Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrado e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: walterpassos@gmail.com
Após dois anos de imensos debates internos e tentativas de aproximação com pastores e igrejas protestantes, possuidoras de “programas” contra a discriminação racial, o CNNC (Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos) percebeu a impossibilidade de manutenção e permanência da maioria de seus membros nessas comunidades. Não excluímos totalmente o diálogo com essas igrejas e suas lideranças brancas, as quais mantêm dentro de suas instituições milhões de descendentes de africanos aprisionados mentalmente, sendo esse o motivo de continuarmos com essa tentativa, com a nossa voz profética, com obrigação de alertá-las sobre o pecado do racismo contra as filhas e filhos de Yavé.
Sabemos que certas igrejas possuem pastorais ou estão iniciando discussões, aonde ordenam pretas e pretos as representem em reuniões dos Movimentos Sociais, evitando o confronto dos verdadeiros representantes dessas igrejas - os brancos - que possuem as decisões. Estes não comparecem, são os reais detentores do poder eclesiástico, estes não desejam mudanças na opressão racial e acumulam experiências de dominação, usam estas pastorais, evitando também discutir internamente a discriminação contra o povo preto nas suas igrejas, concílios e na sociedade, outrossim, as pretas e pretos servem muito bem para escamotear o que eles deveriam urgentemente discutir e tentar resolver em conjunto.
O Movimento Negro sabe e confirma que o CNNC é a única organização cristã preta livre, adjetivada pelas igrejas brancas e seus representantes descendentes de africanos de “negros rebeldes”, “negros desobedientes”, “negros hereges”, “negros divisionários”, “negros pecadores”, “negros endemoniados”. Consideram-nos pregadores de uma Teologia Negra e da saída do povo preto dessas instituições, o que não deixa de ser verdade em última análise. O CNNC não deseja e nem pede que as igrejas brancas peçam perdão ao povo preto pela escravidão. Não acreditamos na seriedade moral e espiritual desta petição. Inclusive a maioria delas não atendeu ao pedido de perdão sugerido por membros de algumas organizações cristãs que ilusoriamente acreditam nas igrejas brancas. Pedimos sim, a Yavé que perdoe essas igrejas que usando indevidamente o seu Santo Nome participaram da invasão da África - Continente Abençoado, do tráfico de mulheres, crianças e homens originais, da exploração dos nossos ancestrais e são culpadas pela omissão da escravidão e racismo, e muitas delas da participaram da morte de milhões de africanos e descendentes, e além do perdão, que Yavé proceda com a devida justiça atingindo todos aqueles que até hoje se utilizam do racismo e das inúmeras mentiras para construção dos seus Impérios religiosos anti-pretos.
O CNNC entende o medo das igrejas brancas e as causas da preocupação da manutenção de milhões de pretas e pretos passivos, em seus quadros religiosos. Abaixo, analisaremos os motivos principais que levam ao desespero dessas estruturas eclesiásticas:
CRISTIANISMO DE MATRIZ AFRICANA
O CNNC foi a primeira organização no Brasil a divulgar que a origem do cristianismo é africano, através de profundos estudos da história do cristianismo, da história das civilizações do Vale do Nilo, da região conhecida por Magreb e especialmente pelos estudos das Sagradas Escrituras Africanas (Bíblia). Os livros do Primeiro Testamento tiveram como espaço geográfico a África antes de ser separada pelo congloremerado anglo-francês que construiu o canal de Suez. África e Ásia são na verdade uma só extensão territorial e os fatos históricos bíblicos tiveram como atores e atrizes mulheres e homens pretos.
As primeiras comunidades cristãs se formaram na África e ainda existem como provas vivas das revelações de Yavé para as civilizações originais, assim, ainda temos a Igreja Copta no Egito e a Igreja na Etiópia, formadas bem antes da Igreja Branca Católica Apostólica Romana e das Igrejas Brancas surgidas na Reforma Protestante do séc. XVI. Por isso a COPTAZION se espelha em uma tradição africana, numa reelaboração de fé dos ancestrais africanos, denunciando que o cristianismo que ai está seja católico ou protestante, omite a verdade histórica e das primeiras comunidades africanas cristãs. Yeshua, nunca foi a Europa, foi um homem africano com uma família africana e com mensagens de reconciliação, de libertação e paz para os africanos e seus descendentes. A COPTAZION é a única igreja no Brasil que reconhece e propaga o Cristianismo de Matriz Africana como um dos seus principais alicerces doutrinários.
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AXUM - AS IGREJAS ESCULPIDAS EM ROCHAS NA ETIÓPIA
O MEDO DE JESUS CRISTO PRETO
QUESTÃO ECONÔMICA
Censos realizados há alguns anos, demonstram que há cerca de 15 milhões de descendentes de africanos membros de diversas igrejas evangélicas ou protestantes. A amada leitora e o amado leitor se forem membro de igreja, sabe que a manutenção das instituições perpassa com a contribuição direta dos fiéis, sendo assim, podemos enumerar algumas: dízimos, ofertas, campanhas beneficentes, etc., para manutenção de escolas, hospitais, templos, gráficas, seminários, missões, salários pastorais, entre outros.
Desde a infância aprendi a contribuir com os trabalhos das igrejas, em muitos momentos eu guardava o pouco dinheiro para a merenda escolar com a finalidade de ofertar na escola dominical. Deixei de comprar os meus doces, mas aprendi a responsabilidade da contribuição de se manter a instituição religiosa. Apenas me arrependo de ter deixado de saborear os doces e ter contribuído para manutenção do racismo. Nenhuma organização sobrevive sem a participação econômica de seus membros e na igreja esse aprendizado começa na infância.
Vamos brincar um pouco de economia, não sendo a minha área poderei incorrer em erros, mas baseado em experiências e relatos, analisaremos as contribuições de 15 milhões de descendentes de africanos para as diversas organizações protestantes. É bom ressaltar, o dízimo significa para muitas igrejas, dez por cento do salário. Há membros de diversas classes sociais , e a maioria recebe o um salário mínimo; dez por cento do salário mínimo são R$ 415,00 reais; se você ganha um salário mínimo e se for um crente fiel; dez por cento, isto é, 41 reais pertencem à instituição. Se você ganha 2000 reais, 200 são da instituição. Além das ofertas, campanhas, etc... Suponhamos na média que 15 milhões de pretos contribuam na média 50 reais ao mês, evidente que essa média deve subir, pela aquisição de diversos CDs, shows do grande mercado gospel, da compra de Bíblias, literatura, cartões, roupas, e diversos outros objetos diariamente adquiridos pelo povo preto evangélico.
Por baixo façamos a multiplicação:
15.000.000,00 X 50,00 = 750 milhões de reais, em um ano serão nove bilhões de reais utilizados para a manutenção do racismo protestante.
Pode-se chegar tranquilamente também a média de 100 reais pela venda de material evangelístico e poderosas campanhas de manutenção de programas de rádios e televisivos. Então façamos uma média de R$100,00 mensais, isso sem integrar as Testemunhas de Jeová e os pretos na Igreja Católica que não fazem parte nesses cálculos, porque teríamos um valor impossível neste momento de supor.
Na média de R$100,00 X 15.000.000,00 = 1 bilhão e 500 milhões de reais investidos pelos descendentes de africanos evangélicos nas igrejas que negam a discriminação racial no Brasil.
Pasmem! Setecentos e 50 milhões de reais ou um bilhão e 500 milhões de reais são disponibilizados ao mês, nove bilhões de reais ou 15 bilhões de reais anualmente para a manutenção de estruturas que negam o racismo e esse montante não são voltados para a comunidade negra.
Minha irmã e meu irmão preto é o momento de se fazer reflexões.
- O que você tem feito pelo seu povo preto?
- O suor de seu trabalho tem servido para a manutenção do racismo nas igrejas evangélicas?
- O dízimo e oferta garantem que seus filhos e filhas estudem nos colégios dessas denominações?
- Não já passou o momento de você reverter esse processo?
QUESTÃO HISTÓRICA
A negação do racismo na igreja protestante é de tentar escamotear o passado dos escravizadores norte-americanos que trouxeram a fé evangélica para o Brasil, e com eles o racismo protestante de missões o qual já encontrou uma sociedade racista baseada no catolicismo escravizador.
Foram formadas igrejas baseadas no simbolismo branco-puritano-racista, que delinearam e marcaram todas as igrejas históricas e a posteriori as denominações pentecostais e neopentecostais.
A historia do protestantismo Brasileiro é baseada no liberalismo, na idéias do Darwinismo Social, da Predestinação (que criou o Apartheid na África do Sul e as Leis Jim Crow) e em teologias anti-preto. O interesse dos primeiros protestantes foi de converter brancos e não descendentes de africanos, ocorrendo uma inversão de alvo, tornando-se necessário um entendimento mais acurado da presença maciça de pretos e pretas nas denominações protestantes históricas, especialmente a fé batista. Nas outras igrejas históricas há também comunidades exclusivamente pretas, e a grande presença de comunidades evangélicas em quilombos, fato este, não comentado por historiadores, sociólogos e antropólogos. As igrejas pentecostais e neopentecostais são majoritariamente negras, como o caso especifica das Assembléias de Deus e de outras.
A história do protestantismo no Brasil é pautada na discriminação racial e no alijamento da parcela preta dos processos decisórios, tanto assim, que a Igreja Metodista, ainda se recusa de aceitar como um dos heróis da fé, o crente metodista marinheiro João Cândido.
A história do protestantismo no Brasil é a negação do ser africano, são concepções eurocentradas e norte-americanas, que através de seus programas educativos se apropriaram do discurso da inferiorização dos descendentes de africanos. Aliás, muito bem planejado, afetando as relações de convivência da família, do povo preto, criando um desejo intenso de branqueamento das poucas lideranças masculinas e o desejo intrínseco de “melhoria” racial; um péssimo exemplo para as crianças e jovens. Achei um vídeo na internet o qual retrata a visão distorcida das relações entre negros em uma igreja protestante.
Um dos recortes fundamentais da manutenção da escravidão mental dos descendentes de africanos no protestantismo e a Teologia.

As igrejas protestantes ensinam uma teologia branca excludente, anti-histórica e anti-Bíblica que mantém milhões de descendentes de africanos aprisionados, imaginando um Deus europeu, escravizador e terrorista, que não ama o povo preto. Incrível, como a teologia foi transformada, apropriada e deformada para a manutenção de inverdades que favoreceram o império branco romano e foi novamente transformada na reforma protestante branca européia do sec. XVI. Os diversos pensamentos teológicos da Igreja Branca Romana e da Reforma Branca Protestante foram direcionados aos povos brancos e serviram de exclusão do Povo Preto.
Por isso, o CNNC, não aceita e nem compreende que teólogos brancos no Brasil queiram produzir uma Teologia Negra – melhor seria Teologia Preta - isso é impossível, é vergonhoso, como também e questionável que pretos e pretas que ainda estão dominados e subservientes nas igrejas brancas em suas pastorais e concílios, tentem fazer um Teologia Negra sendo orientados por esses pastores. Isso é brincadeira!!! Somente pretos livres e independentes em suas comunidades pretas tem a possibilidade de viver e escrever uma Teologia Negra, porque é a sua vivência espiritual com Yavé, podem entender, sem a interferência espiritual dos líderes brancos e suas teologias excludentes a vontade de Yavé para o seu povo preto. Junte-se a nós nessa caminhada.
As igrejas no Brasil servem de exclusão das crianças e das mulheres mantendo o foco da

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Conclusão: Estes são alguns fatores de pretas e pretos de diversas denominações em Salvador-Bahia, resolveram atender o chamado de Yavé para se organizarem além do CNNC, na primeira Igreja Preta do Brasil - COPATZION (Comunidade Pan-Africanista de Tzion). Apesar de no Brasil existir igrejas que se autodenominam de Negras, possuem apenas cultos alegres e avivados, como é natural, pois sua maioria é de descendentes de africanos que abundam a alegria e a Graça de Yavé e onde está o povo preto reunido está à presença do Eterno, abençoando ao seu povo original. Infelizmente estas igrejas possuem uma teologia branca em comunidades pretas. A COPTAZION é uma igreja preta com uma teologia preta, ai está à diferença.
Os desafios já surgiram e ataques já se iniciaram contra a COPATZION, as lideranças brancas e membros pretos afetados por estas estão desesperados pela aceitação da COPATZION pela comunidade preta. Estamos recebendo dezenas de e-mails de todo o Brasil e do exterior com pedidos de inauguração da COPATZION.
Irmãs e irmãos pretos, você pode agora LIVREMENTE LOUVAR A YESHUA, o AFRICANO, cantar e tocar os tambores sagrados, participar de confraternização como um só povo: O POVO DE YAVÉ, e no próximo dia 30 estaremos fazendo a nossa primeira celebração com a ordenação do nosso pastor, cânticos, poemas, danças e confraternização da Igreja Preta.
Contribua com essa idéia. Precisamos implementar ações de missões e construção do nosso templo. Tenha a COPTZAION nas suas orações e nas suas ofertas. Precisamos enviar missionários (as), queremos chegar a sua cidade com as nossas missões de libertação. Seja corajoso e corajosa. Aceite o desafio de fé. Só com a sua ajuda, irmã e irmão preto, poderemos enfrentar esses impérios religiosos consumistas e racistas que você ajuda a construir e manter, por falta de opção, porque sempre acreditou no amor de Yeshua. Agora chegou o momento de você construir pelo seu povo preto.
Entre em contato com os cristaosnegros@yahoo.com.br e com copatzion@gmail.com e vamos mudar esse jugo desigual.
