Por Walter Passos,Teólogo, Historiador, Poeta, Pan-africanista e Afrocentrista Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Há 27 anos concluindo a graduação em História, subi a serra do Barriga, em Alagoas, emocionado pude sentir a energia dos quilombolas palmarinos. Viajei sem dinheiro, aceitando o convite do meu professor de História: Mario Maestri Filho, o qual anteriormente havia me apresentado e pude acompanhar conversas com Décio Freitas, Clóvis Moura, Joel Rufino e outros historiadores. Vi e participei das discordâncias dos historiadores, tanto em Maceió no - I Simpósio sobre o Quilombo dos Palmares - em 1981 e relativas às propostas do filme: QUILOMBO, produzido por Cacá Diegues, o qual apesar de ser orientado historicamente, produziu um filme bastante polêmico e questionado, como todo branco, inseriu entre os personagens uma mulher branca, que orientava o grande guerreiro Ganga-Zumba.
Já conversando com Cid Teixeira, há mais de 20 anos na Bahia, o mesmo me informou de ter acesso a farta documentação escrita pelos holandeses em holandês arcaico que poderiam ser trazidas e pesquisadas por mim. Na época não era o meu interesse. E hoje não sei se temos todos os documentos escritos sobre Palmares em terras portuguesas, espanholas e holandesas.
Algumas informações sobre Palmares nunca me convenceram e ainda carecem de explicações convincentes com provas documentais. Em especial, sobre a presença de brancos nos quilombos palmarinos. Até hoje, desconheço um nome sequer de pessoas brancas que tenha sido citado por historiadores que tenha vivido em Palmares. Se algum leitor (a) conhecer e puder citar a documentação será mui interessante. Creio que seja mais uma invenção de pessoas mal intencionadas que apoiam a falsa democracia racial ou tentam desfigurar as lutas libertárias do povo preto, criando um falso multiculturalismo nas lutas pretas.
Eu desafio historiadores brancos e militantes pretos que continuam defendendo essa proposta que citem documentos com nomes de brancos que habitavam nos quilombos palmarinos. A Confederação dos Palmares foi organizada por pretos e para os pretos. Inventar que havia brancos convivendo em Palmares é embranquecer e criar uma simpatia para com os algozes. Isso não quer dizer que não houvesse no modo de produção escravista colonial, brancos pobres, nem desmentir que alguns viveram de acoitamento a escravizados fugitivos explorando a sua mão-de-obra, como no caso do Quilombo do Oitizeiro na Bahia, contido no meu livro Bahia: Terra de Quilombos.
Mas sim afirmar que se torna necessário entender melhor a escravidão e ver que os escravizados eram considerados mercadorias, dinheiro vivo.
È contestado por diversos historiadores a presença branca dentro dos quilombos dos Palmares: "a presença de brancos em palmares ainda é motivo de discussão, mas sabe-se que isso ocorreu depois em quilombos de outras regiões". Reinaldo Lopes.
Não podemos permitir que mais uma farsa continue sendo divulgada. A Confederação dos Palmares foi criada para pretos e por pretos, nela não havia brancos. Os brancos sempre a desejaram destruir e assim o fizeram. O que houve em Palmares foi à troca de excedentes agrícolas palmarinos com armas e munições com mascates e lavradores brancos, uma relação comercial cheia de desconfianças, mas, necessária para que Palmares sobrevivesse guerreando contra o sistema colonial por volta de 100 anos e pudesse manter constante uma população sempre crescente de escravizados fugitivos, até provavelmente cerca de 20 mil habitantes.
A presença de mulheres de civilizações nativas (indígenas) está também sendo discutida através dos trabalhos iniciais de arqueologia em Palmares. Presença de cerâmica contemporânea a existência dos quilombos, anteriormente dada como indígena, pode ser resultado de trocas comerciais com comunidades circunvizinhas, ou deve ter sido produzida pelos próprios palmarinos, porque estes já detinham o conhecimento de diversas técnicas, oriundas dos reinos situados na região de Angola e do Congo, como o trabalho em ferro, marfim, cerâmica, etc.
Outro fator importante é a Yorobofolia feita por brancos na história dos pretos no Brasil que tem sido desmascarada a todo o momento. Estes colocam Zumbi como yoruba, cultuando Orixás, fato este impossível porque nenhum membro dos quilombos dos Palmares ouvira falar. Dizem até que Zumbi era filho do Orixá Ogum. Zumbi não conheceu Ogum ou qualquer outro Orixá, porque ele era de origem Bantu. Não havia nenhum quilombola palmarino oriundo da atual Nigéria ou região. Pode-se afirmar que Zumbi conhecia a religião Católica, forças da natureza e ancestrais ligados ao povo Bantu. Tentam fazer afirmações no Brasil sem documentação e sem oralidade, objetivando confundir e destruir a história do nosso povo preto.
Falemos um pouco sobre Zumbi:
Segundo Décio Freitas, Zumbi nasceu em Palmares e foi seqüestrado por escravizadores brancos após ataque a comunidades quilombolas e ainda recém-nascido foi entregue ao Padre português Antônio Melo, da vila de Porto Calvo no atual estado de Alagoas, sendo batizado e recebido o nome de Francisco, aprendeu a falar o português e o latim, tornando-se coroinha aos 10 anos de idade, única referência encontrada da prática religiosa de Zumbi. Aos 15 anos de idade em 1670 fugiu para Palmares e voltou algumas vezes para visitar o Padre Antônio e trazer-lhe presentes porque o mesmo vivia em extrema miséria, segundo correspondências escritas pelo próprio Padre a um amigo da Vila de Porto Calvo. Fatos estes escrito unicamente por Décio e nenhum documento comprobatório.
"Ele teria sido vendido ao padre Antônio Melo, que o teria criado para ser coroinha. Aos 15 anos, no entanto, Zumbi teria fugido. "Essa é uma versão fantasiosa, mas não impossível", diz Flávio Gomes. "Décio jamais mostrou o documento em que apoiava essa biografia de Zumbi. E, além disso, ele ficou conhecido por romancear sistematicamente sua produção", diz Maestri".Reinaldo Lopes - Matéria publicada originalmente em História 27, novembro 2005.
Palmares iniciou-se no final do século XVI com um pequeno aglomerado de pretos escravizados fugitivos das fazendas de cana-de-açúcar e se internalizaram no interior do atual estado de Alagoas.
“Tudo indica que africanos do complexo angolano (região que englobava, além de Angola, uma parte do atual Congo) teriam tido um papel determinante em Palmares”, afirma Mário Maestri, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Há, por exemplo, a tradição de que eles chamavam seu reduto de Angola Janga, ou "Angola Pequena". Se essa idéia estiver correta, o povo original de Palmares era composto, em grande parte, por gente do grupo lingüístico banto - um dos primeiros na África a desenvolver a agricultura, a criação de animais e o uso do ferro, tendo se expandido por boa parte de seu continente.
A Confederação dos Palmares foi formada por diversos quilombos e alguns dirigidos por mulheres guerreiras.
Palmares enfrentou guerras contra três nações europeias: portugueses, espanhóis e holandeses. Os palmarinos enfrentarem o poder da Igreja Católica e o poder dos protestantes reformados. Para explorar e destruir os palmarinos os brancos católicos e os brancos protestantes tinham a mesma opinião. Os protestantes pretos devem saber que os reformados holandeses negavam-se a batizar escravizados pretos que nada perderam com isso. Interessante se faz demonstrar o racismo calvinista imperante na Companhia das Índias Ocidentais dos holandeses, que após, daria forma ao apartheid na África do Sul e mantém até hoje a formação da Klux Klux Klan dentro dos USA.
A saga de Zumbi serve para entender que a liberdade deve ser conquistada a qualquer preço. Não foi nenhum branco que deu a liberdade aos pretos escravizados que formaram os quilombos e nenhum branco lutou para que Palmares continuasse livre. Zumbi e seus quilombolas servem como exemplo na diáspora e no pan-africanismo e o nosso povo nunca se abaixou para o colonizador e colonialista europeu. Reitero que nenhum historiador ou pseudo-historiador possa comprovar que na Pequena Angola houvesse a participação de brancos, sempre tentarão menosprezar a luta do povo preto na África e na diáspora.
Já conversando com Cid Teixeira, há mais de 20 anos na Bahia, o mesmo me informou de ter acesso a farta documentação escrita pelos holandeses em holandês arcaico que poderiam ser trazidas e pesquisadas por mim. Na época não era o meu interesse. E hoje não sei se temos todos os documentos escritos sobre Palmares em terras portuguesas, espanholas e holandesas.
Algumas informações sobre Palmares nunca me convenceram e ainda carecem de explicações convincentes com provas documentais. Em especial, sobre a presença de brancos nos quilombos palmarinos. Até hoje, desconheço um nome sequer de pessoas brancas que tenha sido citado por historiadores que tenha vivido em Palmares. Se algum leitor (a) conhecer e puder citar a documentação será mui interessante. Creio que seja mais uma invenção de pessoas mal intencionadas que apoiam a falsa democracia racial ou tentam desfigurar as lutas libertárias do povo preto, criando um falso multiculturalismo nas lutas pretas.
Eu desafio historiadores brancos e militantes pretos que continuam defendendo essa proposta que citem documentos com nomes de brancos que habitavam nos quilombos palmarinos. A Confederação dos Palmares foi organizada por pretos e para os pretos. Inventar que havia brancos convivendo em Palmares é embranquecer e criar uma simpatia para com os algozes. Isso não quer dizer que não houvesse no modo de produção escravista colonial, brancos pobres, nem desmentir que alguns viveram de acoitamento a escravizados fugitivos explorando a sua mão-de-obra, como no caso do Quilombo do Oitizeiro na Bahia, contido no meu livro Bahia: Terra de Quilombos.
Mas sim afirmar que se torna necessário entender melhor a escravidão e ver que os escravizados eram considerados mercadorias, dinheiro vivo.
È contestado por diversos historiadores a presença branca dentro dos quilombos dos Palmares: "a presença de brancos em palmares ainda é motivo de discussão, mas sabe-se que isso ocorreu depois em quilombos de outras regiões". Reinaldo Lopes.
Não podemos permitir que mais uma farsa continue sendo divulgada. A Confederação dos Palmares foi criada para pretos e por pretos, nela não havia brancos. Os brancos sempre a desejaram destruir e assim o fizeram. O que houve em Palmares foi à troca de excedentes agrícolas palmarinos com armas e munições com mascates e lavradores brancos, uma relação comercial cheia de desconfianças, mas, necessária para que Palmares sobrevivesse guerreando contra o sistema colonial por volta de 100 anos e pudesse manter constante uma população sempre crescente de escravizados fugitivos, até provavelmente cerca de 20 mil habitantes.
A presença de mulheres de civilizações nativas (indígenas) está também sendo discutida através dos trabalhos iniciais de arqueologia em Palmares. Presença de cerâmica contemporânea a existência dos quilombos, anteriormente dada como indígena, pode ser resultado de trocas comerciais com comunidades circunvizinhas, ou deve ter sido produzida pelos próprios palmarinos, porque estes já detinham o conhecimento de diversas técnicas, oriundas dos reinos situados na região de Angola e do Congo, como o trabalho em ferro, marfim, cerâmica, etc.
Outro fator importante é a Yorobofolia feita por brancos na história dos pretos no Brasil que tem sido desmascarada a todo o momento. Estes colocam Zumbi como yoruba, cultuando Orixás, fato este impossível porque nenhum membro dos quilombos dos Palmares ouvira falar. Dizem até que Zumbi era filho do Orixá Ogum. Zumbi não conheceu Ogum ou qualquer outro Orixá, porque ele era de origem Bantu. Não havia nenhum quilombola palmarino oriundo da atual Nigéria ou região. Pode-se afirmar que Zumbi conhecia a religião Católica, forças da natureza e ancestrais ligados ao povo Bantu. Tentam fazer afirmações no Brasil sem documentação e sem oralidade, objetivando confundir e destruir a história do nosso povo preto.
Falemos um pouco sobre Zumbi:
Segundo Décio Freitas, Zumbi nasceu em Palmares e foi seqüestrado por escravizadores brancos após ataque a comunidades quilombolas e ainda recém-nascido foi entregue ao Padre português Antônio Melo, da vila de Porto Calvo no atual estado de Alagoas, sendo batizado e recebido o nome de Francisco, aprendeu a falar o português e o latim, tornando-se coroinha aos 10 anos de idade, única referência encontrada da prática religiosa de Zumbi. Aos 15 anos de idade em 1670 fugiu para Palmares e voltou algumas vezes para visitar o Padre Antônio e trazer-lhe presentes porque o mesmo vivia em extrema miséria, segundo correspondências escritas pelo próprio Padre a um amigo da Vila de Porto Calvo. Fatos estes escrito unicamente por Décio e nenhum documento comprobatório.
"Ele teria sido vendido ao padre Antônio Melo, que o teria criado para ser coroinha. Aos 15 anos, no entanto, Zumbi teria fugido. "Essa é uma versão fantasiosa, mas não impossível", diz Flávio Gomes. "Décio jamais mostrou o documento em que apoiava essa biografia de Zumbi. E, além disso, ele ficou conhecido por romancear sistematicamente sua produção", diz Maestri".Reinaldo Lopes - Matéria publicada originalmente em História 27, novembro 2005.
Palmares iniciou-se no final do século XVI com um pequeno aglomerado de pretos escravizados fugitivos das fazendas de cana-de-açúcar e se internalizaram no interior do atual estado de Alagoas.
“Tudo indica que africanos do complexo angolano (região que englobava, além de Angola, uma parte do atual Congo) teriam tido um papel determinante em Palmares”, afirma Mário Maestri, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Há, por exemplo, a tradição de que eles chamavam seu reduto de Angola Janga, ou "Angola Pequena". Se essa idéia estiver correta, o povo original de Palmares era composto, em grande parte, por gente do grupo lingüístico banto - um dos primeiros na África a desenvolver a agricultura, a criação de animais e o uso do ferro, tendo se expandido por boa parte de seu continente.
A Confederação dos Palmares foi formada por diversos quilombos e alguns dirigidos por mulheres guerreiras.
Palmares enfrentou guerras contra três nações europeias: portugueses, espanhóis e holandeses. Os palmarinos enfrentarem o poder da Igreja Católica e o poder dos protestantes reformados. Para explorar e destruir os palmarinos os brancos católicos e os brancos protestantes tinham a mesma opinião. Os protestantes pretos devem saber que os reformados holandeses negavam-se a batizar escravizados pretos que nada perderam com isso. Interessante se faz demonstrar o racismo calvinista imperante na Companhia das Índias Ocidentais dos holandeses, que após, daria forma ao apartheid na África do Sul e mantém até hoje a formação da Klux Klux Klan dentro dos USA.
A saga de Zumbi serve para entender que a liberdade deve ser conquistada a qualquer preço. Não foi nenhum branco que deu a liberdade aos pretos escravizados que formaram os quilombos e nenhum branco lutou para que Palmares continuasse livre. Zumbi e seus quilombolas servem como exemplo na diáspora e no pan-africanismo e o nosso povo nunca se abaixou para o colonizador e colonialista europeu. Reitero que nenhum historiador ou pseudo-historiador possa comprovar que na Pequena Angola houvesse a participação de brancos, sempre tentarão menosprezar a luta do povo preto na África e na diáspora.
O exemplo dos palmarinos e milhares de quilombos destruídos nas Américas e milhares que ainda resistem no Brasil, o qual sou testemunha por ter feito o primeiro mapeamento no estado da Bahia, nos dão a certeza que a liberdade do povo preto é conquistada pelo povo preto e chega de influências eurocêntricas na nossa história.
Salve a memória de Zumbi, Ganga-Zumba, Ganga-Muiça, Ganga-Zona, Dandara, Acotirene, Aqualtune, Acaiúba, Toculo, Amaro, Andalaquituche, Dambrabanga, Subupira, Banga e tantas outras pretas e pretos quilombolas dos Palmares.
Consciência Negra sejam 365 dias ao ano!
3 comentários:
Caro quilombola Walter Passos. Seu texto é digno de um historiador rigoroso e comprometido com seu ofício. De fato não existem documentos comprobatórios acerca da presença branca e até indígena na revolucionária experiência centenária palmarina. No entanto, isso não significa que Palmares não tenha instituído alguma forma de convivência multiétnica em seus domínios afinal a luta revolucionária consequente dos oprimidos de todas as matizes contra o inimigo comum exige unidade tática, estratégica e mesmo orgânica. Como exemplo contemporâneo temos a experiência vitoriosa sul-africana. Evidente que se houve presença branca em Palmares foi residual portanto incapaz de colocar em xeque a hegemonia dos quilombolas palmarinos. Concluo afirmando que o discurso tradicional dos historiadores em torno de uma republica palmarina
multiétnica longe de diminuir essa experiência só faz engrandecê-la mais ainda afinal a construção de uma sociedade socialista e multi-racial em nosso país é o grande objetivo não só dos militantes revolucionários negros como de todos os verdadeiros revolucionários que lutam por um novo mundo a partir de nosso território-nação.
Saudações revolucionárias
Valdir Estrela
claro que houve presença branca no quilombo, mas não como liderança ou influencia para a luta pela liberdade, porém com benficiários do sitema do quilombo, uma vez que eram fugitivos( por vários e diversos motivos) do mesmo sitema da sociedade escravista.
concordo que poderia haver pessoas ditas branca no quilombo dos palmares , mas eram pessoas que estavam na mesma situação dos quilombolas ou situações parecidas.laro que as india s deviam ser casadas com algum quilombola , ja os brancos deviam ser fugitivos condenados a morte , porem nunca tiveram nenhum poder dentro do quilombo visto que fasiam parte do povo opressor.
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