quarta-feira, 19 de maio de 2010

OS CULTOS AFRO-DIASPÓRICOS E OS ANTIGOS HEBREUS



Por Walter Passos,
Historiador,Panafricanista,
Afrocentrista e Teólogo.
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn:kefingfoluke1@hotmail.com

Skype: lindoebano



É um dia de sexta-feira e a comunidade se reúne no terreiro com os sacerdotes vestidos de branco, todos estão descalços e iluminados com a luz da lua, os tambores tocam altos e o som com a sua forte percussão vai até as entranhas da alma. As mulheres menstruadas são consideradas impuras e não devem participar dessa reunião sagrada no terreiro.

No terreiro estão às árvores consideradas sagradas, as danças são lindas, uma maravilha de se ver e dá uma vontade imensa de participar. Fora do terreiro estão vasilhames de barro com farinha e azeite. Irrompe um silêncio sagrado no arraial, porque é necessário reparar o mal, feito pela comunidade, e um bode será imolado e ofertado em sacrifício.

Você deve estar pensando: é mais um ritual de Macumba, Candomblé, Vodu, Santeria, ou outro ritual afro-diásporicos nas Américas. Contudo, eu te afirmo: você se enganou totalmente! Era um ritual dos antigos hebreus para louvar YHWH.

Então vamos compreender estes rituais dos antigos hebreu-israelitas realizado há milhares de anos e com continuidade dos seus descendentes nas Américas. É necessário que você tenha coragem de acompanhar esse estudo baseado nos escritos bíblicos.

O TERREIRO

O lugar do culto costumava ser num arraial (terreiro) também chamado de tenda da congregação descritos em diversos livros da bíblia, e os participantes costumavam ficar descalços, porque o local de adoração era considerado sagrado, e deviam ficar com os pés no chão.

“E Eleazar, o sacerdote, tomará do seu sangue com o seu dedo, e dele espargirá para a frente da tenda da congregação sete vezes”. Números 19:4

“E estabeleceu Ezequias as turmas dos sacerdotes e levitas, segundo as suas turmas, a cada um segundo o seu ministério; aos sacerdotes e levitas para o holocausto e para as ofertas pacíficas, para ministrarem, louvarem, e cantarem, às portas dos arraiais de YHWH”. 2 Crônicas 3:12

“E sucedeu que, vindo a arca da aliança de YHWH ao arraial, todo o Israel gritou com grande júbilo, até que a terra estremeceu”. 1 Samuel 4:5

AS VESTES DOS SACERDOTES

O relato interessante é sobre as vestes dos sacerdotes:

“E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho, sobre a sua carne, e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar. Depois despirá as suas vestes, e vestirá outras vestes; e levará a cinza fora do arraial para um lugar limpo”. Levitico 6:10-11

“E será que, quando entrarem pelas portas do átrio interior, se vestirão com vestes de linho; e não se porá lã sobre eles, quando servirem nas portas do átrio interior, e dentro.
Gorros de linho estarão sobre as suas cabeças, e calções de linho sobre os seus lombos; não se cingirão de modo que lhes venha suor”. Ezequiel 44: 17-18

O RECOLHIMENTO NO TERREIRO

"Também da porta da tenda da congregação não saireis por sete dias, até ao dia em que se cumprirem os dias da vossa consagração; porquanto por sete dias ele vos consagrará.

Ficareis, pois, à porta da tenda da congregação dia e noite por sete dias, e guardareis as ordenanças de YHWH, para que não morrais; porque assim me foi ordenado." Levítico 8:33-35

AS OFERENDAS E SACRIFICIOS

Muitas oferendas e sacrifícios foram praticados pelos hebreus para expiação de pecados, agradecimentos, votos, todas relacionadas ao equilíbrio com Yah e nas relações sociais na comunidade.
Estas oferendas iam da oferta da flor da farinha com azeite ao sacrifício de um boi.

OFERENDAS DE ANIMAIS

“E chamou o YHWH a Moisés, e falou com ele da tenda da congregação, dizendo:
Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta YHWH, oferecerá a sua oferta de gado, isto é, de gado vacum e de ovelha.
Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o YHWH.
E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação.
Depois degolará o bezerro perante YHWH; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação.
Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços”. Levítico 1:6.

“E se a sua oferta for de gado miúdo, de ovelhas ou de cabras, para holocausto, oferecerá macho sem defeito.
E o degolará ao lado do altar que dá para o norte, perante YHWH; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o seu sangue em redor sobre o altar”. Levítico 10-11.

“E se a sua oferta YHWH for holocausto de aves, oferecerá a sua oferta de rolas ou de pombinhos;
E o sacerdote a oferecerá sobre o altar, e tirar-lhe-á a cabeça, e a queimará sobre o altar; e o seu sangue será espremido na parede do altar;
E o seu papo com as suas penas tirará e o lançará junto ao altar, para o lado do oriente, no lugar da cinza;
E fendê-la-á junto às suas asas, porém não a partirá; e o sacerdote a queimará em cima do altar sobre a lenha que está no fogo; holocausto é, oferta queimada de cheiro suave ao YHWH”. Levítico 1:14-17


SOMENTE O SACERDOTE PODIA FAZER OS SACRIFICIOS

“Então o sacerdote ungido tomará do sangue do novilho, e o trará à tenda da congregação;
E o sacerdote molhará o seu dedo no sangue, e daquele sangue espargirá sete vezes perante o YHWH diante do véu do santuário.
Também o sacerdote porá daquele sangue sobre as pontas do altar do incenso aromático, perante YHWH que está na tenda da congregação; e todo o restante do sangue do novilho derramará à base do altar do holocausto, que está à porta da tenda da congregação”. Levítico 4:5-7

OFERENDAS DE FLOR DE FARINHA COM AZEITE

“E quando alguma pessoa oferecer oferta de alimentos ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha, e nela deitará azeite, e porá o incenso sobre ela;
E a trará aos filhos de Arão, os sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado da flor de farinha, e do seu azeite com todo o seu incenso; e o sacerdote a queimará como memorial sobre o altar; oferta queimada é, de cheiro suave a YHWH”. Levítico 2-1-2.

O INCENSO

“Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante De YHWH, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído, e o levará para dentro do véu.
E porá o incenso sobre o fogo perante YHWH, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o testemunho, para que não morra” Levítico 16:12-13.

ASPERSÃO DE SANGUE SOBRE O ALTAR, SACERDOTES E O POVO

“Moisés também fez chegar os filhos de Arão, e pôs daquele sangue sobre a ponta da orelha direita deles, e sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito; e Moisés espargiu o restante do sangue sobre o altar em redor”. Levítico 8:24.

Então sairá ao altar, que está perante o SENHOR, e fará expiação por ele; e tomará do sangue do novilho, e do sangue do bode, e o porá sobre as pontas do altar ao redor”. Levítico 16:18
“E daquele sangue espargirá sobre o altar, com o seu dedo, sete vezes, e o purificará das imundícias dos filhos de Israel, e o santificará”. Levítico 16:19

A CARNE DO SACRIFICIO ERA DISTRIBUIDA COMO ALIMENTO

Após o sacrifício dos animais a carne era distribuída no terreiro e os sacerdotes comiam primeiro.

“E de toda a oferta oferecerá uma parte por oferta alçada ao SENHOR, que será do sacerdote que espargir o sangue da oferta pacífica.

Mas a carne do sacrifício de ação de graças da sua oferta pacífica se comerá no dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até à manhã.
E, se o sacrifício da sua oferta for voto, ou oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu sacrifício se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia seguinte”. Levítico 7:14-16


AS ÁRVORES SAGRADAS

O povo de Israel teve árvores consideradas sagradas e algumas usadas para exercer julgamento.

“Assim Abrão desarmou o seu acampamento e foi morar perto das árvores sagradas de Manre, na cidade de Hebrom. E ali Abrão construiu um altar para o Deus Eterno”. Gênesis 3:18

“Não plantarás árvores sagradas, de qualquer espécie, ao lado do altar que levantares ao Senhor, teu Deus”. Deuteronômio 16, 21

“Naquela mesma noite, YHWH disse a Gedeão: - Toma um touro gordo e um segundo touro de sete anos; derruba o altar de Baal que é de teu pai, e corta a árvore sagrada que está junto dele. Construirás depois um altar bem preparado em honra do Senhor, teu Deus, no cimo desta rocha firme”. Juízes 6: 25-26

“Tomarás, então, o segundo touro e oferecê-lo-ás em holocausto sobre a madeira da árvore sagrada que cortaste”.

PALMEIRA

“E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.
Ela assentava-se debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo”. Juízes 4:4-5

“E nelas, isto é, nas portas do templo, foram feitos querubins e palmeiras, como estavam feitos nas paredes, e havia uma trave grossa de madeira na frente do vestíbulo por fora”. Ezequiel 41:25

CARVALHO

“E Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus; e tomou uma grande pedra, e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava junto ao santuário do YHWH." Josué 24:26

“E entrou Gideão e preparou um cabrito e pães ázimos de um efa de farinha; a carne pós num cesto e o caldo pôs numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho ofereceu”. Juízes 6:19

“Então o anjo De YHWH veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas". Juízes 6:11

“Então se ajuntaram todos os cidadãos de Siquém, e toda a casa de Milo; e foram, e constituíram a Abimeleque rei, junto ao carvalho alto que está perto de Siquém”.Juízes 9:6

“Sacrificam sobre os cumes dos montes, e queimam incenso sobre os outeiros, debaixo do carvalho, e do álamo, e do olmeiro, porque é boa a sua sombra; por isso vossas filhas se prostituem, e as vossas noras adulteram”. Oséias 4:13

OLIVEIRA, FIGUEIRA, VIDEIRA E O ESPINHEIRO

“Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei, e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós.
Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?
Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós.
Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores?
Então disseram as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós.
Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?
Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós.
E disse o espinheiro às árvores: Se, na verdade, me ungis por rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano”.Juízes 9:8-15

A FONTE MILAGROSA

“Então Deus fendeu uma cavidade que estava na queixada; e saiu dela água, e bebeu; e recobrou o seu espírito e reanimou-se; por isso chamou aquele lugar: A fonte do que clama, que está em Leí até ao dia de hoje”.Juízes 15:19

A DANÇA COM ISRUMENTOS DE PERCURSSÃO

"Assim os cantores como os tocadores de instrumentos estarão lá; todas as minhas fontes estão em ti”. Salmos 87:7

“Então Miriã, a profetiza, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças”. Êxodo 15:20

“Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa”. Salmos 149:3

“Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados”. Ezequiel 28:13

A ENCRUZILHADA

"Porque o rei de Babilônia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para fazer adivinhações; aguçará as suas flechas, consultará os terafins, atentará para o fígado." Ezequiel 21:21

O conhecimento dos trabalhos feitos nos caminhos era notório das civilizações antigas.

CULTO A SERPENTE SAGRADA

O povo hebreu no deserto após ter sido atacado por serpentes venenosas obteve a cura ao encarar a serpente de bronze, perdendo o medo, e este fez com o culto à serpente perdurasse por 700 anos na sociedade dos hebreus, sendo veementemente combatida pelo rei Ezequias:

"Removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo; e fez em pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera, porque até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã." 2 Reis 18:4

Para maiores informações acesse o artigo: A TRIBO DE DAN – O CULTO A SERPENTE E SUA DIFUSÃO NA ÁFRICA E NA AFRO-AMÉRICA


O CONHECIMENTO DOS EGUNS

“Então serás abatida, falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca; e será a tua voz debaixo da terra, como a dum necromante, e a tua fala assobiará desde o pó”. Isaías 29:4

“Consulte as gerações passadas e observe a experiência de nossos antepassados. Nós nascemos ontem e não sabemos nada. Nossos dias são como sombra no chão. Os nossos antepassados, no entanto, vão instruí-lo e falar a você com palavras tiradas da experiência deles”. Jó 8,8-10.

"Pergunta às gerações passadas ou primeiras e medita a experiências dos antepassados. Porque somos de ontem, não sabemos nada. Nossos dias são uma sombra sobre a terra." Jó 8:8-9

“Seis dias depois, Yahoshua tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Yahosua: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quiseres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias." Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz." Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantem-se, e não tenham medo." Os discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser somente Yahoshua. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: "Não contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”. Mateus17: 1-9.

Esta foi uma pequena apresentação de textos bíblicos que brevemente se tornarão um livro com ilações mais aprofundadas sobre os rituais dos antigos hebreus e os rituais das religiões afro-diásporicos. Os africanos na América são a prova mais consistente da presença dos hebreus que vieram da África Ocidental, do Congo-Angola e das regiões de Moçambique.

A guarda do sábado pelos povos africanos foi e é de vital importância, inclusive em um dos odu de Orunmila na Jamaica diz-se que o seu dia de descanso é sábado. Entre os Akans a guarda ao sábado é fundamental, sendo Deus conhecido como o Deus do Sábado.

Confira também o artigo: OS AKANS - ONYAMEE KWAAME, O DEUS DO SÁBADO.


Israel em diversos momentos da sua história modificou os rituais e incorporou outros deuses a verdadeira adoração de Yah, não sendo escondidos estes fatos de sua história, a exemplo da adoração a serpente sagrada Neustã, a adoração as árvores sagradas, a deuses familiares e o culto aos antepassados.

As relações do povo hebreu com as forças da natureza são muito profundas, havendo mudanças com o desenvolvimento civilizatório.

No próximo artigo iremos trabalhar as formas de adivinhação muito semelhantes as utilizadas atualmente pelos afro-diásporicos, como o opelê e o jogo de búzios, além dos videntes, dos sonhos e diversas formas de comunicação transcendentais utilizadas pelos antigos hebreus.

Shalom!


terça-feira, 11 de maio de 2010

13 DE MAIO – 122 ANOS DE ABOLIÇÃO – OS DESAFIOS DO MOVIMENTO NEGRO - 13 DE MAIO A ÚNICA REVOLUÇÃO SOCIAL VITORIOSA NO BRASIL


Por Walter Passos,
Historiador,Panafricanista,
Afrocentrista e Teólogo.
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn:kefingfoluke1@hotmail.com

Skype: lindoebano




Quando era menino, o dia 13 de maio representava alegria e tristeza. Alegria porque o meu pai falava do nascimento da minha avó em 13 de maio 1888, eu a conheci muito pouco, ela era uma preta retinta que ainda a vi chamando as pessoas de “Iaá” e “Ioô”, em alguns momentos chamava a minha mãe e as outras mulheres de sinhá. Sempre o 13 de maio era um dia de alegria, de festa e de aniversário para o meu pai, ele se sentia muito responsável pela minha avó e por suas irmãs, pois era o único “filho homem” (redundância na linguagem muito usada na Bahia).

Por outro lado, na escola primária sempre estudei em escolas particulares com ínfima presença de pretos e pretas, o 13 de maio era relembrada e eu me sentia triste, por causa das brincadeiras racistas das crianças mestiças e brancas, dos seus sorrisos maldosos e de suas frases de impacto: Hoje é o dia de sua libertação! Você não tá mais no tronco! Agradeça a Princesa Isabel!

Sempre quando eu fazia algum ato que desagradasse aos brancos e mestiços eles exclamavam: A culpa é da princesa Isabel!

Os 13 de maio nunca foram festejados na minha infância ou adolescência pela comunidade preta onde eu vivia no Rio de Janeiro. Quando comecei a participar de organizações negras no final da década de 70 nós afirmávamos que o 13 de maio não era o nosso dia. Sempre houve uma ojeriza a esta data, uma negação, e se tornou dia de protesto. O dia 20 de novembro se transformou na data mais importante das reivindicações, das lutas sociais e políticas da nossa comunidade organizada.

Sobre a abolição da escravatura, eu ouvia quando meu ex-professor, o historiador Mario Maestri Filho, discordava de outros historiadores como Décio Freitas no processo de emancipação. Maestri afirmava que a destruição do modo de produção escravagista ocorreu por forças internas na resistência do escravizado e Décio afirmava que foram as externas especialmente pela forte influência política e econômica da Inglaterra. Tive o prazer de ouvir Maestri, Décio Freitas e Clóvis Moura e outros historiadores sobre diversos assuntos. Maestri me levava a algumas conversas e eu ainda estudante de história, ouvia os mestres.

Maestri discordava muito dos militantes negros da época pelas suas análises conjunturais equivocadas. Recordo-me de que eu era fã e grande ouvinte de Bia (Maria Beatriz do Nascimento) no Grupo de Trabalhos André Rebouças da UFF (Universidade Federal Fluminense) e certo dia, ela elogiou Henrique Dias como um grande ícone do povo preto, quando falei isso para Maestri, veementemente discordou provando que Henrique Dias nada fez para o povo preto, foi um grande capitão - do mato a serviço das elites colonialistas.

Nesta época o Movimento Negro não admirava o Sr. Abdias Nascimento, eu ouvi críticas muito sérias feitas por Bia, Lélia Gonzalez e dos antigos militantes das irmandades de Pretos e negros da esquerda, especialmente do Partidão. Meu pai fazia parte do Partidão que muitos anos viveu na clandestinidade na época da ditadura militar. Eu tinha entre 21 e 25 anos de idade quando conversava com esses antigos militantes, e eles acima dos 60 anos de idade. Sempre tive a paciência de escutar os mais idosos porque haviam vivido mais tempo do que eu e sabiam coisas que eu não sabia. Ouvir é uma virtude que a nossa juventude tem perdido porque se acha dona do saber.

O tempo passa e alguns fatos históricos se transformam conforme os interesses dos grupos. Há pessoas que não aceitam outros relatos porque dogmatizam a história objetivando os seus interesses. Nunca há um só relato histórico sobre os fatos e nem tudo que se fala é a verdade.

Nestes 122 anos da abolição da escravatura há diversas reflexões que devem ser feitas pelo conjunto do Movimento Negro, entre elas eu enumero algumas:

APADRINHAMENTO DAS ELITES BRANCAS:

O discurso da maioria dos militantes negros se refere ao desejo de suporte e apadrinhamento das elites para a resolução dos problemas cruciais da nossa população. Estes militantes acreditam totalmente no poder do estado e de suas instituições. São militantes que vivem de ‘pires na mão’ à procura de verbas para aprovação de projetos. Sendo orientados por membros das elites na tomada das decisões.

Inclusive no que tangem as discussões religiosas que tratam de discriminação religiosa, os membros do poder estão em todas as mesas como orientadores e palestrantes, porque se este fato não ocorrer às verbas não saem e os encontros não existiriam. Muito comum entre os evangélicos e católicos, principalmente nas pastorais de combate ao racismo. A dependência econômica e o desejo de partilhar um dia do poder instituído falam mais alto do que os interesses reais da própria comunidade. Apesar de que a comunidade negra é a mantenedora principal do poder das elites religiosas.

As elites para se manter no poder após a abolição da escravatura tiveram projetos interessantes no conflito de classes, os quais tomaram novas características capitalistas exploratórias, e se criou conforme os dizeres de Maestri um mito de uma sociedade cordial, não conflituosa:

O caráter cordial, transigente e pacífico do brasileiro já foi um dos grandes mitos nacionais. A abolição da escravatura foi apresentada como prova dessa pretensa realidade. No exterior, o fim da instituição motivara lutas fratricidas. A guerra de Secessão causou quinhentas mil vítimas nos USA. No Haiti, em 1804, a destruição da ordem negreira exigiu a mais violentas guerra social do continente.

Foram negados aos libertos: habitação, emprego, educação e saúde. Considero os quatro pilares básicos para uma família se considerar feliz, e ter condições da manutenção harmoniosa, pilares que proporcionam lazer e segurança e um IDH plausível a nossa comunidade.

A comunidade negra não soube se organizar para procurar estabelecer por si mesmas estes quatro pilares essenciais, porque as famílias estavam desestruturadas, em um país pós-abolição, de oligarquias, de apadrinhamentos e coronelismos, o liberto teve que se adaptar a subserviência para a sobrevivência e tendo a todo o momento a sua auto-estima abalada.

As mulheres negras pós-abolição continuaram a manter um papel fundamental na preservação das famílias negras com os trabalhos extenuantes e na manutenção da unidade familiar. Desestruturando a família, não criando oportunidades nas escolas, morando em locais insalubres e sem direitos a saúde e ao trabalho, a comunidade teve obrigatoriamente de viver dos apadrinhamentos das elites e ver o homem branco como o ex-senhor e agora o patrão.

QUESTÃO DE IDENTIDADE:
Aos dez anos de idade eu já estava na primeira série do ginasial e minha mãe me obrigava a ensinar suas amigas que não tiveram a oportunidade da alfabetização. Não gostava, eu queria brincar e alfabetizar adultos em momentos das minhas brincadeiras não me agradava. Nada podia fazer, era obrigado. Uma das minhas amigas da minha mãe, disse:

-Seu menino é muito inteligente, gosta de estudar. Ele vai casar com uma mulher branca.

Hoje eu compreendo que na mentalidade daquela senhora a ascensão intelectual e social do negro teria que ser acompanhada com o branqueamento, dividir o conhecimento, a vida, o amor com uma representante do poder racial. No Brasil a cor da pele cria um divisor de águas e o negro procura uma melhor representação social na sociedade racista: a mulher branca. A amiga da minha mãe se enganou.

Já antes da abolição da escravatura a população escravizada e os libertos sofriam por causa da cor epitelial e o desejo de branqueamento era notório. Porque ser branco significava e ainda representa superioridade racial, social e econômica, e a aceitação nos grupos representativos do poder. O branqueamento da população não foi só um projeto das elites, mas se tornou um alvo da maioria da população negra, tanto assim, que o número de mestiços, denominados mulatos, teve um crescimento importantíssimo dentro das classes emergentes no Brasil Império e Colônia, se manifestando fortemente na República. A literatura brasileira possui diversos escritos sobre essa crise de identidade e a ascensão dos novos bacharéis mestiços, um dos exemplos é o livro O Mulato, de Aluísio de Azevedo.

Relembrar a escravidão e suas mazelas é traumático para os educadores negros. A escravidão tem que ser esquecida porque como dizem muitos: Quem vive do passado é Museu. Não quero lembras essas tristezas!

A questão identitária após o 13 de maio de 1888 se tornou fundamental porque foi um período onde a comunidade negra teve que resolver os problemas cruciais de sobrevivência em um país que a colocou como cidadãos e cidadãs de segunda categoria, os retirando das terras produtivas e abrindo o caminho para a continua vinda de imigrantes europeus e orientais. Ser negro após a abolição era carregar o estigma de ex-escravizado e superá-lo pelo processo de branqueamento se tornou o caminho tentador principalmente para os homens que ascenderam socialmente. Atualmente os grandes debates a respeito das relações inter-raciais onde a maioria dos homens negros no “poder” é casada com mulheres brancas preferivelmente loiras e são defensores de uma luta as quais não podem levar as esposas e nem os filhos e filhas. Conseqüência do 13 de maio e seu processo de branqueamento no Brasil.

Estão questão identitário é muito importante porque sofre mudanças conforme os avanços dos grupos sociais que chegam mais perto ou almejam o poder. Hoje se tornou crucial para alguns militantes declararem o seu lado branco, a sua origem mestiça, que reforça a idéia de mestiçagem e de uma sociedade que está resolvendo os conflitos raciais. Exemplo deste fato é o caso do presidente do Olodum, João Jorge, que disse ao ser entrevistado pelo Bahia Notícias:

Também tenho motivos de ordem cultural e educacional para lançar minha candidatura. Se nós pegarmos Mandela, Marina Silva, Lula e Obama, as origens dessas pessoas é parecida com a minha. Sou mestiço, filho de negro com branco, sou advogado, mestre em direito público, fiz a minha vida dirigindo um táxi, trabalhei 11 anos no pólo petroquímico, sou resultado da cultura baiana para conquistar o mundo, e ao mesmo tempo estou esperando que a Bahia escolha novas idéias.

E continua:

BN: Podemos afirmar que o mote de sua campanha e de seu mandato, caso seja eleito, passa pela questão da igualdade étnica?

JJ: Para pela igualdade geral, ampla e irrestrita. Como sou de um segmento amplo, todas as políticas que eu vou propor serão focadas na Bahia como um todo. Posso dizer que o benefício será para toda a comunidade baiana. Então, essa não é uma candidatura negra, da comunidade negra, é uma candidatura dos baianos e das baianas.

Conheço o João Jorge há muito, respeito as suas idéias, continuo tendo por ele a amizade de quase 30 anos, mas, desejaria que a candidatura dele ao Senado Federal fosse uma candidatura negra. Por outro lado a expectativa de oferecer uma candidatura negra na Bahia que tem a maior parte de sua população de descendentes de africanos, em grave crise identitária de negação da origem africana é perder votos. O negro baiano se autodenomina em diversas cores epiteliais que vão do quase-branco, chocolate, marrom bombom, moreninho, cor de formiga, mulato, pardo, queimadinho da Ribeira, entre outras.

A candidata Marina afirmou nos Estados Unidos da América quando foi recepcionada como candidata negra, que nunca foi discriminada por ser mulher ou negra. As lideranças não confiam na suas próprias comunidades ou não se sentem inseridas nelas quando ascendem social e politicamente?

FALTA DE CAPACIDADE DE UM PROJETO PRÓPRIO:
As entidades negras não se propõem a criação de um projeto político que possa reverter às dificuldades advindas do Brasil pós-abolicionista. Há muitos problemas gerados pela escravidão e não resolvidos com a abolição.

A falta de um projeto político ocorre pelas inúmeras divisões do Movimento Negro no Brasil e pela falta de maturidade emocional e política dos seus membros. Há o desejo de ser considerado importante, de auto-declaração de liderança, provocando uma autofagia e letargia nas propostas e ações que deveriam beneficiar as comunidades. Nesta luta pelo estrelismo barato que não leva a nada, mas é notado pelas elites, muito negros e negro não servem a sua comunidade, mas, aos interesses pessoais.

André Rebouças, um engenheiro negro, já previa as dificuldades que a abolição traria aos libertos:

Um dos mais combativos abolicionistas, o engenheiro André Pinto Rebouças sabia que com a assinatura da Lei Áurea a abolição da escravatura estaria consumada, mas seria uma vitória incompleta. Para ele, era preciso que aos libertos fossem dadas oportunidades de trabalho remunerado e educação, sem as quais os negros apenas trocariam o cativeiro pela miséria.

Além da universalização da educação básica, Rebouças sustentava que os ex-escravos deveriam receber terras para cultivar. Segundo o engenheiro, tais medidas não apenas garantiriam o sustento dos negros como também contribuiriam para o desenvolvimento do país. Para ele, se a educação formava o homem, o trabalho dignificava, independentemente de sua cor, como sua própria trajetória demonstrava. E o latifúndio, tanto quanto o cativeiro, era sinal de atraso. Não se alcançaria o desenvolvimento, portanto, sem uma reforma agrária ordeira e pacífica.

Interessante de que estamos em um ano de eleições e mais uma vez a falta de projeto político leva o Movimento Negro a ter interesses pessoais pautados nos interesses partidários, e alguns membros chegam mesmo a acreditar que a participação nas formas de poder instauradas são caminhos de mudanças radicais para a maioria da população. O mais incrível são os discursos apresentados de defesa dos partidos políticos e suas propostas para resolver os problemas nacionais. O fator mais interessante é de que as “esquerdas” não se entendem. Ser negro do PT, PC do B, PPS, PDT, PSTU, PCO significa tratar o outro negro como inimigo e ter o branco como o seu maior aliado. Os negros dos partidos da direita são os mais submissos e serviçais e acreditam piamente na democracia racial brasileira.

As divisões partidárias não permitem a criação de um projeto nacional, porque os negros e negras filiados aos partidos devem obrigação as suas tendências políticas e não ao crescimento da solidariedade panafricana. A desigualdade racial no Brasil continua devido a falta de organização política do Movimento Negro, da comunidade negra, de não acreditarmos na nossa capacidades de mudança. O problema fundamental é ainda esperar que os descendentes dos senhores e capatazes nos digam o que fazer e como agir.

Não há liderança negra no Brasil. As discussões sobre os problemas raciais não chegam aos guetos, as favelas, aos chamados bairros de periferias, as igrejas, terreiros... Não chega a minha rua. Já chegou a sua? Não há um projeto político do Movimento Negro e ai está a sua fraqueza.

Observo com interesse os chamados encontros de políticos de chapas representativas com os negros dos partidos, onde vão ouvir as reivindicações do grupo. Interessante seria que os negros dos partidos tivessem mobilização para discutir com todos os membros dos partidos a questão racial, porque o racismo não afeta somente os negros, afeta a sociedade e pessoas, seres humanos praticam e sofrem dessa mazela. O racismo é um problema de todo o brasileiro, onde a vítima é o negro.

Leiam abaixo o texto de Mario Maestri Filho. Maestri discorda das análises do Movimento Negro. Leia o texto e tire as suas conclusões:

13 DE MAIO
A ÚNICA REVOLUÇÃO SOCIAL VITORIOSA NO BRASIL


Nesse 13 de maio, cumpre-se sem glória mais um natalício do fim da escravatura no Brasil, uma das primeiras nações americanas a instituir e a última a abolir a escravidão. Dos 505 anos de história brasileira, mais de 350 passaram-se sob o látego negreiro. Apesar da superação do escravismo constituir o mais significativo acontecimento de passado nacional, o aniversário da Abolição transcorrerá, outra vez, semi-esquecido.

A Abolição já foi data nacional magna, festivamente relembrada e rememorada. Nos últimos anos, profundamente questionada, organizou-se verdadeira conspiração de silêncio em torno dela. Paradoxalmente, a operação recebe o apoio do movimento negro brasileiro que, ao contrário, deveria desdobrar-se na celebração do 13 de Maio e na discussão de seu significado histórico, destruindo as interpretações apologéticas sobre ele.

O caráter cordial, transigente e pacífico do brasileiro já foi um dos grandes mitos nacionais. A abolição da escravatura foi apresentada como prova dessa pretensa realidade. No exterior, o fim da instituição motivara lutas fratricidas. A guerra de Secessão causou quinhentas mil vítimas nos USA. No Haiti, em 1804, a destruição da ordem negreira exigiu a mais violentas guerra social do continente.

No Brasil, a transição teria se efetuado sem violências devido a instituições sensíveis ao progresso dos tempos, a líderes esclarecidos e à humanitária alma popular. Neste cenário de paz e concórdia, brilharia a figura humana de Isabel – a Redentora. Apiedada com o sofrimento dos negros e despreocupada com a sorte do seu trono, ela assinou com caneta de ouro o diploma que pôs fim ao cativeiro.
Em 13 de maio de 1888, começaria a construção de sociedade fraterna e desprovida de barreiras sociais ou raciais intransponíveis. As desigualdades existentes dever-se-iam a deficiências não essenciais da civilização brasileira, enraizada em uma concórdia estrutural entre ricos e pobres, brancos e negros. Ao menos, era o que se dizia.

Pátria incruenta
Acontecimentos pátrios de impar importância, a Independência, a República e a Abolição teriam como denominador comum o caráter essencialmente pacífico da civilização brasileira. Apresentava-se igualmente a essência patriarcal da ordem escravista como corolário da natureza magnânima do homem brasileiro, que quebrantava qualquer confronto de raça, credo e classe.

Com a queda da ditadura militar e a redemocratização, em 1985, a crescente organização popular e o surgimento de entidades negras combativas criaram as condições para desnudar a triste realidade subjacente ao discurso da democracia racial e da fraternidade brasileira. As narrativas laudatórias sobre a Abolição, sobre a escravidão e sobre o caráter democrático de sociedade nacional trincavam-se contra a triste realidade contemporânea.

Em fins dos anos setenta, diante dos olhos mais míopes, desnudava-se situação onde o povo negro constituía a parcela mais sofrida de uma população crescentemente explorada. Revelava-se para os que não se negavam a ver sociedade singularmente violenta onde a pele escura dificultava a conquista do trabalho e facilitava o acesso à prisão, se não ao necrotério.

Desde os anos sessenta, as descrições fantasiosas sobre o passado do Brasil eram refutadas por cientistas sociais como Florestan Fernandes, Octávio Ianni, Fernando Henrique Cardoso, etc. que empreenderam análises mais objetivas, sobretudo da segunda metade do século 19. Porém, em geral, esses autores refutavam o significado histórico do 13 de Maio ao referirem-se à escravidão. Apontavam a inusitada violência do escravismo brasileiro mas definiram a sua superação como um “negócio de brancos”, onde os cativos, principais interessados, não teriam tido papel significativo ou ganhos substanciais naquela superação.

Em fins dos anos setenta, o movimento negro retomou acriticamente essa tese, com o objetivo de melhor denunciar a situação econômica e social da população afro-descendente. Para desqualificar a Abolição, ressaltou-se que se efetuara sem a indenização pecuniária ou fundiária. Que o movimento abolicionista buscava, libertando os cativos, prover-se de mão-de-obra barata. Que após a Abolição, as condições de existência das massas negras teriam talvez piorado, tese defendida, por Gilberto Freyre, sobretudo em Sobrados e mucambos, de 1936.

Para melhor criticar os mitos da emancipação do povo negro em 1888 e da ação magnânima da Regente Imperial, o movimento negro propôs a abominação do 13 de Maio e a celebração do 20 de Novembro como dia nacional da consciência negra no Brasil. Naquela data, em 1695, morria Zumbi, o último chefe da confederação dos quilombos de Palmares.

Encobrindo o passado
Apesar de bem-intencionadas, essas leituras consolidaram as interpretações caricaturais e paternalistas do 13 de Maio, dos ideólogos das classes proprietárias, que procuravam escamotear o sentido e a essência de sucessos nascidos do esforço das massas escravizadas aliadas aos setores abolicionistas radicalizados. Assentou-se assim a última pedra na construção do esquecimento do mais importante acontecimento histórico brasileiro – a revolução abolicionista de 1887-8.

O movimento negro organizado esquecia que celebrar a Abolição não significa reafirmar os mitos da emancipação social do povo negro em 1888 ou de Isabel como promotora da emancipação. Ignorava que comemorar o fim da escravidão significa recuperar a importância da superação do escravismo, através de frente política pluriclassitas, e do protagonismo dos cativos nesses fatos e no passado do Brasil.
Em forma alienada e imperfeita, as comunidades negras sempre intuíram a importância histórica da libertação, em 1888. Apenas nos últimos anos essa consciência diluiu-se devido ao proselitismo anti-Abolição, verdadeira invenção da tradição que resulta em grave perda da memória histórica das classes trabalhadoras e oprimidas, em geral, e afro-descendentes, em particular.

Foi o profundo impacto da Libertação, em 1888, na consciência e na vida dos cativos e libertos que levou o povo negro a rememorar, com tanto carinho, por um século, o 13 de Maio, e festejou, imerecidamente, com devoção, a escravista Isabel de Bragança, herdeira da casa de Bragança, um dos grandes responsáveis pela manutenção do cativeiro no Brasil quase até o século 20.

Em inícios de 1980, Mariano Pereira dos Santos, centenário ex-cativo, apesar de ter vivido como homem livre na profunda miséria, afirmava comovido, semanas antes de morrer, que após a “Libertação”, o povo negro vivera “na glória”. Maria Benedita da Rocha, uma outra ex-cativa, também centenária, referiu-se, arrebatada ao anúncio do fim do cativeiro na sua fazenda. Através do Brasil, nas cidades e campos, em 13 de maio de 1888, os tambores e atabaques ressoaram poderosos ferindo em derradeira vendeta os tímpanos dos negreiros derrotados.

O dia da libertação
A visão do 13 de Maio, pelo povo negro, como concessão da Redentora, não pode ser explicada apenas como resultado da propaganda das classes proprietárias. Constitui a cristalização, alienada e determinada pela ideologia dominante, na consciência popular, de acontecimento de profundo sentido histórico para as classes trabalhadoras escravizadas e toda a nacionalidade brasileira. Ou seja, operação para diluir a memória do protagonismo dos trabalhadores escravizados em acontecimento único no nosso passado.

Não há sentido em antepor Palmares ao 13 de Maio. Apesar de saga luminar, Palmares teve menor significado histórico que a Abolição. Por mais heróica que tenha sido, a epopéia palmarina jamais propôs, e historicamente não poderia ter proposto, a destruição da instituição servil como um todo. Palmares resistiu por quase um século, determinou a história do Brasil, mas foi derrotado. A revolução abolicionista foi vitoriosa e pôs fim ao escravismo, ainda que tardiamente.
Desconhecer o sentido revolucionário da Abolição é olvidar a essência escravista de dois terços de passado brasileiro e o caráter singular da gênese do Brasil contemporâneo, através da destruição do modo de produção escravista colonial. Tal desconhecimento ignora a contradição essencial que regeu por mais de trezentos anos o passado brasileiro – escravizadores contra trabalhadores escravizados – e consolida a falsa visão do cativo como categoria social que jamais alcançou a ser protagonista da história.

Nos anos 1950, autores como Clóvis Moura e Benjamin Péret produziram importantes leituras sobre o agir dos trabalhadores escravizados no Brasil. Nos anos sessenta, Emília Viotti da Costa, Stanley Stein, etc. avançaram significativamente o conhecimento essencial da escravidão. Nas duas décadas seguintes, foram produzidos numerosos trabalhos sobre a sociedade, economia e as formas sui-generis de resistência do cativo, destacando-se entre eles a apresentação em O escravismo colonial por Jacob Gorender do escravismo colonial como modo-de-produção historicamente novo.

Nesses anos, estudos como o hoje já clássico Os últimos anos da escravidão no Brasil, de Robert Conrad, apresentaram a Abolição, em seu tempo conjuntural, como o resultado da insurreição incruenta dos escravos cafeicultores que, nos últimos meses do cativeiro, abandonaram maciçamente as fazendas, reivindicando relações contratuais de trabalho. Tais estudos desvelaram parcialmente a extrema tensão política e social sob a qual o movimento abolicionista radicalizado alcançou a vitória, em 1888, em estreita ligação com a massa escravizada, principal protagonista dessas jornadas.

Instituição terminal
Em 13 de maio de 1888, a herdeira imperial nada mais fez do que, após o projeto abolicionista ter sido aprovado no parlamento pelos representantes dos grandes proprietários, sancionar a Lei Áurea, assinando o atestado de óbito de instituição nos estertores finais devido a sua desorganização pela fuga dos cativos. Durante todo o Primeiro e o Segundo Reinados, os Braganças haviam defendido com unhas e dentes a escravidão, conscientes da aliança que os unia umbilicalmente à classe dos escravistas.

Nos últimos meses da escravidão, os mais renitentes negreiros reconheciam já inevitabilidade do fim da instituição. Defendendo até o último momento o cativeiro, pretendiam apenas criar as melhores condições para reivindicar indenização pela propriedade libertada. Foi devido a essa reivindicação que o ministro republicano Rui Barbosa ordenou a queima dos registros de posse de cativos, pois, sem prova legal, não havia possibilidade de indenização.

Foi igualmente a ação estrutural das massas escravizadas, durante os três séculos de cativeiro, que construiu as condições que ensejaram, mais tarde, a destruição da servidão. Sobretudo a rejeição permanente do cativo ao trabalho feitorizado impôs limites insuperáveis ao desenvolvimento tecnológico da produção escravista, determinando altos gastos de vigilância e de coerção ao regime negreiro que abriram espaços para formas e modos de produção historicamente superiores.

Em 1888, a revolução abolicionista destruiu o modo de produção escravista colonial que, por mais de trezentos anos, ordenara a sociedade no Brasil. Negar estas realidades devido às condições econômicas, passadas ou atuais, da população negra, é compreender a história com preconceitos simplistas, moralizadores e, sobretudo, não históricos. Os limites da Abolição eram objetivos. Nos últimos anos da escravidão, a classe escrava era categoria social em declínio que lutava sobretudo pela conquista dos direitos cidadãos mínimos. Foi a reivindicação da liberdade civil que uniu a luta dos cativos rurais à dos cativos urbanos, então pouco representativos.

Apenas a liberdade
Não procede a proposta que a Abolição não teve conteúdo porque os escravistas não indenizaram os cativos. A estrutura latifundiária das plantações escravistas, a pouca difusão de hortas servis e a liberdade civil como reivindicação central já dificultavam movimento pela distribuição de terras, que exigiria união de cativos, caboclos, posseiros, colonos sem terra, etc., praticamente impossível de ser então concretizado, devido sobretudo ao baixo nível de consciência e organização e à elevada heterogeneidade e dispersão geográfica das classes trabalhadoras rurais. Porém, tal medida foi defendida por setores do movimento abolicionista.

Na limitação das conquistas obtidas quando da Abolição pesou também a verdadeira contra-revolução empreendida pelos grandes proprietários, através do golpe republicano, oligárquico e federalista, imposta em 15 de novembro de 1889, que pôs fim ao movimento abolicionista como projeto reformista nacional. Os limites históricos da Abolição não devem minimizar a importância da conquista dos direitos políticos e civis mínimos para aproximadamente setecentos mil homens, mulheres, jovens e crianças ainda registrados como escravos ou ventre-livres. Com o 13 de Maio, superava-se a distinção entre trabalhadores livres e escravizados, iniciando-se a história da classe operária brasileira como a compreendemos hoje.

Nos anos 90, a derrota histórica do mundo trabalho diante do capital e a euforia neoliberal que apenas hoje perde ímpeto determinaram os destinos gerais da historiografia. No Brasil como alhures, em tempos de Nova História, os holofotes da mídia, o interesse das editoras, o bon ton historiográfico passaram a recomendar temas e estudos monográficos, intimistas, biográficos ou exóticos, tranqüilizadores das consciências e pacificadores dos espíritos. Da ciência que procurava libertar, a história evoluiu à arte de entreter.

Nesse contexto, decaiu o interesse e os incentivos, diretos ou indiretos, para a pesquisa sobre a história das classes subalternizadas e para os estudos analíticos sobre o passado brasileiro. Apequenaram-se os estudos sobre as classes trabalhadoras urbanas, o movimento camponês, os fenômenos essenciais da sociedade humana. Diminuíram sensivelmente as pesquisas sobre a escravidão colonial brasileira que retomaram e refinaram as teses da escravidão benigna e consensual defendidas com singular inteligência e cabotinismo e por Gilberto Freyre.

A história é processo objetivo e complexo, apenas em geral ascendente, onde as conquistas sociais de ontem, parciais e contraditórias, possibilitam conquistas mais substanciais no presente, como podem, igualmente, dar lugar a recuos históricos da marcha civilizacional, que ensejam, necessariamente, o obscurecimento da compreensão do presente e do passado.

A revolução abolicionista foi o primeiro grande movimento de massas moderno, promovido sobretudo pelos trabalhadores escravizados, em aliança com libertos, trabalhadores livres, segmentos médios e alguns poucos proprietários. Até agora, constituiu a única revolução social vitoriosa do Brasil. Resgatando seu sentido e desvelando sua história, prosseguiremos mais facilmente no sentido apontado pelos trabalhadores escravizados que ousaram abandonar as senzalas para pôr fim à ordem negreira, no não tão longínquo ano de 1888.

http://www.espacoacademico.com.br/049/49maestri.htm

domingo, 2 de maio de 2010

PEDOFOLIA NAS IGREJAS CRISTÃS – PEDOFOLIA NO BRASIL, EUA E ÁFRICA.




Por Walter Passos, Historiador,Panafricanista, Afrocentrista e Teólogo.
Pseudônimo: Kefing Foluke.
E-mail: walterpassos21@yahoo.com.br
Msn:kefingfoluke1@hotmail.com
Skype: lindoebano


No ano passado recebi um e-mail de um ex-colega de Seminário Presbiteriano de Campinas-SP indignado com a possível pedofolia praticada pelo Grupo muçulmano Hamas. Vi as fotos e fui pesquisar na rede e encontrei diversas matérias que corroboravam com o fato por ele apresentado, e ao mesmo tempo artigos que questionavam a veracidade do ocorrido. A Palestina é uma região crítica e a guerra das informações é fundamental. A foto é a suposta comprovação:
Os cristãos aproveitaram o ocorrido e acusaram membros de Hamas de pedofilia, ao casarem com meninas expostas na foto. Logo surgiu outra versão que as meninas eram damas de honras e as noivas foram viúvas de guerras.

http://www.paltelegraph.com/palestine/gaza-strip/1319-hamas-holds-collective-marriage-ceremony

Nada foi comprovado desta suposta pedofolia e a mídia cristã calou-se depois de tanto estalhardaço. É bom ressaltar que a pederastia pode ser praticada por heterossexuais, bissexuais e homossexuais. Na suposta falsa acusação ao Hamas a prática de pedofolia foi de adultos heteros e meninas.

Na investigação do homicídio do supremacista branco, Eugene Terre'Blanche líder da Afrikaner Resistance Movement (AWB), na África do Sul, o qual foi encontrado com as calças arriadas,as mais novas informações de que o crime poderá ter sido uma resposta a uma tentativa de abuso sexual. Já havia acusações de prática da pedofolia contra a vítima, e conforme as investigações policiais, ele tentou abusar dos acusados, entre eles, um menor de 15 anos de idade, havendo reação o que culminou com o assassinato.

http://blog.ctnews.com/evans/2010/04/12/was-white-supremacist-eugene-terreblanche-closet-gay/

Ultimamente, os meios de comunicação denunciam a prática de pedofolia de sacerdotes católicos romanos em diversos países, o papa e lideranças têm tentado explicar o inexplicável, o porque de tantos fatos, inclusive entre eles afirmaram que o diabo mora no Vaticano.

O crime de pedofolia é praticado por membros de outras religiões, inclusive pastores em diversas igrejas. A importância e a universalidade da Igreja Católica Romana, e as denúncias que surgem a todo o momento de crimes de pedofolia, o catolicismo se tonou a bola da vez.

A pedofolia não é desconhecida por membros do clero. No Brasil, pais de formação católica, desde os primórdios de sua colonização há muitos casos de padres pedófilos, que usavam sexualmente escravizados e escravizadas para os seus deleites sexuais.

Nos relatos de Gilberto Freire, encontramos várias práticas de pedofolia praticados pelos senhores de engenhos e seus filhos, e também pelas sinhás:

Não são dois nem três casos de crueldade de senhoras de engenho contra escravos inermes. Sinhás-moças que mandavam arrancar os olhos de mucamas bonitas e trazê-los à presença dos maridos, à hora da sobremesa, dentro da compoteira de doce e boiando em sangue ainda fresco. Baronesas já de idade que por ciúme ou despeito mandavam vender mulatinhas de quinze anos a velhos libertinos; ou mandavam-lhes cortar os peitos, arrancar as unhas, queimar a cara ou as orelhas.

A homoafetividade é estudada pelo antropólogo Luiz Mott, ex-dominicano e fundador do Grupo Gay da Bahia, ele relata diversos casos de homossexualidade no catolicismo, conhecidos por ”vícios dos clérigos” e atos de pederastia de padres no período colonial. Abaixo, vou citar alguns textos escritos por Mott:

“Não obstante os anátemas e a perseguição do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição contra “o abominável e nefando pecado e crime de sodomia”, também em Portugal e suas colônias, padres e frades constituiram 1/3 dos fanchonos e sodomitas denunciados, presos e sentenciados pelo “Monstrum Horribilem”, merecidamente chamado então de “vicio dos clérigos”. Alguns destes religiosos revelando grande desenvoltura e persistência no “mau pecado”. 1898: T.O., “monge beneditino, branco, de grande erudição intelectual, verdadeira glória do clero brasileiro, que no púlpito sobretudo, firmou as bases do seu levantado talento, colhendo imarcescíveis louros de triunfo, neste doente, o vício pederástico degenerou em verdadeira moléstia e imenso acentuou-se nas campanhas do Paraguai, por forma a não respeitar nem elevadas patentes militares em suas carreiras impudicas. Todavia, ainda hoje, conta-se, que poucos não são os bambinos e ragazzos que no altar de sua atividade lúbrica, prestam-se reverentes em obediência aos enleios de estremecimentos estáticos aspergidos com o orvalho da volúpia”
http://luiz-mott.blogspot.com/2006/08/igreja-e-homossexualidade-no-brasil.html

No que tange ao discurso católico de purgar estas práticas dentro do clero, raras punições ocorreram, abaixo o relato de uma delas:
Nome:
Frutuoso Alvarez

Nacionalidade: portuguesa
Profissão:
pároco

Cidade:
Nossa Senhora da Piedade de Matoim, Bahia de Todos os Santos

Acusação:
atentado violento ao pudor

Descrição:
por volta de 1576, segundo o relatório do Tribunal do Santo Ofício, cometeu “tocamentos desonestos com algumas 40 pessoas”. As vítimas eram homens, a maior parte com menos de 18 anos. O documento descreve o que ele fazia com os meninos: “cometimentos, alguns pelo vaso traseiro, (...) alguns sendo ele o agente, e consentindo que eles o cometessem a ele no seu vaso traseiro, sendo ele o paciente”.
Veredicto: numa rara punição, o padre Frutuoso Alvarez teve suas ordens eclesiásticas suspensas.

Leia Mais - http://historia.abril.com.br/religiao/celibato-crime-padre-amante-434601.shtml

Há inúmeros casos de vítimas da pedofolia dentro da comunidade negra e torna-se necessário de que as organizações negras comecem a se preocupar com estas vítimas. Inclusive a Igreja Africana, que tinha uma população da África Católica de cerca de dois milhões em 1990 para cerca de 140 milhões em 2000, relata fatos graves de pedofolia:

IGREJA AFRICANA NÃO ESCAPA DOS ESCÂNDALOS DE PEDOFILIA


AFP - Agence France-Presse Publicação: 07/04/2010 15:35

A Igreja católica africana não escapa dos escândalos de pedofilia, declarou o chefe da Conferência Episcopal da África Austral, Buti Tlhagale, segundo uma homilia difundida nesta quarta-feira em Johannesburgo. "Sei que a Igreja da África sofre dos mesmos males", declarou o arcebispo de Johannesburgo, ao se referir aos "escândalos doloroso da Igreja da Irlanda ou da Alemanha". "A má conduta dos sacerdotes africanos não foi exposta pela mídia com a mesma visibilidade que no resto do mundo", destacou Tlhagale. A Igreja católica está sendo atingida nas últimas semanas por uma série de escândalos envolvendo pedofilia que atingiram inclusive o controvertido Papa Bento XVI, acusado de ter encoberto esses abusos quando era arcebispo de Munique e chefe da Congregação para a Doutrina da Fé. "Muitos dos que consideram os sacerdotes como modelos se sentem traídos, envergonhados e decepcionados", afirmou Tlhagale, ao reconhecer que esses escândalos foram mal administrados pelo clero. "A imagem da Igreja católica está em ruínas (...) Como líderes da Igreja fomos incapazes de criticar o comportamento imoral dos membros de nossas respectivas comunidades", acrescentou. "Estamos paralisados". A Conferência Episcopal África Austral (África do Sul, Botsuana e Suazilândia) estabeleceu, por sua parte, em 1996, um "Protocolo" que define um procedimento em caso de queixas de abuso sexual contra menores cometidos por um membro do clero. Ele precisou que seu site (www.sacbc.org.za) recebeu 40 queixas deste tipo desde 1996, a maioria casos ocorridos há muitos anos. http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/04/07/noticia_internacional,i=154658/IGREJA+AFRICANA+NAO+ESCAPA+DOS+ESCANDALOS+DE+PEDOFILIA.shtml O Arcebispo de Joanesburgo Buti Tlhagale também disse que o dano enfraqueceu a capacidade da Igreja para falar com autoridade moral na África, onde ele às vezes tem sido uma voz rara desafiando a ditadura, a corrupção e abuso de poder.

"Isso significa simplesmente que o mau comportamento de padres em África não tenha sido exposto à claridade mesmo dos meios de comunicação como em outras partes do mundo." Cerca de 40 denúncias de abusos foram recebidas pela Conferência Nacional dos Bispos Católicos Africanos “Mais de metade envolveu o abuso sexual de adolescentes. O celibato é desaprovado em algumas sociedades tradicionais Africanas e tem havido relatos de padres terem amantes e ter filhos em diversas partes da África. A reputação da Igreja na África está longe de ser irrepreensível - os padres foram acusados de ajudar o genocídio de Ruanda, e os ativistas da SIDA desafiar a sua oposição ao uso do preservativo no continente mais atingido do mundo.

As igrejas se transformaram em mercados. As mesas de comunhão e a reverência foram destruídas, o Santíssimo é profanado. Buti Tlhagale

No Brasil diversos pastores são acusados de pedofolia e como exemplos, alguns noticiários:

POLÍCIA PROCURA PASTOR ACUSADO DE PEDOFILIA

BLUMENAU - Até sexta-feira à noite, ninguém sabia onde estava o pastor Célio Voigt, 47 anos, suspeito de molestar um menino de 11 anos e uma menina de 10. O pastor da Igreja Presbiteriana Filadélfia, do Bairro da Velha, está foragido da Justiça desde a semana passada, quando um mandado de prisão preventiva foi expedido contra ele. O caso está sendo investigado pelo delegado Henrique Stodieck Neto, da Delegacia de Proteção à Mulher, Criança e ao Adolescente...


Pastor é preso acusado de pedofilia

SÃO LUÍS – Preso hoje em Carutapera um homem identificado como Pedro Paulo Costa, pastor da Igreja Assembléia de Deus da Amazônia.
Pedro Paulo Costa é acusado de abusar sexualmente de quatro crianças. As meninas têm 12, 11, 9 e 8 anos de idade.

Segundo informações, após o culto o pastor atraia para sua casa as meninas, que freqüentavam a igreja, e praticava sexo com elas. Pedro Paulo Costa prometia dinheiro e vantagens para as crianças a fim de atrai-las.


PASTOR É PRESO EM FLAGRANTE POR CORRUPÇÃO DE MENOR EM CANDEIAS
Redação CORREIO


Foi preso na última sexta-feira (30) um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, em flagrante, por corrupção de menor, no município de Candeias.
Alex Santos Gouveia, de 31 anos, estava no carro com uma adolescente de 13 anos, estacionado no acostamento da estrada que dá acesso à cidade, próximo ao Posto Rodoviário Estadual, no bairro Mamão, quando policiais abordaram o pastor. Alex continua preso e a Delegacia de Candeias não possui informações sobre a adolescente.

Um pastor evangélico foi preso em flagrante, em Rubim, Vale do Jequitinhonha, por abusar de um adolescente de quatorze anos. Segundo a PM, que recebeu a denúncia da mãe do garoto, os dois estavam nus no meio de um matagal, pra onde foram na caminhonete do religioso. O menino teria confirmado que vinha mantendo relações sexuais com o pastor há dois meses, em troca de dinheiro e presentes.

SATANISMO - PEDOFILIA NA IGREJA EVANGÉLICA

O pastor Francisco Vicente Corrêa Filho, 57, é acusado de estuprar pelo menos dez meninas, com idades entre 10 anos e 13 anos. A mulher dele, Elizabeth Graff, 41, é apontada pela PF como colaboradora dos crimes e aliciadora das meninas.
Eles foram presos às 9h em casa, no bairro Ilha dos Valadares. No local, a PF encontrou revistas pornográficas e fotos de sexo explícito.
As vítimas relataram que Corrêa incorporava um anjo chamado de "executor" que o enfraquecia...

Pastor acusado de pedofilia causa debandada em igreja

Um tio do adolescente estima que pelo menos outras oito famílias tenham sido vítimas do pastor evangélico, pessoa considerada “acima de qualquer suspeita” pela comunidade.
As vítimas seriam do sexo masculino e estariam na faixa etária de 7 a 14 anos de idade.
O garoto de 14 anos, cuja mãe formalizou a denúncia, teria cartas com declarações de amor escritas pelo pastor.
Além dos presentes, o pastor passava na escola, uma instituição pública na Vila Jacy, para pegar o adolescente. Para levá-lo, ele mentia para a direção do estabelecimento que era pai do menino....

Rio: preso pastor foragido e acusado de pedofilia

Guimarães havia sido preso em flagrante no dia 11 de abril de 2008, quando estava com crianças dentro do carro em um terreno baldio, na cidade de Parnamirim. Em depoimento, as meninas disseram que mantinham relação sexual com o pastor. Ele fundou a Igreja Evangélica Pentecostal Ministério Porta Aberta há seis anos.

"Um fato interessante é que os pais das crianças autorizavam o pastor a pegar as meninas na casa delas. Ele andava com elas desde os 5 anos de idade", disse o delegado da Degepol do Rio Grande do Norte, Marcio Delgado.

Nos Estados Unidos da América a pedofolia atinge as igrejas negras, inclusive a igreja Batista de Birmingham considerada um santuário do Movimento dos Direitos que ganhou destaque nacional quando um ataque racista matou quatro meninas negras em 1963, teve seu ministro de música acusado de abuso sexual de crianças. O ministro de música Patrick Jerome Whitehead, foi preso sob a acusação de abuso sexual. O Pastor Arthur Jr., disse ter ficado "chocado" com as acusações e descrevendo Whitehead como alguém que "sempre se portava de forma exemplar".

O ministério COGIC trabalha contra abusos sexuais de clérigos:

COGIC denomination, sexual abuse, and ReportCogicAbuse.com


O abuso sexual de crianças é uma forma de abuso infantil em que um adulto ou adolescente usam uma criança para a estimulação sexual. Incluem pedir ou pressionar uma criança a participar em atividades sexuais (independentemente do resultado), exposição indecente dos órgãos genitais de uma criança, mostrando pornografia a uma criança, atual contato sexual contra uma criança, o contato físico com a criança, os genitais, a visualização de genitália da criança sem contato físico, ou usar uma criança para produzir pornografia infantil e a relação sexual. Dependendo da idade e tamanho da criança e do grau de força utilizada, o abuso sexual infantil pode causar lacerações internas e sangramento. Em casos graves, danos aos órgãos internos podem ocorrer que, em alguns casos, pode causar a morte. Abuso sexual pode causar infecções e doenças sexualmente transmissíveis. Dependendo da idade da criança, devido à falta de suficiente fluido vaginal, as chances de infecção são maiores. Vaginite também foi relatada, inclusive o estresse causado pelo abuso sexual, provoca mudanças notáveis no funcionamento do cérebro e do desenvolvimento da criança.

As crianças abusadas sexualmente sofrem de sintomas psicológicos mais do que as crianças que não tenham sido abusadas. O Abuso sexual pode resultar em curto prazo e longo prazo, seriíssimos danos, incluindo a psicopatologia na vida adulta. Os efeitos psicológicos, emocionais, físicos e os efeitos sociais incluem a depressão, post-stress traumático, ansiedade, transtornos alimentares, baixa auto-estima, dissociativos e transtornos de ansiedade, angústia e transtornos psicológicos gerais, tais como a somatização, a neurose, dores crônicas, comportamento sexualizado. Na escola problemas na aprendizagem e problemas de comportamento, incluindo o começo de uso de drogas, comportamento destrutivo, atendo como conseqüências possíveis criminalidade na idade adulta e o suicídio.

A prática da pedofolia tem que ser combatida veementemente e os pedofilos não possuem condições em viver em sociedade. Por que tantos atos de pedofolia? Por que pessoas que se dizem religiosas praticam esses atos abomináveis? O que a comunidade negra brasileira tem feito para alertar e combater esses atos de pedofolia?

O cristianismo seja católico ou protestante são co-participantes da escravização dos africanos e da perseguição das culturas africanas e indígenas nas Américas. A catequização e a evangelização demonstram que o respeito as nossas comunidades não existiu porque foram e são comunidades exploradas. O crime de pedofolia por membros do cristianismo ou de qualquer outra religião tem que ser denunciados para a proteção das nossas crianças que são alvos preferenciais das catequeses e da evangelização. Denuncie os pedófilos, independente de qual seja a prática religiosa.


"Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as repreendiam. Yahoshua, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará." (Lucas 18,15-17)

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