segunda-feira, 24 de junho de 2013

A MENINA DA PEMBA



 









Walter Passos - Historiador 
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Em pleno século XXI -  no ano de 2013 -, em uma escola pública,  Ritinha, com seis anos de idade e no segundo ano do ensino fundamental, pretinha  e belíssima, assume a sua religiosidade de origem africana de forma contundente e não nega o aprendizado no terreiro.

Ela faz parte de um número incontável de crianças pretas oriundas e pertencentes do candomblé que já nos primeiros anos do ensino fundamental conhecem o outro lado: o mundo das escolas públicas ou privadas que não respeitam e nem admitem as religiões de matrizes africanas, em seus estudantes ou em sua pedagogia.

A professora de Ritinha é uma mulher preta, em uma localidade onde a maioria das crianças é de terreiro, mas assume a religião cristã, de vertente evangélica.

As mães  vão à reunião de pais e professores ostentando os colorares que não escondem a opção religiosa africana.

Professoras evangélicas afirmam que Ritinha apresenta problemas de comportamento e aprendizado, cujo motivo único seria a prática do candomblé dela e de sua família.

Constantemente, a professora diz em sala de aula:

- Ritinha, você não aprende porque está cheia de demônios do candomblé! Por isso, você é perturbada e não aprende nada.

Nesse ínterim, a criança começou a ser tratada diferentemente pelas demais da sua turma, que começaram a chamá-la de endemoniada e a discriminá-la.

Ritinha, no entanto, não se abateu. Em rechaço as discriminações, certo dia levou talco para a sala de aula e o soprou nas coleguinhas. Todas ficaram assustadas pensando ser uma espécie de pemba, inclusive a professora.  

Então, Ritinha disse:

- Se vocês têm medo de mim, agora que vão ter mesmo!

Após o incidente, ela também diz que vai colocar o nome de algumas coleguinhas – as que mais reproduzem o discurso da professora -  na encruzilhada ou que vai fazer ebós. Estratégias de defesa que ela possui em reação a discriminação fomentada pela professora dentro da sala de aula.

Em que terra estamos? Uma professora que deveria pregar a paz e ensinar a diversidade cultural e religiosa é o agente da discriminação e de uma educação excludente.

Por mais que pareça engraçado, esse fato ocorre em uma localidade da Bahia e essa criança de nome fictício continua a sofrer discriminação e perseguição porque é seguidora de candomblé.

ACESSE PRETAS POESIAS:

6 comentários:

Evelin Dias disse...

É dificil de acreditar que no mundo que vivemos hoje. Onde as pessoas lutam por direitos individuais e coletivos, esse tipo de discriminações ainda aconteçam. E que pricipalmente, contra as crianças que tanto se defende públicamente mas, nos ambientes retritos, se prevalecem de força e abuso deF autoridade. ABAIXO A HIPOCRISIA!!!Racismo e discriminação não são mal entendidos.

Anônimo disse...

É dificil de acreditar que no mundo que vivemos hoje. Onde as pessoas lutam por direitos individuais e coletivos, esse tipo de discriminações ainda aconteçam. E que pricipalmente, contra as crianças que tanto se defende públicamente mas, nos ambientes retritos, se prevalecem de força e abuso deF autoridade. ABAIXO A HIPOCRISIA!!!Racismo e discriminação não são mal entendidos.

Ana Celia da silva disse...

Nesse momento de reivindicações precisamos levar ao Estado as nossas reivindicações de proibição das igrejas religiosas de todos os matizes, tais como católicas e espíritas, que reproduzem estigmas contra a cor negra, no sentido das escolas serem laicas e não interferirem em questões religiosas, bem como professá-las nas salas de aula. Por causa do voto desses setores é que o Estado permite a barbárie que está sendo perpetrada contra as religiões de matrizes africanas. ana Celia da Silva

Anônimo disse...

Só tenho uma pergunta: Foi realizado um boletim de ocorrência?

Há um entendimento geral que o momento não é mais de discutir o racismo, mas sim, puni-lo.

Donna Liu disse...

Tive que reproduzir o comentário acima, do "Anônimo": "Há um entendimento geral que o momento não é mais de discutir o racismo, mas sim, puni-lo".

daiane disse...

Eu acredito que alguns educadores precisam se atualizarem com referência as várias questões; principalmente a Religiosidade o
preconceito e o Racismo tão evidente em nossa sociedade
Ana Maria.

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