domingo, 6 de maio de 2012

SALIF KEITA – A VOZ DE OURO DA ÁFRICA


Por Malachiyah Ben Ysrayl.

Historiador e Hebreu-Israelita
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn: kefingfoluke1@hotmail.com
Skype: lindoebanoLinkFacebook: Walter Passos


Salif Keita é descendente direto do fundador do Império Mali, Sundiata Keita, nasceu na aldeia de Djoliba, no Mali, em 25 de Agosto de 1949, e por ser albino foi expulso da família na adolescência, pois o albinismo é um sinal de azar na cultura mandinka.


Mali - SALIF KEITA – AFRICA


A discriminação contra o albinismo ocorre em diversos países africanos. Nascer com deficiência de melanina é considerado maldição em muitas culturas, inclusive nos relatos dos hebreus, também uma civilização africana, onde pessoas que quebravam as regras religiosas eram punidas com a perda da melanina. Esta realidade comprova que ser preto não é maldição nas civilizações africanas e na civilização hebraica, como outrora foi difundido.

Exemplo disso, há uma espécie de maldição genética no caso de Geazi, descrito no livro bíblico de II Reis 5:27, vejamos: “Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência para sempre. Então Geazi saiu da presença dele leproso, branco como a neve.”

Com o avanço do estudo da genética, sabemos que o albinismo é um distúrbio congênito caracterizado pela ausência completa ou parcial de pigmento na pele, cabelos e olhos, devido à ausência ou defeito de uma enzima envolvida na produção de melanina, podendo ocorrer tanto em seres humanos, como também em animais e plantas. Ele é hereditário e pode ser classificado em dois tipos: tirosinase-negativo (quando não há produção de melanina) e tirosinase-positivo (quando há pequena produção de melanina).

Os massacres e sacrifícios humanos de albinos e o comércio de partes de seus corpos têm sido relatados na Tanzânia, Burundi e Quênia e não passaram despercebidos por Salif Keita que se empenhou em uma luta para proteção e conscientização para combater a discriminação dos albinos.

Fontes históricas afirmam que entre a população Mandi do Sudão a tradição ensinava que quando aparecesse o primeiro branco eles seriam destruídos. Então é compreensível o receio aos albinos pelas gerações passadas. Torna-se necessário para compreender esse posicionamento extremo, um estudo mais acurado da questão do albinismo em território africano e saber das mudanças comportamentais e quando, na verdade, começaram a existir esses casos de assassinatos e mutilações.

Albinos Killed For Their Organs


Salif Keita por ser de família nobre não poderia dedicar a sua vida a música por ser um atributo aos griots. Esta herança real significava que sob o sistema de castas do Mali, que ele nunca deveria ter se tornado um cantor, que foi considerado como um papel de griot e disse:

-"Passei dois anos vivendo no mercado, tocando violão e cantando em bares e cafés".

Ele quebra essa regra e como um albino rejeitado, se desloca para Bamako, a mais importante cidade do Mali e inicia a sua vida musical com a o grupo "Rail Band de Bamako", onde canta musicas tradicionais com ritmos modernos. Sua música combina tradicionais estilos de música do Oeste Africano, com influências da Europa e Américas, mantendo um estilo global islâmico. Instrumentos musicais que são comumente apresentados no trabalho de Keita incluem balafons e djembes, guitarras, Koras, órgãos, saxofones, e sintetizadores

As convulsões políticas, sob a junta militar no Mali, durante a década de 1970 obrigou Keita a fugir do país, primeiro para a Costa do Marfim e, posteriormente, para a França.

Em 1973, Keita se juntou ao grupo "Les Ambassadeurs" e, mudou o nome do grupo para "Les Ambassadeurs Internationaux". A reputação do grupo subiu a nível internacional e, em 1977, Keita recebeu o prêmio da Ordem Nacional das mãos do presidente da Guiné, Sékou Touré.

CULTNE - SALIF KEITA EM SALVADOR - BAHIA


Em 2004, Salif retorna ao Mali com sua esposa e seus onze filhos para estar mais perto de suas raízes ancestrais.

MALI - SALIF KEITA - NYANAFIN


O ultimo albúm de Keita recebeu críticas positivas de todo o mundo musical:

“O último álbum de Keita, “La Différence”, foi produzido por volta do final de 2009. O trabalho é dedicado à luta da comunidade mundial albino (vítimas de sacrifício humano), para que Keita foi cruzada toda a sua vida. Em uma das faixas do álbum, o cantor chama os outros para compreender que a diferença não significa ruim e para mostrar o amor e compaixão para com os albinos como todos os outros: "Eu sou preto / minha pele é branca / assim que eu sou branco e meu sangue é negro [albino] / ... eu adoro isso, porque é uma diferença que é linda .. "," alguns de nós são bonitos alguns não são / alguns são pretos outros são brancos / toda a diferença que foi de propósito .. para nós, para completar um ao outro / vamos todos vivenciar o amor e dignidade / O mundo vai ser bonito.

La Différence é o único álbum que pela primeira vez Keita combina claramente e corajosamente diferentes influências melódicas para produzir uma sensação musical altamente original, com uma vasta gama de recurso. O álbum foi gravado entre Bamako, Beirute, Paris e Los Angeles. Esta sensação musical única é reforçada por campos soulful na faixa "Samigna" que emanam da trombeta do grande músico libanês Ibrahim Maaluf.

"La Différence” venceu um dos maiores prêmios musicais da sua carreira: o the Best World Music 2010 pela Victoires de la musique.”

LA DIFFÉRENCE" BY SALIF KEITA


A vida de Salif Keita tem sido um exemplo de superação, demonstrando com a sua música que qualquer tipo de discriminação não contribui para o amor e o respeito à humanidade. Keita não demonstra rancor pelos acontecimentos pregressos, mas trabalha com a conscientização de que as pessoas com albinismo são seres humanos como todos os outros. As diferenças têm que ser respeitadas.

Um comentário:

Mandingo disse...

Salve irmãos, sempre agradecido pela sabedoria de suas postagens.
Mandingo

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