terça-feira, 15 de novembro de 2011

A REBELIÃO DOS MAJI-MAJI - O MAIOR GENOCIDIO ALEMÃO NA ÁFRICA - RELIGIÃO ANCESTRAL AFRICANA VERSUS CRISTIANISMO –- RESISTÊNCIA AFRICANA







Por Walter Passos
, Historiador,Panafricanista,
Afrocentrista e Teólogo.
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br

Msn: kefingfoluke1@hotmail.com

Skype: lindoebano

Facebook: Walter Passos



O colonialismo europeu na África foi baseado na apropriação das materias primas, exploração da mão-de-obra, brutalidade e racismo. Após a Conferencia de Berlim a Alemanha dominou diversas regiões e estes territórios usurpados foram denominados de África Alemã (em azul); o sudoeste Africano Alemão (alemão: Deutsch-Südwestafrika, DSWA). No mapa, em vermelho, vemos a África Oriental Alemã (em alemão Deutsch-Ostafrika) territórios posteriormente conhecidos como Tanganica (a porção continental do que é hoje a Tanzânia, Burundi e Ruanda) e parte de Moçambique, alem do Togo e Camarões, Sua área foi 994,996 km2, quase três vezes o tamanho da Alemanha de hoje.



BANDEIRA DAS COLONIAS ALEMÃS NA ÁFRICA

Os alemães, de 1884 até 1916, marcaram a África com sangue e ódio, baseados na idéia do Herrenvolk (raça supeior). Período em que as idéias da eugenia estavam no mundo cientifico europeu. Não podemos dissassociar os invasores alemães e os missionarios cristãos. As regiões invadidas por tropas alemãs concomitantemente chegavam com missionarios, ambos acreditavam de que os povos nativos eram estúpidos e primitivos e precisavam ser resgatados das garras de Satã, a idéia do Herrenvolk se concretizava nas mentes invasoras, e se sentiam com o “direito divino” de governar e explorar.



A farsa do cristianismo se mostra em toda a história colonial africana, tanto assim que os nativos eram obrigados a chamar todos os invasores e também os missionarios alemães do título: "Bwana" que significa "Senhor". A raça constituia uma identidade de grupo e determinava o status nas regiões invadidas, sendo necessário a crueldade para manter uma pretensa supremacia racial, tendo como a finalidade a subtração das riquezas das populações autctones. E o cristianismo. mais uma vez, cumpriu bem o se papel de exclusão e discriminação racial, como tem feito através da história.



Entre os alemães que exerceram influências que marcaram a África Colonial Alemã Oriental estava Karl Peters, conhecido pelos africanos com o nome "Milkono wa Damu", (homem com sangue nas mãos). Peters fora defensor do darwnismo social e um dos mais violentos em contatos com os populações nativas. Na foto abaixo, ele está com um "servo", mostrando a sua empáfia e poder. Tão cruel foi a sua rerlação com os africanos e os seus escritos defedendo a superioridade racial alemã que Adolf Hitler em 1941, usou a sua vida como propaganda nazista, patrocinando um filme ideologico, intitulado Karl Peters, dirigido por Herbert Selpin e estrelado por Hans Albers. As colonias na África foram o solo fertil de formação ideologica para a futura elite do nazismo.

Gustav Adolf von Gotzen (a foto acima à direita) foi o primeiro europeu a visitar o Lago Kivu. Governou a Deutsch-Ostafrika de 1901-1906 e usou de extrema violência na repressão as populações nativas.

O outro foi o governador Albrecht von Rechenberg (Georg Albrecht Julius Heinrich Friedrich Carl Ferdinand Maria Freiherr von Rechenberg) assumiu a responsabilidade por 6.000 alemães e quase oito milhões de habitantes. Fez um governo de exploração e foi acusado de homoafetividade com os nativos.

Governador da colônia de setembro de 1906 a outubro de 1912, foi acusado de ter mantido relações sexuais com um dos seus servos do sexo masculino. Os juízes fizeram o possível para conter o escândalo e a propagação de rumores decorrentes da acusação de uma série de processos judiciais sob a acusação de difamação, falso testemunho, a homossexualidade, e nativos atraentes para fazer declarações sobre a supostos encontros homossexuais entre o governador Rechenberg, de alta funcionários do governo, e outros europeus uns com os outros e com os não-europeus.

Os alemães defendiam a pureza racial e os casamentos inter-raciais eram proibidos na colonia, por causa da chamada degeneração racial, e estes casos de relações homoafetivas afetavam a família alemã e o mito do “gentleman” e o seu peso moral de manter a ideologia de superioriodade da raça branca e a masculinidade.

A exploração se tornou insuportavel quando o governador conde Adolf von Gotzen obrigou as populações dominadas a plantarem algodão e sisal para a exportação, o trabalho extenuante juntamente com o imposto criado por cabeça para a população adulta masculina, fazendo com que as mulheres assumissem funções masculinas na sociedade para ao sustento da família, porque os homens foram retirados para o trabalho fora das áreas de suas residências. Este fato gera um conflito na sociedade. Já explorados na construção de ferrovias, estradas, portos e outras obras. Alteraram a vida cotodiana e os missionários se encarregaram de combater as crenças nativas, destruindo as mahokas, cabanas sagradas, locais de veneração dos espiritos ancestrais, sendo os rituais religiosos, as danças e cerimonias ridicularizadas e demonizadas.

As populações da Tanganyca sofreram esteriotipos raciais, desprezo aos milenares conceitos ancestrais, sendo impostos a exploração psicologica e do seus bens materias. Tentaram quebrar a auto-estima para dominar e a opressão se tornou insuportavel, se criou o momento para a reação contra os colonizadores alemães.

Em julho de 1905, a rebelião eclodiu na zona sul de Dar es Salaam (Tanzânia), contra o recrutamento recém-instituído do trabalho obrigatório para a Alemanha da plantação de algodão e de sisal. Conhecida como a guerra Maji Maji liderada pelo povo Ngonis, combatida sem piedade, e foi a mais sangrenta na história da Tanganyika. E relembrada pelo habitantes da Tanzania como um das datas mais importantes de sua história.





LÍDERES DA RESISTÊNCIA AO IMPERIALISMO ALEMÃO


DEUTSCHE KOLONIEN (2) - 3/5 - AFRIKA BRENNT


Observamos que a influência religiosa-mágica teve um papel fundamental na organização da resistência. A religião do invasor branco: o cristianismo , experiente em invasões territorias, torturas e genocidios, não interessavam aos nativos, e foi através da fé tradicional ancestral que o sacerdote Kinjikitile "Bokero" Ngwale, seguidor e afirmando ser possuído pelo deus Cobra HONGO, afirmou de que a guerra era ordenada por Deus e os antepassados retornariam parta ajudá-los, o ordenara liderar a rebelião contra o Império Colonial Alemão e encorajou os seus seguidores a ignorar as diferenças etnicas e unir-se contra os alemães, e a unidade e a liberdade de todos os africanos era um principio fundamental. Edificou um altar para as celebrações religiosas, o qual chamou da “Casa de Deus”. Disse ter um poder mágico, a água especial das montanhas Uluguru (maji: suaíli para "água"), uma água misturada com oleo de mamona e sementes de milho que protegeria os guerreiros contra as balas alemãs, e seriam transformadas em água. Os africanos estvam armados com pistolas rudimentares, lanças e flechas e usando talos de milho em volta das cabeças. Alaidos ao povo Matumbi, estavam o Mbunga, Kichi, Ngoni, Ngindo e Pogoro, uma base de vinte nações . A guerra durou de julho de 1905 a agosto de 1907. Foi o primeiro movimento em massa da África, o levante durou dois anos e envolveu pessoas em mais de 10.000 quilômetros quadrados. Embora em menor número, as forças alemãs e os nativos aliados tinham um poder de fogo superior e milhares de guerreiros foram trucidados pelos tiros das metralhadoras e canhões.
Guerreiros aprisionados

MAJI MAJI REBELLION REENACTMENT

Em julho de 1905, Kinjikitile foi capturado e enforcado em 04 de agosto de 1905, condenado por traição ao Império Alemão. Seu irmão continuou a guerra até 1907. Obtiveram sucessos iniciais e depois a repressão alemã foi de extrema violência, destruíram aldeias e plantações. Como resultado da rebelião mal sucedida, o grande chefe Mputa, chefe Songea, e outros líderes Njelu foram executados, enquanto outros fugiram. Alguns líderes continuaram uma guerra de guerrilha, até que também eles foram feitos prisioneiros e executados em julho de 1908.


PRISONEIROS ANTES DA EXECUÇÃO


PRISIONEROS ENFORCADOS

Sofreram grandes perdas nas batalhas em campos abertos e mudaram a estratégia de combate, começaram a se esconder nas florestas e usando a tática da guerrilha, atacando as tropas alemãs em emboscada, e este fato novo, teve uma resposta cruel. A vingança alemã foi terrível, estima-se que entre 250 mil a 300 mil pessoas foram dizimadas, entre elas, crianças, mulheres e idosos pela fome. A Alemanha usou a tática genocida, a política da terra queimada em aldeias e plantações, destruição de poços de água e outras fontes de alimentos. Em 1905, um dos líderes das tropas alemãs, o capitão Wangenheim, escreveu a von Gotzen, "Só a fome pode trazer uma solução final. As ações militares serão mais ou menos uma gota no oceano"

"Em minha opinião, a fome e a angústia levaram a uma submissão final e completa. Ações militares, mais ou menos, continuar a ser uma propaganda"(de acordo com Gotzen 1909: 149).. Gotzen governador concordou com esta opinião e justifica as ações tomadas pelos alemães como se segue: "Como em todas as guerras contra os povos não civilizados (...) também no caso em apreço, era indispensável para implicar bem planejada danos a bens e haveres da população hostil. A destruição de valores econômicos, como o incêndio de assentamentos e de alimentos, pode parecer bárbara para o estrangeiro. Se percebe, no entanto, por um lado, a rapidez com que as habitações dos negro são construídas de novo e como o crescimento exuberante da natureza tropical produz culturas novo campo e, por outro lado, que na maioria dos casos, o que foi confirmado por este levante também, a subjugação dos povos hostis só foi possível por tais procedimentos. Em conseqüência, uma virá para uma visão mais branda sobre este assunto (como dirá necessitas)."

As conseqüências da destruição foram enormes, todo o sul da África Oriental Alemã foi completamente devastada e o poder político e a estrutura econômica do povo Ngoni totalmente aniquilada.

INACREDITÁVEL:


Liwale é um dos seis distritos da Região Lindi da Tanzânia, e a Igreja Católica Apostólica Romana conseguiu uma grande vitória, perfazendo a incongruência da história: muitos descendentes dos grupos étnicos massacrados pelos alemães, hoje cristãos, peregrinam considerando os religiosos alemães mortos na Guerra dos Maji-Maji como mártires.

Durante a Revolta de Maji-Maji, em 1905, foram assassinados, no caminho para Peramiho, o Bispo Cassian Spiss com dois Irmãos Beneditinos, e nossas Irmãs Felicitas Hiltner e Cordula Ebert.

No centenário do assassinato houve uma peregrinação e solene celebração naquele lugar.

Na página das BENEDITINAS MISSIONÁRIAS DE TUTZING, encontramos: No dia 29 de agosto de 1905, perto de Nyangao, faleceu a nossa Irmã Walburga Diepolder, vitimada pelos guerreiros da Guerra de Maji-Maji.

“Inaugurou Fotos da bela peregrinação por ocasião do Centenário do assassinato do Bispo Cassian Spiss, dos dois Irmãos e das duas Irmãs, em Liwale, em agosto de 2005. Foi celebrada a Bênção da Pedra comemorativa”.


O genocídio cometido pelo Império Alemão no oeste africano nos traz reflexões de como o mito de superioridade racial, filosófico e religioso, baseado na intolerância trouxe conseqüências destrutivas porque depois do massacre e da fome os povos ficaram marcados por toda uma existência, tendo os seus modos produtivos transformados, experiências religiosas destruídas e grupos étnicos com histórias milenares abalados.

A experiência desta guerra serviu como inspiração para as grandes batalhas panafricanistas do século XX. Não devemos esquecer que o sangue derramado de 300 mil crianças, mulheres, idosos e guerreiros germinaram a semente da África para os africanos.

VILAS QUEIMADAS - 1907


Este genocídio foi quatro vezes maior do que o genocídio feito contra os povos Herero e Nama, que aconteceu no mesmo período, onde a Alemanha havia arrasado as nações Herero e Nama na Namíbia, matando de fome quase 75 mil pessoas. Vede: O GENOCÍDIO ESQUECIDO – A REVOLTA DOS HEREROS E NAMA NA NAMÍBIA



7 comentários:

Anônimo disse...

O holocausto de um povo heroico, que nuca desiste.

Anônimo disse...

É engraçado essa coisa de demonizar o cristianismo como uma religião do malvadão branco em detrimento do islã tão escravizador quanto e das primitivas religiões ancestrais responsáveis por barbaridades como a excisão e o sexo com crianças porque cura a Aids. Tenham dó e mais veracidade histórica e menos ideológica. Os colonizadores cometeram algumas atrocidades, sim com certeza e as que os próprios africanos infligem aos seus? A Africa seria mais primitiva ainda se não fossem os malvadões brancos.
Legio Victrix.

Anônimo disse...

Incrível o que o Victrix disse. :)
Então o que os nazistas fizeram está
justificado, não é?
Por que antes eles apedrejavam mulheres adúlteras e vendiam escravos
no comércio Transatlântico...

Um erro não justifica o outro.

Os crimes dos europeus não foram
somente contra os negros: índios,
hindus, filipinos, aborígenes e etc sofreram com a ganância e o latrocídio em massa perpetrados por
eugenista e darwinistas.

Antes dos europeus chegarem, a fome na África não era tão severa
e nem a Aids existia.

Unknown disse...

Fico boquiaberta vendo pessoas tão cultas embaralhando o meio de campo da história. Amados!o cristianismo nada fêz contra povo nenhum,contra ninguem,do mesmo modo que a religião nada faz contra ninguem. Homens inescrupulosos,egocentricos e ambiciosos usam estas formas PARA DOMINAR E PARA PROVEITO PROPRIO OU PARA VANTAGENS PROPRIAS.Do mesmo modo a politica,a internet,as ongs,proune,profae,etc,são formulas para beneficiar o maior numero possivel de pessoas,mas,infelizmente haverá sempre ALGUEM,que tentará usar para proveito proprio ou de poucos.
Eu diria que existe uma classe forte de ATRAVESSADORES,que espera algo brotar dos jardins das inteligencias e dos corações para sutilmente surrupiar ou deturpar,ou tomar posse e usar para proveito proprio ou de poucos,ou de uma determinada classe. É A CORRUPÇÃO!A DESOBEDIENCIA!A MENTIRA!QUE É A MARCA DO DIABO E QUE MANTÉM Á TODOS CATIVOS E ESCRAVIZADOS POIS CAUSA UM ENGANO TAL,QUE CAUSA A RENDIÇÃO DO HOMEM. E um homem rendido é um joguete das circunstancias. A E ducação é o caminho.O Amor em primeiro lugar,a disponibilidade em amar e depois através do amor o educar,mas educar com a verdade,a bussola é a biblia sagrada.Emunah.AGAPE

COHAB disse...

Eu sou Cristão e posso afirmar que Jesus não ensina isso, a base está em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo... mas está escrito que nos finais dos tempos vai vir alguem que prega a paz e quando esse estiver no poder ele cometerá essas atrocidades e esta será a maior de todas as atrocidas como em nenhum tempo houve igual... então meus queridos fiquem espertos para não cairem no erro... que Deus nos dê entendimento e forças para esses dias... Aqui quem fala é um ser "Humano"

COHAB disse...

Eu sou Cristão e posso afirmar que Jesus não ensina isso, a base está em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo... mas está escrito que nos finais dos tempos vai vir alguem que prega a paz e quando esse estiver no poder ele cometerá essas atrocidades e esta será a maior de todas as atrocidas como em nenhum tempo houve igual... então meus queridos fiquem espertos para não cairem no erro... que Deus nos dê entendimento e forças para esses dias... Aqui quem fala é um ser "Humano"

Anônimo disse...

eu me arisco dizer que a igreja crista/ o cristianismo foi o principal padrinho da escravidão e do colonialismo na África.

PRETAS POESIAS

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Poemas de amor ao povo preto: https://www.facebook.com/PretasPoesias