sábado, 5 de novembro de 2011

HISTÓRIAS CRUZADAS - EMPREGADAS PRETAS E AS CASAS BRANCAS


Por Ulisses Passos.

Bacharel em Direito (Estácio de Sá/FIB),
Acadêmico de Línguas Estrangeiras da UFBA,
Pan-Africanista.
Pesquisador das relações étnico-raciais e jurídicas.
Pseudônimo: Aswad Simba Foluke.
E-mail: ulisses_soares@hotmail.com.
Facebook: Ulisses Passos.






O objetivo desse artigo é indicar ao publico do blogger BAYAH o filme Histórias Cruzadas (The Help, USA. 2011), destacando seus principais elementos e introduzindo reflexões acerca do papel da afro-americana empregada domestica no Sul dos Estados Unidos em meados da década de 60.

O Filme

The Help, romance escrito pela estadunidense Kathryn Stockett, foi adaptado ao cinema com nome homônimo (Histórias Cruzadas, no Brasil) pela Dreamworks e lançado no dia 12 de agosto deste ano.

O filme, a exemplo do livro, busca retratar a relação racialista entre as empregadas domésticas afro-americanas e as brancas para as quais elas trabalhavam, em Jackson no Mississipi, durante os anos 60.

O enredo se desenvolve através da perspectivas de duas empregas domésticas (Aibileen e Minny) e de Skeete, uma jovem branca recém-graduada que sonha em ser escritora. Ao perseguir seus objetivos, ela perde Demetrie, a empregada negra que foi seu porto seguro em uma infância fraturada pelas separações e ausências dos pais, após uma atitude arbitraria de sua mãe.

Motivada por esse fato, Skeete decide pesquisar e entrevistar mulheres pretas que servem e cuidam das “boas famílias cristãs do sul” dos Estados Unidos. Apesar das proibições legais, das ameaças e da vigilância da sociedade racista em Jackson, Skeeter consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis), governanta de um amigo, que por sua vez conquista a confiança de outras mulheres que têm muito que contar. No entanto, relações são forjadas e irmandades surgem em meio à necessidade que muitos têm a dizer antes da mudança dos tempos atingirem a todos.





Análise da Obra

O filme busca retratar através do olhar das empregadas afro-americanas a sociedade racialista do sul dos Estados Unidos e da paixão fervorosa de uma jovem branca americana em ser escritora.

A estrutura social onde se desenvolve a obra é marcada pela desigualdade formal, através de um conjunto de leis chamados Jim Crow, e material, através do racialismo segregacional e ideológico intenso. Para entender com profundidade as relações apresentadas pelo filme, é necessário compreender o complexo sistema racial estadunidense, antes e depois da luta pelos Direitos Civis.



Para entender mais sobre o Jim Crow, clique aqui.

O filme, em si, consegue retratar a opressão vivenciada pelas domésticas afro-americanas, através de recortes bem elaborados do ponto de vista social e psicológico, destacando sutilmente a violência gratuita dos homens negros, não retratados na história, e a continuidade da posição socialmente estigmatizada de geração em geração daquelas mulheres.

Antes de concluir, todavia, destaco a crítica realizada pela Associação de Mulheres Pretas Historiadoras (tradução livre de The Association of Black Women Historians - ABWH) que em comunicado oficial ressaltou que "Apesar dos esforços para comercialização do livro e do filme e seu objetivo em contar um progressivo triunfo sobre a injustiça racial, The Help distorce, ignora, e banaliza as experiências das pretas empregadas domésticas”.

A crítica acima se baseia nos estudos realizados pela ABWH, cujo filme apresenta um retrato quase uniforme dos homens negros, como cruéis ou ausentes, além de velar os constantes assédios sexuais dos patrões brancos sofridos pelas empregadas afro-americanas.

Por fim, entendo proceder à crítica realizada pela ABWH, mas ressalto que nem o livro, nem o filme se propõem a discutir profundamente os recortes dados pelo ABWH, mas retratar a visão de Kathryn Stockett, uma branca norte-americana, acerca das relações étnico-raciais, utilizando para isso as histórias de mulheres pretas, mantidas no anonimato.

Assim, o blogger BAYAH deseja a todos e todas boas reflexões e um ótimo filme.




Um comentário:

Anônimo disse...

Eu fico muito triste em perceber que existem muitas pessoas que acham que o Barak Obama ,representa os verdadeiros HEBREUS(negros).

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