Por
Malachiyah Ben Ysrayl - Historiador e Hebreu-Israelita
E-mail:
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Skype:
lindoebano
Facebook: Walter Passos
A apropriação do conhecimento africano pelos europeus já vem sendo ventilada por
estudiosos brancos, que sabiamente reconhecem o quão foi transformado a
história da humanidade para glorificar o continente europeu, que aprendeu as
ciências e as literaturas com os povos africanos. Evidente que o trabalho dos afrocentristas os
tem feito repensar.
A
história é fato ocorrido, se descreve o mais aproximado da verdade, através dos
diversos tipos de documentação e oralidade, ou falsifica-os.
Assim, apesar do avanço
tecnológico e de novas personagens que surgem a todo o momento na literatura
infanto-juvenil acompanhado as mudanças sociais, as antigas fábulas continuam
marcantes como exemplificações no explicar do cotidiano. Os ensinamentos que
recebemos sobre as fábulas que elas são de origem grega e surgiram através de
Esopo, provavelmente no século VI antes da nossa era comum.
Durante a Idade Média, Leonardo
Da Vinci (1452-1519) as reescreveu em italiano e o escritor Jean de La Fontaine
(1621-1695) obteve muito sucesso ao traduzi-las em versos para o francês.
As fábulas de Esopo são ensinadas
continuadamente em salas de aula, pelos contadores de histórias, nas
publicações das mais afamadas: A raposa e as uvas; A Cigarra e a
Formiga; A tartaruga e a lebre; O vento norte e o sol; O menino que gritava
lobo; O leão e o rato; O asno e a
cachorrinha; A panela de barro e a de cobre; O velho e a mosca e muitos outros.
Coleção Disquinho - A Cigarra e a
Formiga
Diversas imagens de Esopo foram
produzidas e abaixo algumas delas:
Esopo, como descrito na Crônica de Nuremberg de Hartmann Schedel. Aqui ele é mostrado usando roupa alemã do século XV |
A Xilogravura de vida de
Ysopet com suas fabulas historiadas (Espanha, 1489) descreve uma corcunda Esopo
cercado por eventos das histórias em Planudes versão de sua vida.
|
Esopo mostrado no vestido japonês
em uma edição de 1659 das fábulas de Kyoto: Isopo Monogatari
|
Rhodope, apaixonada por Esopo; gravura de Bartolozzi, 1782. |
Moeda da antiga cidade de Delphi com a imagem de ESOPO e a
estátua helenística bem posterior
Esopo foi um africano. Um homem
preto sábio atestado pelos próprios gregos que levou para a Grécia os
ensinamentos africanos, fato esse corriqueiro no mundo antigo, onde os gregos
aprenderam as ciências e a mitologia em Kemete. Os escritores gregos escreveram
que Esopo era de origem africana vindo da Etiópia como escravizado.
O romance Esopo de autoria
anônima escrito entre o I e II séculos da nossa era comum o descreve:
"de aspecto repugnante...
barrigudo, disforme de cabeça, nariz arrebitado, anão, moreno, pernas tortas, vesgo,
lábios grossos, uma monstruosidade portentosa.”
Um ódio dos gregos ao seu mestre!
Em 2002, Richard A. Lobão citou o
número de animais africanos e "artefatos" nas fábulas de Esopo como
"provas circunstanciais" que pode ter sido um contador de historias
da Núbia.
William Godwin em Fábulas antigas e modernas (1805) tem
uma ilustração de Esopo relatando suas histórias para as crianças pequenas que
dá suas feições uma aparência distintamente africana.
Em 1932, o antropólogo JH
Driberg, repetindo a ligação Esopo / Aethiop, afirmou que, embora "alguns
dizem que ele (Esopo) foi um frígio... a visão mais geral... é que ele era um
Africano”, e "se Esopo não era um Africano, ele deveria ter sido.”
Steinhowel Heinrich, edição de
1476, muitas traduções das fábulas em línguas européias, que também incorporou
Vida Planudes de Esopo, contou com ilustrações retratando-o como um
corcunda.
Outro exemplo, a edição de 1687
das Fábulas de Esopo e sua Biografia: em inglês, francês e latim, incluiu 28
gravuras criadas por Francisco Barlow, que o mostram como um corcunda anão e
suas características faciais parecem estar de acordo com a sua declaração no
texto : "Eu sou um negro".
Esopo como preto pode ter sido
incentivado por uma similaridade percebida entre fábulas do Malandro Coelho Br’er,
contadas por escravizados Africano-Americanos, e o papel tradicional do escravizado Esopo
como "uma espécie de herói da cultura dos oprimidos, e sua vida como um
manual de como fazer para a manipulação bem sucedida de superiores”.
Nesta mistura de live action e animação, duas crianças negras
passeiam em um bosque encantado, onde lhes são ditas fábulas de Esopo que
diferenciam entre ambição realista e irrealista. Sua versão de A Tartaruga e a Lebre ilustra como tirar
vantagem da confiança sobre um oponente.
Diversos escritores e filósofos
gregos e romanos citam as fábulas de Esopo: Heródoto (o pai da história branca)
chama Esopo de "escritor de fábulas". Aristófanes menciona a "leitura" de
Esopo, assim também o faz Sócrates, Fedro, Sófocles, Demétrio de Phalerum,
Babrius, entre muitos outros.
Nós sabemos que as fábulas de
Esopo são ensinadas na cultura popular ao longo dos últimos 2.500 anos, em
várias obras de arte, livros, filmes, peças de teatro e programas de televisão,
demonstrando animais que falam, brincam, erram e trazem lições morais
complexas. As sábias fábulas do preto Esopo retratam o ser humano com virtudes
e erros, que até hoje servem como formas didáticas de aprendizado.
Será que a premiada atriz Ana
Luísa Lacombe, em sua peça teatral as Fábulas de Esopo, informa que
está trabalhando ensinamentos africanos?
Trilogia Faz e Conta - cenas de Fábulas de Esopo, Lendas da Natureza e
O Conto do Reino Distante
Por que na entrevista o escritor
Mauro Rubens da Silva não informa que está trabalhando com contos africanos?
Livro Inteligente e as Fábulas de Esopo na AllTV
Diversos pedagogos e escritores
usam e usaram as fábulas de Esopo, inclusive Monteiro Lobato. Quais deles informaram a africanidade desses
contos? O que se tem de ensinar é que Esopo e as suas fábulas são africanas. Você,
educador(a), lecione às nossas belas crianças a riqueza de uma África ainda
desconhecida pelo saber que embelezou e embeleza o mundo.
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