sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

OS GREGOS E A FILOSOFIA PLAGIADA DOS AFRICANOS



Por Walter Passos,
historiador, panafricanista,
afrocentrista e teólogo
Pseudônimo: Kefing Foluke.E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn: kefingfoluke1@hotmail.com
Skype: lindoebano 

Facebook: Walter Passos


"As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram os que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos." Malcolm X


No Brasil, o ensino de filosofia é obrigatório nas escolas de ensino médio, e os docentes repetem todos os anos ensinamentos sem nenhuma reflexão aprofundada sobre o pensamento eurocêntrico. A filosofia grega é ensinada como a origem do pensamento reflexivo, intelectivo e criador humano. Como se o ato de pensar, criar tecnologias, realizar questionamentos acerca do cosmos, hermenêuticas da vida social humana, além de outras várias atitudes pensantes, iniciassem-se com os povos pagãos europeus. Estas afirmações corroboram com as imensuráveis falsidades históricas: as primeiras civilizações mundiais não foram africanas e os povos pretos desenvolveram o pensamento intelectivo após o contato com o invasor europeu.

O que é a filosofia? Sócrates, Platão e Aristóteles

Por que omitem que os europeus antes de invadirem a África já a conheciam e estudaram em suas escolas?

Quiçá, todo educador de filosofia deveria esforçar-se para, em nome do amor ao conhecimento, questionar a história eurocêntrica, tornando-se realmente, um educador-crítico das chamadas verdades estabelecidas, repassadas nos livros didáticos e nas academias. Os livros, as academias e os educadores são as maiores armas de manutenção da opressão mental e distorção histórica da origem do pensamento humano que paira na comunidade preta.

Em minha adolescência, aprendi nas aulas de filosofia no Colégio Arte e Instrução no bairro de Cascadura, cidade do Rio de Janeiro, de que os maiores pensadores da história humana foram os homens brancos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Aprendi que o país o qual nós devemos a nossa Civilização, Filosofia, Artes e as Ciências, foi a Grécia. Que o homem mais sábio que o mundo já viu, foi o grego, Aristóteles. Que o maior matemático de todos os tempos, a pessoa que inventou o teorema do quadrado da hipotenusa, foi o grego Pitágoras.

Exformações continuaram com maior aprofundamento, repetidas nas aulas de filosofia no Seminário Presbiteriano de Campinas, no Seminário Batista do Rio de Janeiro e na faculdade de História. Temos teologias e teólogos pretos que baseiam as suas hermenêuticas na branquitude, graças ao bom aprendizado das filosofias ocidentais, e muitos se gabam de conhecer e repetir os grandes teólogos e filósofos da Escola Alemã. Na faculdade de história não foi diferente, formam-se historiadores, meros repetidores do pensamento europeu e de suas histórias dominadoras. Então, todo a exformação que eu aprendia devia ao esforço pensante das civilizações brancas, e nelas eu deveria me tornar informado e repassador das ditas verdades.

Acreditei que a civilização Greco-romana nos legou todas as boas exformações, as tinha como referências no aprendizado filosófico e pedagógico. Eu estava totalmente equivocado. Infelizmente, estas ideologias ainda são difundidas e ensinadas nas escolas sem um questionamento aprofundado.

Os estudantes acreditam nos educadores. Para o educando o educador conhece a verdade. Só que não sabem que eles assimilaram bem o conhecimento eurocêntrico, e estes donos da verdade, os iluminadores na educação, negam as condições de questionamentos das exformações ao iluminado, deixando-os sem condições de análise se são verdadeiros ou falsos os cruéis ensinamentos repassados.

Em contrapartida a África é negada, e quando é citada é relacionada com a selvageria, demonismo, canibalismo, pobreza, analfabetismo, fome, fonte de mão-de-obra escravizada, entre outras mazelas. Por que educadores especialmente os de origem africana são meros repetidores desses ensinamentos? Até que ponto os “conhecedores” de história da África questionam esses ensinamentos? Ou estes “doutores em África”, na verdade são lobos em vestes de cordeiros para continuar repetindo as exformações que serve a eurocentricidade, etnocentrismo e conseqüente racialização?

Ou são meros inocentes que falam em filosofia, pedagogia e história e não compreendem a própria essência das matérias que ousam ensinar? Ou tem meia culpa por repetir simplesmente o aprendizado de quatro anos de curso universitário, e de pós-graduações baseadas no pensamento homogênico ocidental branco? Qual a seriedade e ações que nós, os educadores afrocentristas, temos que ter em contatos com os estudantes do ensino médio e fundamental?

Já urge o tempo de desconstrução dos ensinamentos aparelhados e oferecer o contraponto a juventude preta, possibilitando-a realizar questionamentos mais diretos ao educador-serviçal e propagadores das “verdades” européias nas escolas e academias, convidando-os a debater, porque estão tão dominados pelo mal que não aceitam reestudar e se livrar da lavagem cerebral da academia branca os quais se tornaram os maiores defensores.

Quando escrevo este texto como toda amorosidade possível vem à mente um debate entre o Dr. Payson, professor universitário afro-americano, e Malcolm X, durante um programa de grande audiência de uma rede de TV americana:

Dr. Payson: - Por que ensina a supremacia negra? Por que ensina o ódio?

Malcolm X: - Um branco pergunta ao negro porque o odeio, é como o estuprador perguntar à violada: “Você me odeia?”. O Branco não está em posição moral para acusar o negro de nada.


Dr.Payson: - Mas é um negro que te faz a pergunta.


Malcolm X: - Quem chamaria você de negro com diploma de formação superior? E o que os brancos te chamam. É preciso entender o raciocínio, e para isso, é necessário saber que, historicamente, havia duas espécies de escravos: o negro da casa e o do campo. O negro da casa vivia junto do senhor, na senzala ou no sótão da casa grande. Vestia-se, comia bem e amava o senhor. Amava mais o senhor que o senhor o amava a ele. Se o senhor dizia: “Temos uma bela casa”. Ele respondia: “Pois temos”. Se a casa pegasse fogo, o negro da casa corria para apagar o fogo. Se o senhor adoecesse, dizia “estamos doentes”. Se um escravo do campo lhe dissesse: “vamos fugir desse senhor”, ele respondia: “existe uma coisa melhor do que o que temos aqui?”. “Não saio daqui.” O chamávamos de negro da casa. É o que lhe chamamos agora, porque ainda há muitos pretos de casa.”




THE HOUSE NEGRO AND THE FIELD NEGRO (2009 animation)



O maior desafio do educador preto é deixar de ser “preto da casa”. Sei quanto é difícil para o educador ter a baixo-estima construída em toda a vida educacional. Torna-se educador e ter a mente dominada e criar novos dominados sem permitir que descubram as mentiras proferidas através dos séculos, é continuar com a pedagogia da Casa-Grande mantendo os educandos assenzalados.

Devemos provocar no educando uma postura cética quanto à exclusividade européia na invenção de instituições e valores, permitindo que as exformações (formação vinda de fora) sejam questionadas possibilitando as novas informações (formação interior) sejam adquiridas.

A dominação do pensamento e a negação dos conhecimentos africanos tem sido a maior arma de propagação da superioridade branca, da manutenção do racismo, da racialização nas propostas educacionais. A tática usada é a negação das primeiras civilizações e desenvolvimento dos primeiros pensadores. Sempre explico aos estudantes como a “civilização européia” dá os primeiros sinais de conhecimento com os gregos, já no chamado período clássico em que aparecem no cenário histórico entre 2.000 e 1800 a.C., desenvolvendo um modo opressivo produtivo: a escravidão em uma sociedade de classes sociais, onde a democracia oprime as mulheres, os estrangeiros e todos aqueles não considerados cidadãos.

Antes deles não havia conhecimento, livros, sabedoria, tecnologia, medicina, mitologia, matemática, astronomia e outros conhecimentos? Como a historiografia é planejada e quais são os seus objetivos de poder?

Se a filosofia depende da história para explicar o desenvolvimento do pensamento da humanidade, o ato de negar as primeiras civilizações distorce o que chamamos de filosofia?

Os meus filhos(as) tiveram uma desconstrução necessária do que foi ensinado nas salas de aula. Meu filho caçula, com 11 anos de idade, recebe a exformação e eu levo ao questionamento para que adquira uma informação no seu ser, do seu passado e presente africano, porque a escola serve como descontruidora do passado glorioso dos seus ancestrais.

Os europeus através dos séculos têm usado a manipulação para omitir, mentir, dominar e excluir. O nosso grande desafio é perfazer os ensinamentos deformados sobre o conhecimento e desmascarar a falsidade ideológica de negação das primeiras civilizações pensantes do planeta: as civilizações africanas. Renomear a África como “O continente negro" foi um pretexto para “civilizar” (o que realmente significou: saquear, mutilar, escravizar e pilhar).

Não vou discutir e explicar a origem da palavra filosofia, todos sabemos da de origem grega Φιλοσοφία: philos - que ama + sophia - sabedoria, que ama a sabedoria ), resumindo no que os estudantes aprendem: Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim a filosofia indica um estado de espírito da pessoa que ama, isto é, daquela que deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita. Estas “verdades” excluem os estudantes pretos.

Estas exformações fazem com que os estudantes pretos tentem se adequar as verdades eurocêntricas, como um peixe fora d’água, sem passado pensante, e contribui com a omissão dos estudantes não pretos sobre a real origem dos primeiros pensadores humanos.

É interessante ressaltar, a África é o berço da humanidade e os mais antigos fenômenos civilizatórios surgiram nesta parte do planeta, inclusive de lá ocorreram migrações em direção a diversas regiões no mundo. E no continente africano, especialmente nas civilizações de Kush-Núbia, detentores das primeiras escritas conhecidas, conhecimento matemático, astronomia, arquitetura e outras ciências ainda em fase de escavações, e Kemet (atual Egito), e outras civilizações de um continente riquíssimo em desenvolvimento humano e tecnológico deram os passos iniciais do que entendemos de filosofia. Há algumas perguntas que servem para começarmos o nosso debate afrocentrado:

- Quais informações que você tem da origem dos primeiros habitantes da Grécia?
- Você sabe que os primeiros habitantes da região da Grécia foram povos pretos?
- Por que todas as escolas de arquitetura em todas as universidades ocidentais até hoje iniciam os estudos de seus alunos com as pirâmides?

- Por que há semelhanças da mitologia grega com as mitologias africanas?

- Por que Cheik Anta Diop acusou de plágio, gigantes da filosofia grega e da matemática, como Arquimedes, Platão, Aristóteles, Thales, e outros?

- Você sabe que as provas documentais provam que as civilizações desenvolveram o que chamam de filosofia?

- Por que há uma tentativa desvelada de historiadores ocidentais de branquearem as civilizações africanas?

- Por que Sócrates foi morto?

Na próxima postagem entraremos nas provas documentais do plágio feito pelos gregos do conhecimento africano. Este texto foi uma pequena introdução.

Há um livro que você poderá ler agora e o ajudará a compreender estes atos de plágio dos gregos e com certeza teremos bons debates.

Acesse e leia: Stolen Legacy by George G. M. James [1954]



Se não ler em inglês: O LEGADO ROUBADO por George G. M. James (1954)


Cheick Anta Diop Falsification De L Histoire

Abraços afrocentrados,

Shalom de Yah.

ACESSE PRETAS POESIAS:

sábado, 20 de fevereiro de 2010

UGANDA E A LEI ANTI-GAYS - O ÓDIO EM NOME DE JESUS


Por Walter Passos
, historiador, panafricanista,
afrocentrista, teólogo e membro da COPATZION (Comunidade Pan-Africanista de Tzion).
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br

Msn: kefingfoluke1@hotmail.com

Skype: lindoebano




Está circulando na net mensagens e abaixo-assinados sobre a possibilidade de se aplicar a pena da morte em homossexuais em Uganda. Este fato chamou-me a atenção porque mais uma vez, infelizmente, o cristianismo está envolvido em ações que cerceiam o direito a vida; então, tive que pesquisar mais profundamente e tentar responder alguns questionamentos:

O que levou os ugandenses cristãos a entenderem que o evangelho (Boas Novas) pode significar morte? Quais foram às bases de entendimento? Quais as influências externas? Como está reagindo à comunidade homossexual em Uganda e em outros países africanos? Estas e outras respostas em um olhar mais profundo contribuirão para começarmos a entender a sociedade ugandense.



UGANDA

Em 1894, como resultado do Tratado de Berlim de 1890, no qual muitos países europeus se apropriaram de diversos territórios na África, Uganda foi declarada um protetorado britânico.

Uganda tem uma área de 197.058.000 km², com uma população de 31,9 milhões (ONU, 2008). Está localizada no planalto do Leste Africano, com média de cerca de 1100 metros (3250 pés) acima do nível do mar, e quase totalmente dentro da bacia do Nilo. Limitado a norte pelo Sudão, a leste pelo Quênia, a sul pela Tanzânia e por Ruanda e a oeste pela República Democrática do Congo. O principal grupo étnico é o Ganda e possui outros grupos étnicos incluindo entre eles os Lango, Acholi, Teso, Karamojong e Maasai.

A capital é a cidade Kampala, sua principal atividade econômica é a agricultura com 80% da população ativa. Uganda tem o seu nome a partir do Reino Buganda, anteriormente abrangia uma parte do sul do país, incluindo a capital, Kampala. Atualmente cerca de 76% da população do país vivem um pouco abaixo da linha internacional de pobreza dos Estados Unidos, US$ 2,00 por dia, atualmente passa uma grave crise alimentar.

Uganda


De acordo com o censo de 2002, os cristãos representavam cerca de 84% da população. A Igreja Católica (41,9%), seguido da Igreja Anglicana de Uganda (35,9%). A terceira religião é o Islã, representam 12% da população. O censo enumera apenas 1% da população que segue religiões tradicionais, e 0,7% são classificados como "outros não-cristãos”. Uma das sete Casas Bahá'í de Adoração do mundo está localizado nos arredores de Kampala. O Judaísmo também é praticado por um pequeno número de ugandenses nativos conhecidos como Abayudaya. Leia o nosso artigo sobre os hebreus em Uganda.

O atual presidente é Yoweri Kaguta Museveni e a primeira dama é Janet Museveni Kataha, evangélica, que sugeriu um censo sobre virgindade como forma de combater a AIDS.

A influência dos evangélicos no poder é proeminente. Há propostas governamentais de concessão bolsas de estudo a alunos que não mantenham experiências sexuais; canções evangélicas são entoadas para receber os visitantes nos aeroportos, adesivos nas portas do Legislativo definem Uganda como - abençoada por causa do cristianismo. Inclusive o ministro da Ética e Integridade de Uganda (que já havia ameaçado proibir o uso de minissaias) declarou recentemente que "os homossexuais podem se esquecer dos direitos humanos".

As propostas, ditas cristãs conservadoras têm um bom aceitamento em uma população majoritariamente residente nas zonas rurais e com grande influência de igrejas com histórico conservador, aliadas ao crescimento do pentecostalismo e neopentecostalismo. Os pentecostais possuem a Uganda Pentecostal University que oferece diversos cursos entre eles: Direito, Comunicação, Tecnologia da Informação e Administração.

KAMPALA PENTECOSTAL CHURCH - SONG


As igrejas conservadoras, pentecostais e neopentecostais possuem um histórico de combate aos homossexuais em todos os países do planeta, e não seria diferente em Uganda.

No Brasil, há a exceção da Igreja Universal do Reino de Deus, através do Bispo Edir Macedo, defensor do aborto, da distribuição de camisinhas e está se aproximando de maneira sutil dos homossexuais, em contrapartida o pastor Silas Malafaia continua com a sua “cruzada santa” de combate a homossexualidade e defesa da “moral evangélica”.

Diversas pessoas se manifestaram em bloggers contra e a favor da lei que pode aplicar pena de morte em homossexuais em Uganda, entre eles um cidadão que usou o pseudônimo de ÚLTIMO CRISTÃO:

“Até que enfim! Parabéns Uganda continue assim, que os outros países africanos sigam e implemente esta leis anti-gays.
Espero que o Brasil faça leis iguais. Lugar de gays é na jaula ou vala!
Levítico 18:22 (JFA))
Com homem não te deitarás, como se fosse mulher, é abominação.
Levítico 20:13 (JFA)
“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles”.
Saudações Evangélicas!”

http://noticias.gospelmais.com.br/uganda-lei-anti-gay-morte-homossexuais-igrejas-protestantes-entrevista-pastor-pro-vida-familia-martin-ssempa.html

Na África, 13 países não cerceam direitos a homossexuais, em contrapartida concentra o maior número de países com leis antigays no mundo. São 38 nações, mais da metade do continente, que proíbem legalmente o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Quatro países: Mauritânia, Nigéria, Sudão e Somália, aplicam a pena de morte, e Uganda pode ser o próximo se a lei for aprovada. Em muitos países islâmicos, especialmente no Irã, os gays são enforcados.


Em 25 de Setembro de 2009, o Deputado David Bahati, chefe do Conselho dos Escoteiros de Uganda, apresentou ao Parlamento ugandês o “Projeto de Lei contra a Homossexualidade 2009”. O autor da lei de pena de morte para os homossexuais afirma:

“A criminalização da homossexualidade para proteger as crianças e os jovens que são vulneráveis ao abuso sexual e desvio.”

A perseguição aos homossexuais em Uganda não é fato novo, já há uma lei que pune em até 14 anos de prisão, mas, a nova proposta é a pena de morte por enforcamento.

O ativista dos direitos humanos Peter Tatchell denunciou:

"O líder do Movimento Escoteiro em Uganda está exigindo a execução de todos os escoteiros que cometem repetidos atos homossexuais"


PARTES DO PROJETO DE LEI

“O objetivo deste projeto é criar uma legislação abrangente para proteger a família tradicional, proibindo (i) qualquer tipo de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, e (ii) a promoção ou reconhecimento de tais relações sexuais em instituições públicas como saudável , normal ou um estilo de vida aceitável, inclusive nas escolas públicas, através de ou com o apoio de qualquer entidade do governo em Uganda ou qualquer outra organização não-governamental, dentro ou fora do país. A pesquisa indica que a homossexualidade tem uma variedade de conseqüências negativas, incluindo maior incidência de violência, doenças sexualmente transmissíveis e uso de drogas.

Dada o histórico, os valores jurídicos, culturais e religiosos que defendem que a família fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher é a unidade básica da sociedade. Esse Projeto de Lei visa o reforço da capacidade do país para lidar com novas ameaças internas e externas à família tradicional heterossexual. Essas ameaças incluem: redefinição dos direitos humanos para elevar o comportamento homossexual e transgênero como categorias legalmente protegidos dos povos.

Esta legislação visa travar o avanço dos "direitos sexuais", que procura estabelecer as classes legalmente protegidas com base nas preferências e comportamentos sexuais, bem como dos créditos que as pessoas têm direito com base nessas preferências e comportamentos. “Direitos sexuais e ativistas criaram novos eufemismos para promover essa agenda, como “orientação sexual”, identidade de gênero”," minorias sexuais "e" direitos sexuais ".

Esta nova legislação reconhece o fato de que a atração pelo mesmo sexo não é uma característica inata e imutável e que as pessoas que sofrem deste transtorno mental e pode ter mudado para uma orientação heterossexual. Ele também reconhece que, porque os homossexuais não nascem dessa forma, mas desenvolver esse transtorno com base em experiências e as condições ambientais, é evitável, especialmente entre os jovens que estão mais vulneráveis ao recrutamento para o estilo de vida homossexual.

PARTE II: proibição da homossexualidade e as práticas

4. Agravadas homossexualidade

1 - Qualquer pessoa que comete o delito mencionado com outra pessoa que está abaixo da idade de 18 anos em qualquer dos casos previstos em caso de condenação é passível de sofrer a morte.
2 - As circunstâncias referidas na subsecção (1) são as seguintes:
a - Se a pessoa contra quem o delito é cometido é inferior a 14 anos de idade;
b - Se o infrator estiver infectado com o HIV;
c - Se o infrator for pai ou tutor ou pessoa em autoridade sobre a pessoa contra quem o delito é cometido;
d - Quando a vítima do delito é uma pessoa com deficiência, ou
e - Quando o agressor é um criminoso em série.
3 - Qualquer pessoa que tenta cometer o crime de homossexualidade com outra pessoa com menos de 18 anos em qualquer das circunstâncias especifica na sub-secção (2), comete um crime e é condenado à prisão perpétua.

PARTE V-DIVERSOS

10. Anulação dos tratados internacionais inconsistente, protocolos, declarações e convenções:
1- Qualquer instrumento jurídico internacional, cujas disposições são contraditórias ao espírito e às disposições consagradas na presente lei, são nulas e sem efeito na medida de sua inconsistência.
2 - As definições dos Negócios Estrangeiros da "orientação sexual", "direitos sexuais", "minorias sexuais", "identidade de gênero" não devem ser utilizadas em qualquer forma de legitimar o homossexualismo, transtornos de identidade de gênero e práticas relacionadas em Uganda.

Acesse a proposta da Lei completa:
http://gayuganda.blogspot.com/2009/10/anti-homosexuality-bill-2009.html

A medida também obrigaria até ministros religiosos a denunciar às autoridades qualquer pessoa suspeita de ser homossexual, dentro de 24 horas. Se não fizerem e for comprovada a sua omissão, seriam punidas com até 03 anos de prisão.

O ativista de direitos gays na Uganda, Frank Mugisha, diz que:

"Esta lei nos colocará em grande perigo. Por favor, assine o abaixo-assinado e diga a outros para se juntarem a nós. Caso haja uma grande resposta global, nosso governo verá que a Uganda será isolada no cenário internacional, e não passará a lei".

O ativista gay David Cato disse que foi espancado por quatro vezes, duas vezes preso e demitido de seu emprego de professor por causa de sua orientação sexual.


Um dos maiores ativistas anti - gay e um dos mais altos defensores do projeto de lei é um pastor carismático, Martin Ssempa, da Igreja da Comunidade Makerere e integrante da Força-tarefa Contra o Homossexualismo em Uganda. Ele também tem papel de conselheiro e consultor no governo que dirige uma organização de Uganda para erradicação da Aids. Projeto financiado, em parte, pelos EUA e que foi associado com o alcance global da Saddleback Church do Sul da Califórnia, dirigida por Rick Warren, autor do best-seller "The Purpose Driven Life. Ssempa tem uma propensão para queimar camisinhas. Em 2007 organizou uma manifestação para protestar contra o homossexualismo e os "agentes homossexuais e ativistas" que estavam infiltrados em Uganda.

A história de sua vida não traz boas recordações porque dois de seus irmãos morreram de AIDS. Em janeiro, informou o anti-gay e pastor Rick Warren Buddy de que Martin Ssempa realizou uma exibição de pornografia gay para pedir o apoio do público para o anti-projeto de lei pendente a homossexualidade, que foi assistido por 300 pessoas que lotaram uma igreja evangélica na capital de Uganda, após os planos para uma “marcha de um milhão de homens” foram frustradas pela polícia devido a preocupações de segurança.

Disse Martin Ssempa a multidão:

"Os homossexuais têm como argumento principal o de que as pessoas fazem na privacidade de seus quartos não interessam a ninguém, mas você sabe o que eles fazem em seus quartos?", perguntou o pastor.

Ssempa exibiu um slide show de imagens pornográficas gay, e continua:
"Isto é “comer pênis de outro homem”", disse o pastor, antes de entrar ainda mais descrições gráficas. “É isso que Obama quer trazer à África?", disse ele após críticas ferozes dos USA ao projeto de lei em Uganda.

Representando inúmeras igrejas de Uganda, entre elas a Igreja Católica Apóstolica Romana e a Igreja Adventista do Sétimo Dia e parte do movimento islâmico, Ssempa responde a Rick Warren, pastor evangélico norte-americano, sobre o referido projeto de lei:

“Caro pastor Rick Warren,

Cumprimentos de Natal dos Pastores aqui, em Uganda. Acusamos a recepção de sua carta em que convida a nos pronunciar contra a proposta do Projeto de Lei contra a Homossexualidade, que está atualmente no processo de desenvolvimento no nosso Parlamento. Este projeto tem sido muito mal interpretado por alguns homossexuais causando histeria e aproveitamos esta oportunidade para lhe dar o fundo, educá-lo sobre os principais aspectos da lei, bem como responder às preocupações que você levantou.

Na verdade as manchetes que dizem que a lei de Uganda para matar gays, é deliberadamente enganosa. Deve realmente dizer, a lei propõe em Uganda pena capital para homens com HIV que estuprem meninos e infectá-los com o HIV/ SIDA assim como para heterossexuais que estupram meninas. Você vê, nós temos muitas preocupações perturbadoras, como uma crise das pessoas vivendo com HIV / SIDA (PVHS) que estupram e infectem crianças com HIV / AIDS em uma crença grotesca demoníaca de uma cura sexual através de "virgens", como prescrito por curandeiros satânicos. Somos perseguidos por uma invasão maciça de europeus ricos e os grupos americanos que estão desprezando nossa visão tradicional Africana de casamento e família, assédio moral e ameaça cortar a "ajuda" se nós não legalizar os pecados de Sodoma e Gomorra! Estamos preocupados com alguns membros da mídia ocidental, que é obcecada com a homossexualidade.

Na verdade, estamos preocupados que o cristianismo ocidental rompeu tanto com a palavra de Deus que os homossexuais e lésbicas estão sendo ordenados bispos, como atesta a eleição de Maria Glasspool em seu estado da Califórnia na semana passada!. Nós queremos ter certeza de que a África propositadamente evitará os erros da Igreja ocidental e nós esperamos aprender mais com o nosso diálogo encíclico pastoral.

A homossexualidade é ilegal, não natural, ímpia e Não-Africana: Em Uganda, e na maior parte do Sul do planeta, a homossexualidade é um "ato sexual mal e repugnante", que rompe simultaneamente quatro leis estabelecidas.

Primeiro, a lei da natureza, que afirma que os machos acasalam com as fêmeas;

Segundo a lei da nossa terra, como já foi dito em nosso Código Penal e na Constituição;

Em terceiro lugar, a lei da nossa fé como na Bíblia Sagrada para os cristãos e os Sargado Quran para os nossos amigos muçulmanos;

Em quarto lugar, a lei de de nossas culturas tribais africanas que têm sido proferidas por nossos pais há milhares de anos antes de tradições civilizadas.

Embora possamos ter diferenças de opinião sobre muitos assuntos como em muitas sociedades democráticas, esta é uma questão que todos nós concordamos.

Uma pesquisa local recente demonstrou que 95% dos ugandenses se opõem à homossexualidade. A atual lei sobre a homossexualidade (em Uganda, do Código Penal 145) pune todas as formas de sexo "não natural", ato punido até com prisão perpétua. Da mesma forma a tentativa de cometer os mesmos delitos é crime passível de sete anos de prisão. Estas disposições foram instituídas pela Lei de 15 de junho de 1950!

Nossa Luta Histórica:

Quando você chegou à Uganda em uma quinta-feira, 27 de março de 2008, e manifestou o seu apoio ao boicote da Igreja de Uganda ao pró-homossexual da Igreja da Inglaterra, você declarou: "A Igreja da Inglaterra está errada, e eu apoio a Igreja da Uganda".

Ainda se lembrou de dizer: "a homossexualidade não é uma forma natural de vida e assim não é um direito humano. Não vamos tolerar este aspecto a todos”.

Você estava na verdade afirmando a longa luta histórica cristã de Uganda contra a homossexualidade institucionalizada. Este boicote não foi o início da luta. De fato, em 03 de junho de 1886, 26 novos ugandeses convertidos ao cristianismo foram martirizados por sua posição contra um rei desviante, que tomou para si a prática da sodomia. Lá a fé em Cristo encorajou-os a posição contra a homossexualidade, resistindo ao "ponto de derramamento de sangue".

Hoje vamos honrá-los, e 3 de junho é feriado nacional, onde milhões de fiéis convergem Uganda para lembrar e renovar suas forças. (Quando se chocaram a fé e o estado homossexual).

Como você mesmo disse: "..a Bíblia diz que o mal tem de ser combatido. O mal tem de ser interrompido. A Bíblia diz para não se negociar com o mal. Ele diz que pará-lo. Parar o mal."

Uma vez que a homossexualidade é um mal, você não pode ser contra uma lei que visa pará-lo a menos que se tenha enraizado com isso.”

Carta completa em: http://www.martinssempa.com/warren-response.html

Afirmou também que em uma entrevista g1.globo.com :

G1 - Por que a lei é importante?

Martin Ssempa - É importante para colocar um fim na sedução e no recrutamento de nossas crianças na sodomia por meio da máquina de propaganda gay. Isso é financiado por George Soros, [da ONG] Hivos na Holanda e outras agências suíças. Sodomia é um crime, mas precisamos de uma lei para impedir sua disseminação.

G1 - Por que a família tradicional precisa ser protegida? O que acontece em Uganda?

Martin Ssempa - A família é a base da sociedade. Mas nós somos uma nação pobre com muitas famílias pobres... Esses ricos europeus e americanos chegam com seu dinheiro para corromper nossas crianças na sodomia. Precisamos protegê-las dessa exploração.
Ssempa está lutando duramente para aprovação do projeto antes de 04 de abril, como um "presente de Páscoa" para a nação.

ANTI-GAY PROTESTS IN UGANDA


As influências externas ocorreram através de organizações e pastores norte-americanos que foram proferir cursos em Uganda para ajudar a resolver o “grave problema da homossexualidade” e “curar os homossexuais”. Uganda se tornou alvo para grupos evangélicos norte-americanos e personalidades evangélicas conhecidas visitaram o país para difundir mensagens de combate ao homossexualismo, entre as quais o reverendo Rick Warren que visitou Uganda em 2008 e comparou homossexualidade a pedofilia.

Entre os que estiveram em Uganda está Lee Caleb Brundidge que afirma estar disponível por telefone e treinamentos on-line e palestras em igrejas para todos que desejam abandonar as práticas homossexuais, através do e-mail: cbrundidge@xpmedia.com
Scott Lively, Lee Caleb Brundidge e Don Schmierer, evangélicos norte-americanos, foram a Kampala para séries de conferências. O tema dos eventos, baseado na Bíblia de acordo com Stephen Langa, pastor ugandense: A ameaça de homens e mulheres homossexuais representa contra os valores da família africana tradicional.

Lively e seus colegas discutiram suas idéias sobre como as pessoas homossexuais podem ser transformados "em linha reta", como os homens gays freqüentemente sodomizam adolescentes e como "o movimento gay é uma instituição do mal", cujo objetivo é "derrotar o casamento social e substituí-lo por uma cultura de promiscuidade sexual.”

Em 17 de março de 2009, em seu blog, Lively escreveu que alguém comparou sua campanha como "uma bomba nuclear contra a agenda gay em Uganda."

As conversações foram, aparentemente, instrumentos para o desenvolvimento do projeto de lei pelo parlamento ugandês. O projeto, apresentado em Novembro de 2009, pediu a pena de morte em alguns casos, e recebeu opróbrio internacional. Ao saber das conseqüências, Lively deplorou que "a legislação foi muito dura”.



ANTI-GAY BILL INSPIRED BY AMERICAN PASTORS


Que a paz retorne a Uganda e o direito inalienável a vida seja preservado porque Yahoshua o verdadeiro Enviado de Yah veio trazer Paz, Justiça e Vida e não a pregação da morte que o cristianismo em suas diversas vertentes através do tempo tem propagado no planeta.

Shalom!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O CARNAVAL UMA FESTA AFRICANA – COMEMORAÇÃO DO ANO SOLAR AFRICANO


Por Walter Passos
, historiador, panafricanista,
afrocentrista, teólogo e membro da COPATZION (Comunidade Pan-Africanista de Tzion).
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br

Msn: kefingfoluke1@hotmail.com

Skype: lindoebano



Na Bahia, milhares de descendentes de africanos estão puxando as cordas dos blocos: os chamados cordeiros.

Estes homens e mulheres pretas retratam a discrepância étnico-socioeconômica de uma minoria abastada (branca) e da maioria despossuída (preta), que aproveita este período momesco para obter uma renda extra, sem ter consciência de que fomenta uma sociedade discriminatória, estão nas ruas recolhendo latinhas, vendendo cerveja, comidas e lanches e a sua força física, envolvidos em possíveis atos de violência que surge em uma aglomeração de mais de dois milhão de foliões.

O consumo exacerbado pela juventude de bebidas alcoólicas e outras substâncias que inibem a timidez e trazem momentos de uma falsa alegria.

O carnaval é uma festa para brancos e ricos que podem dispor de dinheiro para pagar os caríssimos blocos empurrados por trios elétricos, em uma cidade de esmagador contingente populacional de pretas e pretos. Estes que inconscientemente permitiram a apropriação dos ritmos e danças de origem africana, inclusive aspectos de sua religiosidade fazem parte da festa, não ocorrendo este fato com as religiões cristãs.

Os pretos e pretas não usufruem diretamente dos milhões de reais que geram nesta empresa chamada carnaval baiano. Isto sem falar nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro e São Paulo que se tornaram cartões postais do Brasil para o mundo, em que suas comunidades, antes organizadoras dos desfiles, hoje não mais detêm o controle da festa nem das escolas, estas que em sua maioria são dominadas por homens brancos. Mas, tudo é festa, é carnaval, a maioria do nosso povo está “feliz” pra tudo terminar na quarta-feira.

Apesar de todas estas contradições o carnaval foi uma maneira de se ativar a consciência dos afro-baianos sobre as questões da negritude, de afirmação racial através do lúdico, especialmente nos bairros denominados periféricos, com o surgimento de blocos como: Bloco Afro Ilê-Ayê na Liberdade; Olodum no Centro Histórico; Muzenza, com seus extintos ensaios na Ribeira, e posteriormente na Liberdade; Araketu em Periperi; Badauê no Engenho Velho de Brotas e tantos outros.

As manifestações africanas trouxeram em um momento histórico o dizer não à branquitude dos blocos de trio e a alegria de afirmar na música do Ilê Aiyê:

Que bloco é esse? Eu quero saber.

É o mundo negro que viemos mostrar pra você (pra você).

Que bloco é esse? Eu quero saber.

É o mundo negro que viemos mostrar pra você (pra você).

Branco, se você soubesse o valor que o preto tem.

Tu tomavas banho de piche, branco e, ficava negrão também.

E não te ensino a minha malandragem.

Nem tão pouco minha filosofia, não?

Quem dá luz a cego é bengala branca em Santa Luzia.


Ilê Aiyê carnaval 2008



O carnaval é comemorado em diversas regiões da América Africana e na África:








A origem das festividades populares neste período é estritamente africana, apesar dos relatos eurocêntricos afirmarem que a origem desta celebração popular foi a Europa, sendo adaptada pelos africanos escravizados, há omissões históricas das origens. Evidente de que os europeus se apropriam do conhecimento africano e colocaram uma nova roupagem, nesse caso reinterpretaram as grandes festas africanas, relacionadas às colheitas, deturpando-lhes o verdadeiro sentido.

A história das celebrações está relacionada ao princípio da nossa civilização, na origem dos rituais, na fertilidade e na colheita das primeiras lavouras às margens do Nilo, em que os primeiros agricultores celebravam-nas com danças e músicas.

Estas festividades possuem sua origem no antigo Egito (Khemet) como celebração do Ano Novo Solar Africano, isto é, o Ano Novo Solar em Khemet, em que era reconhecida a importância do sol e do rio Nilo na vida dessa população, que fora precursora de diversas ciências e tecnologias, a exemplo da astronomia e as ciências naturais, entre tantas outras.

O ritmo da vida egípcia estava em torno do Nilo, onde a linhagem real, a autoridade para governar, a religião e a ciência estão intrinsecamente interligadas durante seus onze mil anos de existência. A comemoração do carnaval está ligada intrinsecamente à deusa egípcia Isis e se festejavam 05 dias de folia com muita pompa.

Os festivais do antigo Khemet tinham a intenção de sintonizar os celebrantes com os ciclos da natureza e do universo através da simbologia do mito e do ato sagrado do ritual. Eles apontavam para a natureza, com a celebração da lua minguante no inverno, o retorno de um novo ano, e da fertilidade.

A apropriação histórica infelizmente existe na história das nações invasoras, e ainda hoje livros eurocêntricos divulgam, ensinam essa e outras “verdades”, negando e omitindo suas verdadeiras origens: o continente africano.

Já na sociedade grega modificaram-se os rituais, acrescendo a bebida e o sexo, com as celebrações dionisíacas, cultos ao deus do prazer: Dionísio.

Na Roma Antiga, as festividades foram conhecidas como bacanais, saturnais e lupercais, em que festejavam respectivamente os deuses Baco, Saturno e Pã. Nas sociedades européias começaram a aparecer os primeiros grupos de travestidos, homens vestidos de mulher. Nestas também foi acrescentada uma função política de distensão social às celebrações, tolerando o espírito satírico, a crítica aos governos e governantes nos festejos.

As celebrações pagãs do antigo Império Romano, relacionadas com a chegada do Ano Novo e da primavera, persistiu mesmo após o triunfo do cristianismo pagão com a forma de carnaval. Num sentido religioso, esta festa era a última oportunidade que as pessoas tinham para abastecer o corpo com abundantes alimentos e bebidas antes de começar a época da Quaresma, que representou o jejum e a penitência. Carnaval é assim, às vezes chamado de Anti-Quaresma.

Nesse sentido, a palavra pode ser interpretada como "Carne Vale", em latim significa "adeus carne", "carnaval", na verdade, deriva de "navalis carrus": o "carro naval" ou navio, que carregava o Deus do Mar celta ou germânico, de sua morada do Norte para as festas de inverno. Em Roma, na abertura dessas festas ao deus Saturno, carros buscando semelhança a navios saíam na "avenida", com homens e mulheres nus. Estes eram chamados os carrum navalis.

Muitos dizem que daí surgiu a expressão carnevale. Os europeus adaptaram os carros alegóricos que existiam na Babilônia, em honra do deus Marduk, e no Egito, para a deusa Isis, a rainha-deusa da vida e da luz, que abre o ano. E nas festas romanas se elegia o príncipe do carnaval para reinar na folia.

O novo olhar grego e romano resultou na modificação das festas de colheitas africanas, perdeu-se o sentido da celebração do novo ano solar e da benignidade do rio Nilo e a criação de novas tecnologias que serviram para o bem estar das comunidades primevas africanas.

As mudanças realizadas por estes deturpantes olhares europeus tiveram continuidade na Afro-América, especialmente no Brasil, com festas de total ausência da solidariedade africana, que hoje louvam deuses greco-romanos remodelados: o dinheiro, a desigualdade sócio-étnica e a perversão sexual.

Trinidad Carnival 2009(w/ BAMABAC & PULSE 8)


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

OS AFRO-BOLIVIANOS - AS MINAS DE POTOSI - JULIO PINEDO O REI AFRO-BOLIVIANO


Por Walter Passos, historiador, panafricanista,
afrocentrista, teólogo e membro da COPATZION (Comunidade Pan-Africanista de Tzion).
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn: kefingfoluke1@hotmail.com
Skype: lindoebano


A Bolívia, país central na América do Sul, com uma extensão territorial 1.098.580 km², com duas capitais: La Paz (administrativa) e Sucre (judicial). A população estimada é de nove milhões de habitantes, 30% de Quechua, 30% de mestiços (mistura de brancos e nativos), 25% de Aymara, 15% de brancos e 0,5% da de pretos.

O povo preto é marcante na Bolívia por sua resistência, apesar do pequeno contingente populacional devido ao massacrante histórico de exploração dos espanhóis. Conhecer a Geografia Africana nas Américas é de vital importância ao entendimento do tráfico negreiro patrocinado pelas civilizações cristãs, da possibilidade de estreitar uma rede afro-latina de informações panafricanas e combater o isolamento das informações veiculadas pela mídia suprindo a falta de projetos educacionais em programar a matéria Geografia Africanas nas Américas no ensino fundamental ou médio.

Presume-se que a população preta da Bolívia seja de 50 mil pessoas, mas, não se sabe ao certo.

BLACK BEAUTY IN BOLIVIA



A população africana vive no Yungas (na língua aimará significa "Terra Quente”) em diversas cidades pequenas e isoladas e aldeias das montanhas. Yungas é uma zona transitória entre o planalto andino e a floresta amazônica.


As prováveis origens da população afro boliviana são do Senegal, Congo e Angola. O apelido de Angola é muito comum. Apesar de viverem perto dos aymara, nunca perderam a sua Identidade Africana.

Após o seqüestro do continente africano foram forçados a trabalhar nas minas de prata de Potosi - a 4000m acima do nível do mar na Bolívia, Situada na cordilheira ocidental dos Andes, é a cidade mais alta do mundo, tendo atualmente 110 mil habitantes. Fundada em 1545, logo após a descoberta pelos espanhóis das suas minas de prata, Potosi tornou-se rapidamente no maior produtor mundial de prata, bem como numa das povoações mais prósperas e com maior número de habitantes do mundo na época.

Em 1987, foi declarada pela UNESCO "Patrimônio da Humanidade", um local que não deve ser esquecido por ser um dos maiores cemitérios de nativos americanos e africanos mortos pelos cristãos europeus.
Inicialmente, o trabalho nas minas de Potosi foi realizado por nativos (indígenas) escravizados extraindo e refinando a prata, mas a exposição a doenças européias, mercúrio e a brutalidade levou a população a diminuir 90%, um genocídio das comunidades nativas.

Para compensar a diminuição da força de trabalho indígena, os colonos fizeram um pedido em 1608 para a Coroa em Madri para começar o seqüestro de 1500 a 2000 escravizados africanos por ano. Um total estimado de meio milhão de africanos trazidos da África Central para trabalhar nas minas de alta altitude de Potosi durante toda a era colonial na Bolívia.

A população indígena era ainda o essencial da força de trabalho de mineração, mas os africanos estavam envolvidos em refino e cunhagem. Estes detinham o conhecimento tecnológico da mineração e fundições de metais, é de suma importância lembrar que eles trouxeram uma cultura muito avançada relacionados à fundição de metais; porque foram os primeiros mineradores do planeta.

De 1556 a 1783 - a era de ouro de Potosi - um total de 45.000 toneladas de prata pura foi extraído de Cerro Rico, 7.000 toneladas do que foi para a monarquia espanhola serviu para pagar as suas dívidas, a outra parte foi destinada a enriquecer o capitalismo europeu à custa de indígenas e africanos.

Entre as explorações mais vexatórias, submeteram os africanos escravizados a empurrar os moinhos da Casa de La Moneda como "mulas humanas". A vida útil de uma “mula” foi de apenas dois meses, sendo inutilizada e imediatamente substituída. Nas Minas no Brasil (Minas Gerais e Goiás) os africanos eram obrigados a beber um laxante feito de pimenta malagueta, vinagre e sal após o trabalho na mineração.

Nas minas de Potosi os africanos inalavam a fumaça tóxica da fundição e os vapores de mercúrio, trabalhavam nas minas sem luminosidade por cerca de quatro meses, ao saírem tinham os olhos vendados para proteger da luz solar. O trabalho era de uma jornada acima de 12 horas diárias e foram usadas crianças, também sujeitas ao amianto, gases tóxicos, explosões. Os espanhóis davam aos africanos folhas de coca para “aliviar” o sofrimento e a fome. É considerada pelos historiadores a maior exploração de africanos no período colonial realizado pelos europeus, um desrespeito a humanidade na exploração do trabalho escravizado.

Os europeus realizaram um genocídio sem precedentes na África e na América destruindo civilizações nativas e se apropriando da força de trabalho e das riquezas, com o apoio incondicional do cristianismo, o qual usufruiu dos trabalhos indígenas e africanos escravizados.

De Potosi os africanos que sobreviveram à exploração, um verdadeiro genocídio nas minas foram vendidos para as haciendas – organização do latifúndio na América espanhola – localizadas na região subtropical dos Yungas.

Nota-se que a existência dos afrobolivianos se deu a resistência à escravidão e a exploração, porque de meio milhão de africanos, sobrevive atualmente aproximadamente 10% que foram levados para Potosi. Não podemos esquecer que a possibilidade da sobrevivência se deu as fugas individuais e coletivas e a formação de palenques nas densas florestas bolivianas.

ENTREVISTA DE NELSON VILCA A UNA AFROBOLIVIANA

É deveras interessante é de que na Bolívia ainda existe um forte sentimento de pertencimento às raízes africanas, na manutenção da memória ancestral; a tradição oral relata que entre os escravizados do Congo foram seqüestrados descendentes da nobreza congolesa antes da invasão francesa e belga. Em 2007, o neto de Bonifácio Pinedo, o agricultor Julio Pinedo foi coroado rei, sendo o único conhecido como descendente direto de uma realeza congolesa. Possivelmente é o único rei na América Africana, foi reconhecido pela população preta e pelo prefeito (governador) de La Paz, José Luis Paredes, o qual o entregou a coroa e o bastão como símbolo da realeza africana.

- "Não estamos na Bolívia pela escolha. Nós fomos trazidos aqui pela força e obrigados esquecer os nossos costumes".

Afirmou categoricamente Martina Padredos, uma afro-boliviana de Yungas, que veio à cidade para a coroação do rei, e continuou:

- "O mínimo que o Estado pode fazer é reconhecer que somos membros deste país também."

Na verdade, é uma questão de afirmação étnica importante de ser africano.

REY AFROBOLIVIANO (1/2)

A mais conhecida afirmação cultural afroboliviana é a Saya, dança de beleza incomparável:

Os intereses económicos que movían la práctica del comercio de esclavos en el siglo XVIII hicieron que la población africana emigre a Latinoamérica. Y como la música y la danza es parte de la vida del ser humano, esta también viajó a la tierra de Los Andes, donde se adaptó a prácticas ancestrales ya existentes.

Su origen africano está implícito en la deformación del vocablo Nsaya de Origen Kikongo (Africa); así la saya etimológicamente significa: trabajo en común bajo el mando de un (a) cantante principal. Está compuesta de música, danza, poesía y ritmo donde se utiliza bastante la metáfora y la sátira, tocando temas de la esclavitud y de la situación actual.

La Saya afro-boliviana presenta elementos del ancestro africano; sin embargo posee algunas peculiaridades sincréticas aymaras como la vestimenta, especialmente en las mujeres.
"La Saya" boliviana fue declarada patrimonio cultural e intangible del departamento de La Paz

SAYA AFROBOLIVIANA, ORGULLO BOLIVIANO!!!!


Mas a sua mistura com o indígena aimara é notável: os afro-bolivianos usam o mesmo pollera, saias em camadas, e chapéus-coco que distinguem o grupo indígena com quem partilham a região subtropical, em locais como Coroico, Murarata, Chicaloma, Calacala, Toscaña e outros. Em 2004, foi constatado de que os afro-bolivianos (assim como os povos indígenas) enfrentam a discriminação, as desvantagens na saúde, na expectativa de vida, educação, renda, alfabetização e trabalham em condições brutais. Ainda muito a fazer em um dos países mais pobres da América Latina, herdeiro da exploração econômica européia e das elites latifundiárias, o respeito à diversidade cultural da maioria indígena e da minoria africana.
Conhecer a população afro-boliviana é de mister importância para todos nós africanos em terras americanas, saber da presença e de suas lutas de afirmação servem de exemplo para revivermos a cada momento a presença da ancestralidade rica e inextinguível em toda a América.

Shalom!

afro saya


PRETAS POESIAS

PRETAS POESIAS
Poemas de amor ao povo preto: https://www.facebook.com/PretasPoesias