sábado, 10 de novembro de 2007

Yaa Asantewaa: A Rainha Guerreira Ashanti


Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista 
Kefing Foluke. E-mail: kefingfoluke@hotmail.com
 Skype: lindoebano
Facebook: Walter Passos

Nesse Novembro Negro, hoje iremos discorrer sobre uma das poderosas mulheres pretas da Historia da África recente que empreendeu guerra contra o dominador europeu. As mulheres africanas sempre estiveram na direção de grandes reinos e prontas para o comando de seu povo, muitas dessas civilizações possuíam o modo de produção matrilinear.
Uma dessas mulheres foi Yaa Asantewaa, líder da última resistência realizada no século passado em território africano, diretamente contra o colonialismo britânico feito pela civilização Ashanti, uma confederação de reinos que se desenvolveu no sul de Gana nos séculos XVIII e XIX, tendo a sua capital na cidade de Kumasi, com edifícios feitos de terra, madeira e palha, que hoje são considerados patrimônios da humanidade.
Esta civilização originou-se dos Akan que criaram o Sankofa. O Sankofa é uma metáfora usada em Gana para simbolizar a necessidade de voltar para trás, para recuperar as coisas perdidas, demonstrando que sempre podemos retificar nossos erros; aprender do passado e construir alicerces para o futuro. Sankofa é olhar para trás, manter os pés no chão e direcionar os ombros para frente, buscando a melhoria individual intrínseca na melhoria coletiva. Em Akan existem duas palavras que estão relacionadas à família. A palavra "abusua" é um grupo de descendência corporativa, enquanto que a palavra "fifo" (literalmente pessoas de casa) significagrupo residencial, construindo as bases do Sankofa.
Símbolo do Sankofa

As mulheres africanas Ashantis escolhiam os líderes das aldeias e da civilização com um todo. O poder matrilinear estava instituído dentro do Direito Ashanti, bastante organizado, com regras de condutas consuetudinárias que determinavam o comportamento das relações comerciais, políticas, bélicas, familiares e principalmente políticas.


Os Ashantis desenvolveram dentro de seu arcabouço tecnológicos uma comunicação bastante eficiente, com duzentos quilômetros de alcance, através dos tambores fazendo a transformação do próprio idioma, incluindo acentos, vírgulas e demais estruturas gramaticais para sons em tambores.
Além da estrutura bélica bastante organizada e matrilinear, outra característica fantástica do povo Ashanti é a forma de organização da comunidade através de normas de conduta, ou seja: o Direito Ashanti. Grande parte das normas Ashanti, apesar de não estarem delimitas em normas literais, ainda são utilizadas em Gana, trazendo grande influência a doutrina jurídica daquele país.
Os Ashantis são sete milhões de pessoas, cerca de 30% da população atual de Gana e não devemos confundir com o Império da Gana que perdurou até o ano 1.200 d.C. Há pormenores interessantes nessa civilização, um equilíbrio no poder no que tange a matrilinearidade.
O Império britânico manteve em guerra a civilização Ashantis durante o período de cem anos. No final do século XIX o império britânico após aprisionar o herdeiro do reino Ashanti o Asantehene Prempeh enviou a capital Kumasi o Lord Hodgson, e mandaram um ultimato as lideranças objetivando conseguir o cetro dourado, símbolo da união, poder e soberania Ashanti e houve uma reunião com todos os chefes e nenhum deles contestou a exigência feita, demonstrando covardia perante o branco invasor .Então repentinamente Yaa Asantewaa Rainha -Mãe de Ejisu(1850-1921) levantou-se e falou:
- “Agora eu vejo que alguns de vocês temem ir adiante para lutar pelo nosso rei. E se fosse nos dias heróicos de Osei Tutu, Okomfo Anokye e Opoku Ware que foram chefes e não se sentariam para ver o seu rei ser levado para longe sem disparar uma bala, nenhum homem branco temeu falar para o líder dos Ashantis do jeito que o governador falou para o chefe de vocês hoje de manhã. É verdade que a bravura dos Ashantis acabou? Eu não poso acreditar. Isto não pode ser. Eu tenho que falar isto: Se você é um homem Ashanti e não for adiante , então nós iremos. Nós as mulheres iremos. Eu chamarei as minhas companheiras. Nos lutaremos contra o homem branco. Lutaremos até que a última de nós caia em campo de batalha.
Esta intervenção recobrou os ânimos dos guerreiros Ashantis para combater os homens brancos até que eles libertassem o Asantehene Prempeh. Durante meses os Ashantis foram liderados por Yaa Asantewaa que pela sua coragem e determinação manteve os ingleses no Forte. O exército inglês enviou mais soldados e com melhores armamentos invadiram a cidade de Kumasi. Yaa Asantewaa e outros líderes foram capturados e enviados ao exílio.
Yaa Asantewaa fez a última guerra liderada por uma mulher dentro do território africano para defender o seu povo do domínio branco e morreu longe de sua terra no ano de 1921 com 71 anos de idade.

8 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito da matéria, sei muito pouco sobre a cultura negra e, apesar de ser branca, tenho um bisavô negro e sempre fui apaixonada pela cultura e principalmente pela resistência do povo negro. Há uma polêmica na Fundação Santo André, no meu curso, Letras, porque alguams pessoas querem estudar a literatura africana e, apesar daquela região ser tão ou até mais importante quanto foi Portugal na nossa formação étnica e cultural, as pessoas dizem não ser importante aprendermos a literatura africana, acham algo exótico, eu já acho algo necessário, e faltante na nossa formação. Se vocês quiserem podem me mandar e-mails que repasso p/ os grupos da FSA. Parabéns pela matéria, parabéns pela resistência negra, à luta!

Sds,

Thais Menezes
asiwatchtheweatherchange@hotmail.com

Anônimo disse...

Maravilhaaaaaaaaaa!!! Esta é com certeza o nome da minha futura filha!!!! ASHANTI!!!!!!

leiaoestatutodaigualdaderacial disse...

Gostei muito da postagem Kefing! Parabéns por manter a nossa tradiçõa sempre viva, sou um admirador de vocês!
Um abraço de Sampa do africanop-brasileira Carlos Machado/Gyasi Kweisi Mpfume que faz o Kwanzaa na capital paulista.

Anônimo disse...

Nadir disse: Gostaria de poder receber mais informações sobre o povo Ashanti. Sou negra de raiz (pai e mãe negros) Estou começando a estudar sobre povos de origens Africanas. Fico no aguardo. Meu e-mail é: nadirsa_89@hotmail.com

Renata disse...

Olá, gostaria de indicação de bibliografia sobre a rainha em questão.Sendo brasileira e professora, já justifica meu interesse. Abraços e parabéns pelo blog.
Renata

Renata disse...

Olá, gostaria de indicação de bibliografia sobre a rainha em questão. O fato de ser brasileira e professora já justifica meu interesse. Parabéns pelo blog, abraços
Renata

Renata disse...

Olá, gostaria de indicação de bibliografia sobre a rainha em questão. O fato de ser brasileira e professora já justifica meu interesse. Parabéns pelo blog, abraços
Renata

Unknown disse...

Adorei saber ,principalmente pela coragem e determinacao das mulheres negras . parabéns pela matéria.

PRETAS POESIAS

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