domingo, 21 de abril de 2019

RECADO AOS CRISTÃOS PRETOS





                                                                     Por Walter Passos 
Teólogo, Historiador, Poeta,
Afrocentrista e Pan-africanista




Recordo-me na infância aos domingos, indo à escola dominical, na Igreja Presbiteriana de Queimados-RJ, na classe das crianças (cordeirinhos), depois no juvenil, após na mocidade. Acho que esses eram os termos usados. 

Fui criado afastado de todas as minhas origens africanas, apesar de meus pais serem baianos, após a morte da minha mãe, descobri da sua iniciação em um candomblé de Angola, e soube de muitos dos meus ancestrais pertencentes de cultos de matrizes africanas como sacerdotes e sacerdotisas. 

São alguns recortes, os quais ainda hoje, eu tento entender como uma parcela importante do nosso povo, considera correto a negação e a perseguição as religiões dos nossos ancestrais. 
Os brancos perseguem e falam mal das religiões dos ancestrais deles? Eles amaldiçoam o cristianismo e demonizam a Europa?
Retornando ao vivenciar no protestantismo histórico ,aprendi a ver as outras denominações com um olhar de desprezo. Especialmente os cultos pentecostais (Assembléia de Deus), na época de maioria preta, os seus membros recebiam o batismo no Espírito Santo, manifestação espiritual por causa da ancestralidade africana. 
Ensinaram-me que eu fazia parte do mais intelectual culto do protestantismo. Eu era calvinista. Tanto assim,a nossa verdade veio de Moisés, Paulo, Agostinho e Calvino. Nós eramos os únicos corretos na interpretação dos desígnios de Eterno. Disso eu me orgulhava, sorria, porque eu era um predestinado. Um preto escolhido entre milhões que estavam nas garras do mal na África e no Brasil. Um eleito pela Graça e eleição e predestinação não se discute. São desígnios do Criador.
Esse afã de fé, levou-me aos estudos teológicos no inicio da minha juventude, e um dia, muito feliz da minha missão e escolha, fui ordenado pastor. No meio presbiteriano, o pastor recebe o titulo de Reverendo. Sou pastor há muito tempo e tenho a consciência tranquila de não ser um arauto contra a minha ancestralidade. 
Possuo colegas pastores ( em sua maioria brancos) da época dos estudos teológicos, e alguns deles ainda mantenho a amizade, carinho e respeito por viverem a fé a qual acreditam até o dia final. Meus respeitos aos meus colegas e amigos! Somente a eles, não ao calvinismo. 
Alguém pode perguntar: Walter, qual é o objetivo desse exórdio (introdução), pretende escrever um sermão dominical?
Assevero que não!
Eu estou falando com a comunidade preta não adepta e inimiga dos cultos de matrizes africanas, e repetem a palavra tolerância (condescendência) religiosa. Você não deve ter tolerância! Não tolere! Respeite os cultos de reverencia aos nossos ancestrais. Tenha respeito!
Você não os conhecem! Entendo! Foi criado na ideologia branca nas escolas e mais forte nas igrejas. 
A ancestralidade não está em associação religiosa. Ela está em você. Ela está em nosso povo, e quando persegues os cultos de matrizes africanas, volta-se contra você mesmo, como um bumerangue erradamente arremessado. 
Por isso os malditos dizem assim em suas organizações religiosas:
Libertem-se da maldição hereditária! E aceitas esse descalabro calado. Tome tenência! 
Eles não estão falando dos europeus, mas, dos africanos e seus descendentes.
Ofendem a sua mãe e ao seu pai, aos seus avós e você não diz nada? Covarde! E ainda ensina essa descaração aos seus filhos e filhas? 
Como diziam os meus antigos:Se assunte seu desassuntado! Descarado!
Perdoe-me os termos fortes, mas, é difícil me conter sabendo que nesse momento milhões de crianças pretas estão sendo levadas para as igrejas como eu fui, aprendendo que eles, os seus pais e todos os seus ancestrais são malditos e vão arder no inferno, se não entrarem na religião dos brancos. Tornando-se mestres a odiar os próprios ancestrais e adorarem os ancestrais dos brancos. 
Repare: Tu chamas o branco de irmão abençoado e o seu irmão preto de maldito! Medite nisso!
Malditos foram os europeus que invadiram e mataram milhões de homens e mulheres e crianças, sequestraram e trouxeram para o cativeiro nas Américas, onde estupraram as nossas ancestrais e cometeram os mais violentos crimes lesa humanidade. 

Devemos conversar com os nossos irmãos que estão a serviço da ideologia racista branca. Entendo todo esse processo mental: medo de perder o céu, a salvação, ser um servo fiel para receber a o galardão. Mas, respeitem a memória dos nossos pais, informe-se da história da nossa abençoada África, conheçam o processo de catequese evangelização (os motivos reais).
Solicite ao seu pastor para ele citar um personagem branco do Tanach ( erradamente chamado de Velho Testamento )e peça-o negar de que o Jardim do Éden foi na África...
Amem ao seu povo e respeitem a memória dos seus, dos meus, dos nossos ancestrais.
Que o seu ori te repreenda!
Bom domingo!

terça-feira, 9 de abril de 2019

ESTUPRO DOS HOMENS PRETOS NA ESCRAVIDÃO

                                                                   Walter Passos 

Teólogo, Historiador, Poeta,
Afrocentrista e Pan-africanista






Há momentos nos quais eu reluto em escrever sobre as atrocidades da escravidão. Cá no meu canto, paro e reflito: As maldades da civilização branca que nos calunia como demônios devem ser reveladas?
-O meu intimo, o respeito à memória dos meus ancestrais, a minha responsabilidade como pai, avô, historiador e um preto orgulhoso, gritam bem alto que sim.
Eu acredito muitas outras coisas as quais estão além da nossa imaginação ocorreram durante a escravidão.
O homem africano sempre foi temido e invejado pelo homem branco por diversos motivos: beleza, superioridade física, por ser mais atraente para as mulheres, por ser detentor de uma história civilizatória superior, entre tantas outras virtudes. 
Com a invasão do continente africano, o sequestro e a escravidão nas Américas, os africanos e seus descendentes criaram diversos mecanismos de defesas e resistências contra a maldita escravidão. Entre elas, as fugas individuais e coletivas, formação de quilombos, insurreições urbanas e rurais e justiçamento dos homens brancos e seus familiares.
Essas resistências afetavam a lucratividade dos escravizadores e aumentavam o animo de resistência entre os africanos e seus descendentes, apesar dos diversos métodos de dominação e submissão que foram impostos. Destacamos a catequese e a evangelização, os quais até hoje fazem os africanos nas Américas adorarem os deuses dos assassinos dos seus ancestrais, e amaldiçoarem a própria ancestralidade em um vergonhoso branqueamento atípico na história mundial. 
Os castigos, inclusive de cozinhar os escravizados em águas ferventes, criar “fazendas de criatórios” para abuso sexual de crianças, o desrespeito às forças das naturezas e aos ancestrais, o estupro de suas mães, esposas e filhas, a morte não afetavam a mente e a disposição dos nossos maravilhosos ascendentes. Tornou-se necessário para os brancos afetar psicologicamente os nossos valorosos ancestrais e atacaram covardemente a masculinidade com as castrações e uma forma bizarra e demoníaca objetivando impor o terror nos homens pretos: O estupro. 
Os homens brancos foram os maiores estupradores da história da humanidade. Foram os mais violentos e destruidores de civilizações e afetaram o ecossistema terrestre que dificilmente poderá ser recomposto. 
Uma história vergonhosa que deve ser dita aos quatro ventos da terra. A inveja e o ódio fizeram com que valorosos guerreiros pretos em um sinistro ritual, na presença das suas esposas, filhas e filhos, mães e pais, amigos de infortúnio, eram espancados e depois estuprados por um ou diversos homens brancos para quebrar a sua masculinidade e tentar apagar a resistência. 
A maldade era tão grande, pois os filhos do escravizado desafiador eram obrigados a ficarem na frente e no centro, enquanto os atos horríveis estavam ocorrendo em um esforço para destruí-los mentalmente em tenra idade, enquanto eles testemunhavam a humilhação de seu pai. 
Era uma grande festa branca! Vinham senhores de outras fazendas e seus familiares e se divertiam, cantavam e bebiam vendo os pretos serem estuprados. Então o bom cristão (homem branco) obrigava o escravizado usar a calça embaixo do traseiro, deixando os outros saberem que ele havia sido estuprado.

PRETAS POESIAS

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