quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A EVA PRETA






Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente do CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke.



A humanidade, como nós a conhecemos, começou na África com o Homo Erectus e Homo Sapiens, que viveu na região dos grandes lagos africanos antes de migrarem para outros continentes através do Vale do Nilo, à Palestina e o Mar Vermelho. É importante ressaltar a proximidade do Equador, o qual comprova que os primeiros habitantes do planeta foram homens e mulheres pretas, sendo seres de sangue quente, que se desenvolveram em um clima quente e úmido, produzindo um pigmento preto sintetizado por células (melanócitos), que estão dispersos no cabelo, nos pelos, na pele e nos olhos, protegendo a pele contra os raios ultravioletas: a melanina.
Complementando todas as informações bíblicas de Gênesis 2:1, que diz: “Então Javé Deus modelou o homem com argila do solo”. Modelou o homem com a cor da lama. E todos nós sabemos a cor da lama que é preta. A idéia da criação do ser humano, através argila, ainda é encontrada em regiões da África, no Togo, país africano. Algumas comunidades acreditam que Deus ainda faz homens e mulheres de argila.
Também vamos encontrar, em diversas tradições africanas, o mito da imortalidade da serpente e seu poder de mudar as suas escamas, dando uma idéia de renascimento constante, e o ser humano sempre teve o desejo de ser imortal. Os hebreus herdaram dos babilônios as teorias da criação do mundo e da queda do homem. E os babilônios foram pretos, descendentes dos cushitas, que migraram para o Continente Asiático. Antes do Canal de Suez, a África e a Ásia eram um só continente, sem separações nesse período histórico A partir daí, sem entrar em discussões teológicas de criacionismo ou evolucionismo, temos a plena convicção de que os primeiros habitantes do planeta, representados na Bíblia por Adão e Eva, foram pretos e criados à imagem e à semelhança de Deus. Esse fato é de domínio dos hebraístas e dos teólogos estudiosos do Primeiro Testamento. Porém, as lições da escola dominical e os tratados teológicos não ventilam essa revelação, e sabemos o motivo: o medo dos teólogos e hebraístas de trabalharem nos seminários teológicos a fiel interpretação bíblica centrada nos estudos das civilizações que foram protagonistas dessa história.
Todas as civilizações antigas foram compostas por povos pretos. Na antiga Suméria, no Vale do Indo, Iraque, regiões do Cáucaso, a presença de pretos na China antiga, na Grécia antiga, no Japão, no Continente Americano, na Oceania, na civilização de Angkor, na Tailândia, na civilização de Champa, no Vietnã. Os africanos e aborígines australianos habitaram a América bem antes da invasão espanhola e portuguesa. Tal fato foi comprovado com a descoberta de esculturas, como a pedra de Olmec, no México, que traz os narizes largos, cabelos rasta e lábios cheios. A mulher da Lagoa Santa, no Brasil, é outro exemplo.
Os historiadores ocidentais inventaram diversas denominações para os pretos espalhados pela face da terra, com o objetivo de negar a origem africana, sendo algumas delas: negróide, negrito, proto-negróide, aborígine australiano, euro-africanos, mediterrâneos, dentre outras.
As análises de material genético recolhido ao redor do planeta confirmam que todos os seres humanos modernos descendem de uma única mulher, quem viveu no Continente Africano, a qual os antropólogos e bioquímicos da universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, apelidaram de Eva Preta. Após o estudo do material genético retirado de cento e oitenta e nove mulheres de diversas etnias, desde 1979, a cientista Rabecca Cann e dois colegas, Allan Wilson e Mark Stoneking chegaram a uma conclusão. Comprovaram, por meio da coleta de placenta de bebês, que os tecidos celulares com mitocôndrias (grânulos ou bastonetes que transformam comida em liquido e energia para as células) foram retirados do DNA para traçar árvore genealógica, os quais preservam somente a herança materna.


Apenas a mitocôndria da mãe entra na genética do bebê, haja vista que o gameta masculino (o espermatozóide) só provê o núcleo. A genética mitocondrial só é alterada por mutações genéticas fazendo, desta forma, parte das gerações seguintes, como se fossem impressões digitais da linhagem. Todos os conceituados biólogos, americanos e europeus, confirmam que todas as mulheres modernas são descendentes de uma mulher africana, conhecida por Eva Preta.
As mudanças genéticas estudadas ocorrem em regiões do cromossomo Y, que não codificam genes ou suas regiões de controle e não afetam as pessoas que as possuem.
O Dr. Underhille e seus colegas, com base nas mutações encontradas no cromossomo Y em estudos recentes do DNA, chegaram à conclusão que os povos mais antigos do planeta podem ser os Oroma e Amhara, da Etiópia, e os Koissans que estão no sul da África.
A grande pergunta é: como se deram essas mudanças epiteliais, e como surgiram o branco, o amarelo e o vermelho? A Bíblia diz que todos nós descendemos dos primeiros humanos representados por Adão (humanidade) e Eva (vida) e já sabemos que eles foram pretos africanos. Com as migrações citadas anteriormente pelos primeiros grupos humanos, os seus descendentes foram se adaptando a novos climas e dietas alimentares, tendo como conseqüência a perda da melanina, porque não havia mais necessidade de proteção solar. A cor epitelial sofreu mudanças. Os cabelos originais crespos que serviam como protetores solar foram-se afinando e clareando; os olhos ficaram mais claros, adaptando-se à necessidade de enxergar em regiões com menor incidência solar; os narizes foram-se modificando pela necessidade de exercerem novas funções respiratórias nos diversos climas frios, e perdeu-se também a consistência nos lábios.
O equívoco vigente nas igrejas protestantes, referente ao surgimento da humanidade, é afirmar que os seres humanos são originários dos três filhos de Noé, Cam, Sem e Jafé, sendo a humanidade predestinada a benções e maldições, resultantes do relacionamento conflituoso de Noé e seus três filhos. Jafé originou os jafetitas, que seriam os brancos. Sem originou os semitas, com uma cor intermediária e, Cam os pretos, os quais foram amaldiçoados para servir aos seus irmãos. Essa hermenêutica é falsa, anti-histórica e racista; infelizmente, repetida nos mais conceituados seminários teológicos do mundo cristão, por diversos estudiosos do Primeiro Testamento, e ensinada nas igrejas.

6 comentários:

Anônimo disse...

texto muito bom, espetacular !

Unknown disse...

Cara cada dia me vejo a entender que a verdade e o por que o povo branco tem tanto medo de saber a verdade , que eles nunca inventaram nada apenas robavam e depois aprimoram tudo das civilizações anteriores, e o que se poes na blibia e totalmente rascista e descabida ,mais tenho umas duvidas por que se tratando da blibia ,não exsistia rascismo na quele epoca ,então este termo de can servir as os outros irmão pode ter sido modofica em tempos que este documento ficou na mão de pessoas brancas pela idade de Roma .e na idade media

Unknown disse...

Cara cada dia me vejo a entender que a verdade e o por que o povo branco tem tanto medo de saber a verdade , que eles nunca inventaram nada apenas robavam e depois aprimoram tudo das civilizações anteriores, e o que se poes na blibia e totalmente rascista e descabida ,mais tenho umas duvidas por que se tratando da blibia ,não exsistia rascismo na quele epoca ,então este termo de can servir as os outros irmão pode ter sido modofica em tempos que este documento ficou na mão de pessoas brancas pela idade de Roma .e na idade media

Juliana disse...

Seu texto é muito bem, interessante.
Como o outro comentário diz espetacular! Sou afrobrasileira, e estudo teologia, sempre tive essa curiosidade de saber sobre os filhos de Noé. Em parte concordo com vc, em tudo que foi colocado e estudado e analisado, mais ainda me resta um questão que coloco a vc como vc pode afirmar essa tese de que os continentes nao foram povoados pelos filhos de Noé? e sim tribos que já existiam a milhares de ano? Faço está pergunta por que se analizarmos tudo que nossos antepassados africanos sofreram,o modo como eles foram escravizados, mortos, arrastados a outras nações, se identifica muito com a maldição proferida por Noé ao seu filho Can. por favor gostaria de ler sua resposta. julianafsantos@ig.com.br

basiko disse...

walter minha familia era do candomblé mais agora é evangelica assembleia de deus hoje eu não frequento mais a igreja pois não concordo com muitas coisas . me considero cristão tento me manter segundo a palavra de deus .concordo com vc mesmo não tendo estudo pois possuo só a 8serie mais ja me peguei pensando assim como vc falou sobre a questão d melanina lugares que se precisa de proteção para pele e lugares que não se precis a de melanina . outra coisa e que o povo preto esta separado pelas religiões isso nos fas com que nos dividimos . creio que tambem sobre o testo que fala de cam podi sim ter sido alterado ja que escondem tantas coisas .axo que encontrei na cnnc oque eu procurava que é servir a deus sem rotulos de coração corpo e espirito.

Ravick disse...

Só corrigindo um detalhe: Argila pode ter várias cores, e na maioria das regiões da África ela é clara, da mesma cor que o silte que aparece nos vídeos de savanas que vemos. Argila só fica preta se tiver muita matéria orgânica, como é o caso das que se acumulam em margens de rios. "Lama" é como chamamos argila suja e úmida. Existe inclusive argila branca.

PRETAS POESIAS

PRETAS POESIAS
Poemas de amor ao povo preto: https://www.facebook.com/PretasPoesias