouvido aqui",

O caso do sangue tornou-se algo de um momento de verdade para os etíopes. O atentado sofrido por eles mostraram que não poderiam, e talvez não quisesse se desfazer totalmente de suas tradições e seu passado. Na concepção dos etíopes o "O sangue é a alma", conceito este explicativo das causas da explosão de violência. Na Etiópia, o sangue serviu como um meio simbólico para distinguir os judeus dos cristãos em três áreas: ritual de abate animais, as leis dietéticas e categorização das mulheres em seu período menstrual como impuro. Para os etíopes em Israel, o sangue descartando era um ato de exclusão dos mais sagrados simbolismos religiosos.

Muitos jovens etíopes que entram no exército israelense cometem suicídio porque descobrem que apesar de darem a sua vida em combate, são discriminados na sociedade israelense. Na Etiópia era judeu (hebreu) em Israel são negros. Os negros em Israel são empregados em serviços sujos e perigosos, quando um atentado terrorista ocorre em Israel os recolhedores de cadáveres são sempre os negros. Os negros em Israel são muito mal remunerados.

OS FALASHAS MURA


Entre os etíopes em Israel quem sofre mais discriminação são os chamados de Mura Falasha. Eles são membros da comunidade de Beta Israel que se converteram ao cristianismo, muitas vezes sob coação de missionários cristãos. Alguns para sobreviver em Israel estão regressando às práticas do judaísmo. Esta questão é uma polêmica em Israel, porque a maioria dos judeus não aceita a presença por dois motivos: a cor da pele e por terem tradições cristãs. Esses judeus remanescentes na Etiópia estão em situação muito difícil. Enfrentam a discriminação dos judeus em um país cristão e estão sendo impedidos de fazer aliá (emigração) para Israel, porque eles são considerados cristãos. Eles vivem em situação de pobreza considerável.



ETHIOPIANS PROTEST GOVERNMENT DECISION TO BAR FALASH MURA FR


A música se tornou para a juventude formas de protesto e de alento, encontraram no rap e hip-hop umas das saídas para o combate da discriminação, assim como a juventude se encontra nas músicas de protesto dos jovens negros do EUA, uma identificação pan-africanista e uma ligação muito forte da África - Mãe.

O racismo da sociedade branca israelense que não permitiu a integração e tentou forçar a mudanças de hábitos religiosos e costumes, inclusive com a negação do idioma amarico, criou uma nova geração que exige a volta as suas raízes etíopes e voltaram a falar e escrever a língua dos ancestrais. Estão retornando aos nomes africanos, os nomes originais. Retornam as músicas de uma África de ritmo, de alimentos especiais e costumes, do sofrimento e da esperança. Uma África de pretos, não uma África de brancos. Entendem que estão em uma diáspora africana e o sonho de seus pais se tornou em pesadelo.

A crença enraizada no mosaismo, nos mandamentos meticulosamente observados, sonhando com a vinda do Messias e um retorno à Jerusalém lendária, não contemplou as pessoas que viviam na Etiópia se sentiam no exílio e com saudades de Sião (Jerusalém). Saudades da terra dos seus ancestrais, agora vivem em Israel com um sentimento de exílio por causa do racismo e sentem saudade da Sião Africana, que é a Etiópia. Mas nessa Sião Africana, os descendentes de hebreus não serão negros e voltarão a ser discriminados por serem considerados Falashas (estrangeiros), vivendo o duplo exílio nas terras dos ancestrais, mas, a esperança não pode desaparecer, pois com a vinda de Yahoshua Ha Mashiach, Yah restabelecerá o seu povo em Ysrayl e novamente cânticos de Liberdade serão entoadas em Sião, e todos que acreditarem na Salvação de YAH, habitarão na verdadeira YAHRUSHALOM (Jerusalém) como disse o profeta Sofonyah:

9 Porque então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome de YHWH, para que o sirvam com um mesmo consenso.
10 Dalém dos rios da Etiópia, meus zelosos adoradores, que constituem a filha dos meus dispersos, me trarão sacrifício.

11 Naquele dia não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com as quais te rebelaste contra mim; porque então tirarei do meio de ti os que exultam na tua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte santo.

12 Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome de YHWH.

13 O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.

14 Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém.



LOUVADO SEJA YAH PARA SEMPRE! HAL-LE-LU-YAH!!!

PRETAS POESIAS

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